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Bernardo Gomes: Por um novo pacto civil-democrático

As eleições nacionais de 2022 serão um levante do poder civil democrático contra o fascismo militar

Garantir a realização das eleições de 2022 se transformou em tarefa urgente do conjunto da sociedade brasileira e de suas instituições, tendo em vista os reiterados ataques do Presidente da República ao processo eleitoral endossado pelo seu Ministro da Defesa, chefe das três armas.

Fato é que os militares dia após dia demonstram estar ao lado de Jair Bolsonaro na missão antipatriótica de desacreditar das eleições, questionando as urnas eletrônicas e querendo interferir junto ao Tribunal Superior Eleitoral na fiscalização do pleito. Caminho tortuoso, mas não inédito, trilhado pelos militares que insistem em tutelar o poder civil como se estivessem acima da Constituição da República.

Após a redemocratização do Brasil os militares ficaram alguns anos longe do poder, cumprindo o que deveria ser a sua missão constitucional, ou seja, defesa da soberania nacional, do território e das nossas riquezas naturais. Talvez essas atividades estivessem de certa forma monótonas e as forças armadas começaram a somar o coro da antipolítica para derrubar o governo de Dilma Rousseff e logo retomaram ao poder no governo Temer, inclusive com uma intervenção militar no Governo do Rio de Janeiro.

Autorizados pela população que pedia volta da ditadura militar nos protestos que derrubaram Dilma Rousseff, os militares precisavam de uma via civil para assaltar de vez o poder e foi no ex-capitão Bolsonaro com seu discurso fascista e populista que encontraram a oportunidade perfeita para que um governo militar pudesse ascender através da via democrática.

Uma vez instalado, o governo Bolsonaro possui o maior número de militares em cargos de primeiro e segundo escalão da história da República, superando até mesmo períodos da ditadura militar. É inegável, não só a participação, mas também o comando do poder militar nesse governo. Além disso, os militares encarnaram o fascismo bolsonarista e as mais ilógicas teorias anticomunistas, de deixar de cabelo em pé os saudosos da Guerra Fria.

Toda essa querela anticomunista não passa de justificativa para aquilo que os militares gostam bastante e foi reportado inúmeras vezes pela mídia brasileira: a mamata. Licitações das mais nobres carnes e bebidas para as forças armadas, enquanto 33 milhões de brasileiros e brasileiras passam fome disputando a fila do osso. Além disso, 2,3 mil militares se encontram com algum tipo de irregularidade ocupando cargos na administração federal, acumulando vantagens indevidas e recebendo acima do teto constitucional.

Se já não bastasse a farra dos salários e penduricalhos, é de deixar qualquer um revoltado a notícia de que as forças armadas estariam adquirindo viagra, bombas penianas e demais acessórios para fazer a pipa do vovô voltar a subir, tudo isso com dinheiro público as custas do contribuinte.

É da mamata que eles gostam, enquanto Bolsonaro desregulamenta o mercado de armas de fogo e o exército diz que não é possível rastrear e controlar o quantitativo bélico que circula no país. Armas e mais armas legalizadas que vão parar nas mãos do crime organizado e das milícias.

Pois bem, se os militares se encontram tão à vontade nesse governo fascista, são também responsáveis por toda desgraça que assola o nosso povo, para começar pelo entreguismo vira-latas das nossas riquezas naturais, venda do sistema Eletrobras, fatiamento da Petrobras e entrega da BR Distribuidora, além do alinhamento a política externa norte-americana. Medidas essas que impõe uma inflação galopante com aumento no preço dos combustíveis e da energia impactando toda cadeia produtiva do país.

E o que falar da produção de cloroquina durante a pandemia pelos laboratórios do Exército, enquanto milhares de brasileiros perdiam suas vidas para o covid-19 e o Presidente da República desdenhava da doença desconhecida atrasando a compra das vacinas, o Exército produzia milhões de comprimidos de um remédio comprovadamente ineficaz no combate a pandemia, resta saber a qual custo $$$.

Agora que as eleições nacionais se aproximam, Bolsonaro sabe que poderá perder e os militares sabem que poderá acabar a mamata, por isso atacam com tanta virulência a democracia e as instituições da República. Incitam o ódio e a violência em seus comandados a ponto de ataques começarem a ocorrer com mortos e feridos pelo território nacional.

A alternativa que se apresenta contra a barbárie militar fascista, segundo as pesquisas de opinião, é o ex-presidente Lula que lidera todos os cenários e possui chances reais de vencer as eleições já no primeiro turno.

Cabe as forças políticas democráticas um levante do poder civil, primeiro para garantir que as eleições aconteçam de forma transparente, limpa e ordeira através das urnas eletrônicas já testadas e comprovada a sua segurança pelos órgãos de controle responsáveis. Não cabe as forças armadas discutirem eleições e muito menos ameaçarem o processo eleitoral, sob pena de crime de alta traição nacional.

Segundo, é preciso reeditar o pacto civil-democrático que possibilitou a derrota da ditadura militar e a promulgação da Constituição de 1988. Direita, centro e esquerda devem se unir na tarefa de respeitar a Constituição, o processo eleitoral e garantir a posse dos eleitos. É urgente a retomada do poder pelas forças civis em uma grande frente ampla política e social tendo em Lula hoje a esperança de um Brasil novamente democrático, soberano e desenvolvido.

Bernardo Gomes de Souza Teixeira é assessor de Relações Institucionais da Secretaria de Governo da Prefeitura de Contagem/MG e Dirigente Municipal do PCdoB Contagem/MG

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