topo_M_Jose_prata_Ivanir_Alves_Corgozinho_n

SEÇÕES

Fernando Perdigão: Sobre arte, cultura e pertencimento. Vivo Contagem… Viva Contagem!

Vivo Contagem… Viva Contagem!

Para falar desse importante assunto, preciso contextualizar um pouco. Comecei a trabalhar em Contagem em 1992. Professor de artes concursado na Rede Municipal de Educação, estive na docência direta de 1992 a 1994, quando num processo seletivo interno da Seduc passei a integrar a equipe multisetorial de cultura, instalada na Casa da Cultura Nair Mendes Moreira, que formulou o primeiro Plano de Ação Cultural de Contagem, para o biênio 1995/1996. Natural de Ouro Preto, naquela época, vivia em BH. Conhecia quase nada de Contagem e minha visão sobre a cidade ainda estava nublada pela lembrança da fumaça branca da Fábrica de Cimentos Itaú. Nem de longe imaginava que Contagem era uma cidade tricentenária, com fortes referências na cultura “colonial”, muito menos que a questão industrial compõe parte desse poderoso acervo de memória e identidade de Contagem.

Nesses 28 anos de dedicação à Cultura de Contagem, participei da constituição de nosso Órgão Institucional de Cultura, da criação e implantação do Centro Cultural e da implementação das políticas culturais na Cidade, passando pela Fundac até chegar a atual Secretaria Municipal de Cultura. Como artista visual, pintor de ofício, curador e coordenador de projetos ligados às artes na Prefeitura de Contagem, adquiri uma ampla experiência profissional e vivencial na cidade, aprofundada afetivamente depois que constituí família e passei a residir definitivamente por aqui.

Na minha produção pessoal de artista, a questão afetiva ocupa um “lugar” especial! Sempre me relacionei de maneira intensamente emocional com as artes, produzindo a partir de minha relação com os lugares, gentes e coisas.

Assim como na arte, tenho convicção que “pertencer” fortalece.

Se a gente tomar o exemplo da Semana da Arte de 1922, temos um caso claro: a retomada dos valores e características da cultura brasileira, dos Macunaímas e Mários, das Anitas e Tarsilas no caldeirão efervescente da antropofagia, defendendo e valorizando as coisas do Brasil em detrimento da cultura européia.

Vamos falar de Contagem, essa cidade potente e multifacetada, estabelecida nas adjacências de Belo Horizonte. Importante dizer que a ocupação por aqui começou bem antes do Curral Del Rey.  Mas enfim, fazemos parte da Grande BH, muita gente daqui trabalha lá e muita gente de lá trabalha aqui. Sim, a identidade cultural da Capital é absolutamente disseminada por aqui, por muitas razões: físicas, econômicas, geográficas, socias, logísticas… Mas Contagem é uma cidade autônoma e tem uma cultura peculiar.

Ao longo de todos esses anos de trabalho e experiência, tenho observado que projetos e programas que estimulam, fomentam e valorizam o sentido de pertencimento têm resultados muito positivos. Me recordo em 1999, logo depois de inaugurado o Centro Cultural, realizamos o primeiro evento “Pintando Contagem”, em que estudantes das escolas municipais foram convidados para retratar por meio do desenho, o conjunto de casarões da Rua Dr. Cassiano. Foi uma experiência mágica, resumida no título da matéria publicada no jornal Estado de Minas na época: “Pintou um sentimento”!

O Programa de Educação Patrimonial Por Dentro da História, que entre outras ações resultou na criação da Turma do Contagito, em 2005, é um outro exemplo de estímulo ao pertencer. Podemos citar também como contribuição importante deste programa, as revistas Por Dentro da História (hospedadas no Portal da Prefeitura) , cujas publicações sempre abriram espaço para a memória, cultura, arte e patrimônio, com a participação de educadores, pesquisadores e outros cidadãos colaboradores.

Como artista tenho feito pinturas referenciadas na paisagem e conceitos ligados ao município. O resultado deste “envolvimento afetivo” é a resposta sempre carinhosa da população. Em 2014 realizei a exposição 2XContagem (com Hyvanildo Leite) na Galeria do Centro Cultural e vendi todos os 17 trabalhos expostos, na minha primeira mostra inteiramente dedicada a representação de Contagem. Em 2017 pintei o painel Contagem no tempo, AST de 520×190 cm, que está instalado no Gabinete da Prefeita Marília Campos. Esta imagem aparece com frequência ao fundo das suas comunicações institucionais, se firmando no imaginário popular como uma das referências identitárias de Contagem. Recentemente Marília entregou uma gravura réplica deste painel ao presidente Lula em sua visita a Contagem. Isso me deixou muito feliz e grato.

Enfim, fechando este artigo quero reafirmar a importância de Marília e sua relação com a cidade de Contagem. Desde seu primeiro mandato, sua política e administração carregam sua marca de identificação com a cidade e o grande estímulo ao PERTENCER: a valorização do meio ambiente, a criação e manutenção de praças, parques e espaços de convivência urbana e social, a valorização da arte e da cultura. Marília sabe e entende, porque vive Contagem, afinal, mesmo enquanto esteve no legislativo estadual, continuou residindo e frequentando a vida social de nossa cidade. Por isso conhece bem Contagem e a população confia e admira tanto sua pessoa e trabalho. Seu compromisso assumido na campanha, em reuniões setoriais de cultura, tem sido cumprido com louvor. Pra citar algumas ações importantes temos um investimento cada vez maior na política dos editais públicos de cultura e fortalecimento do FMIC – sete editais no ano passado e quatro em andamento este ano, a restauração da Casa dos Cacos, que deverá ser entregue em agosto, a restauração da Casa da Cultura, já concluída e em funcionamento, e em breve o pleno funcionamento do Centro de Memória do Trabalhador da indústria de Contagem (antiga fábrica da Lafersa), com uma intensa e extensa programação cultural viabilizada por meio de edital de seleção de OSC gestora. Isso sem falar nos eventos culturais que estão acontecendo com incríivel frequência e qualidade por todas as Regionais, em parques, ruas e praças da cidade.

E para finalizar, podemos fazer a mesma analogia com Lula em relação ao Brasil. Se tem uma coisa que Lula faz muito bem é a identificação com a pura cultura popular do Brasil, especialmente a cultura nordestina, suas gentes e costumes, valorizando a nossa arte e artistas.

O caminho está apontado e a direção é LULA…LÁ e MARÍLIA…CÁ!

VIVO CONTAGEM… VIVA CONTAAGEM!

Fernando Perdigão é Servidor público na Prefeitura de Contagem, artista visual, curador, gestor, produtor e cultural.

Outras notícias