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O Governo Marília e a “conspiração a favor” de um novo de ciclo de avanços para Contagem. Artigo de Luiz Bittencourt.

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O lançamento da Revista “Contagem está feliz com Marília”, organizada pelo economista José Prata, nos possibilita uma importante reflexão sobre a trajetória do projeto político liderado por Marília Campos e suas perspectivas de futuro. Neste breve comentário, buscaremos dialogar com a perspectiva de “Conspiração a favor” trabalhada na introdução realizada pelo autor e traçar possíveis caminhos que vão ao encontro do legado e também das perspectivas futuras para a trajetória de Marília Campos em Contagem.

De acordo com o autor da revista, Contagem enfrentou uma “tempestade perfeita” com o fim do projeto desenvolvimentista no final da década de 80 e aceleração da desindustrialização, baixo crescimento da economia com impacto nas finanças públicas, recuo da arrecadação com isenção do IPTU, aumento dos investimentos públicos com a Constituição de 1988, dívida de 126% da receita, servidores com salários arrochados no fim dos anos 90 e início dos 2000.

Somente uma conspiração a favor foi capaz de tirar a cidade da falência e colocá-la no rumo do desenvolvimento. Conspiração essa que começou com a eleição de Marília em 2004, aliada à parceria com os governos Lula para garantia de investimentos em infraestrutura e uma cultura de preocupação com o equilíbrio fiscal, inspirada em Mangabeira Unger, que não via isso como rendição ao mercado financeiro, mas como condição para garantir autonomia de um governo de esquerda que implemente um projeto desenvolvimentista e justo socialmente.

Vemos, portanto, a possibilidade de uma nova “conspiração a favor” para Contagem diante do novo ciclo político, econômico e social aberto com a vitória de Lula nas eleições de 2022, semelhante ao que ocorreu no início dos anos 2000. Em nossa avaliação dois aspectos serão decisivos neste processo:

1) Reindustrialização numa perspectiva socioambiental

Contagem foi a cidade escolhida para liderar a industrialização de Minas, com a criação do Parque Industrial que fazia parte do planejamento do governador Israel Pinheiro em construir um sistema de distritos industriais. A Cidade Industrial Juventino Dias foi instituída em 1941, mas passou a existir de fato a partir de 1950. Nos anos seguintes, a criação da CEMIG foi fundamental para a viabilidade do desenvolvimento industrial de Minas. Em 1970 foi criado o CINCO – Centro Industrial de Contagem e depois o Cinquinho, o Cincão e o Distrito Industrial do Ressaca. O auge da produção industrial de Contagem se deu nas décadas de 1960 e 1970.

Como vimos, a cidade é historicamente vinculada ao projeto de industrialização no estado de Minas Gerais mas vive os reflexos do processo de desindustrialização iniciado nos anos 1980, mesmo mantendo no setor uma importante fonte de receitas e geração de empregos.

Neste cenário, diante do grande desafio econômico do Governo Federal em promover um processo de reindustrialização no país, o município poderá ter no próximo período alvissareiras perspectivas para liderar um processo de reindustrialização de novo tipo para a região Metropolitana, aproveitando sua trajetória de Cidade Industrial, sua geografia e posição estratégica como polo de produção e logística para a região.

A vocação do município hoje também se manifesta nos setores de logística e serviços, bem como na grande responsabilidade ambiental enquanto “caixa d’agua” da região Metropolitana de Belo Horizonte, com a reserva de Vargem das Flores.

Neste sentido, seguindo as diretrizes do governo federal e o histórico do projeto de Marília Campos, que engloba paralelamente um caráter desenvolvimentista e a defesa da preservação ambiental, abre-se uma janela de oportunidades sui generis que permite a cidade atrair investimentos para a estrutura industrial já existente combinada a diversificação de alternativas de “economia verde” voltadas para a sua ampla capacidade de exploração de atividades econômicas voltadas à preservação ambiental, como a criação de parques e o investimento em atividades de ecoturismo, por exemplo. Tudo isso, sem deixar de lado, mas potencializando, as iniciativas de economia solidária em curso, de forma exitosa, no município.

Os tempos que vivemos exigem das lideranças políticas do campo democrático e popular este olhar que congregue desenvolvimento, inclusão e preservação ambiental. No cenário colocado, Contagem liderada pelo projeto político de Marília têm plenas condições para avançar em um ciclo de desenvolvimento social e ambientalmente orientados.

2) Radicalização da democracia

Para a promoção deste projeto de desenvolvimento a participação popular e cidadã são elementos centrais. Por isso, a ampliação dos mecanismos de participação e transparência
são fundamentais.

Importantes medidas estão sendo realizadas pelo Governo Marília, como a formação dos conselhos regionais, que elegeram centenas de delegados em todas as regionais da cidade, nos comitês gestores de obras, nas comissões de negociação, nas plenárias de prestação de contas, e claro, na Conferência de Política Urbana, que debateu o Novo Plano Diretor do município.

No entanto, para o êxito desta tarefa é necessário um processo de ampliação e radicalização das possibilidades de participação e controle social, com a consolidação dessa cultura política na cidade para que ela se torne um patrimônio do povo e não sofra recuos e retrocessos com as mudanças de governo.

Neste sentido, conformar uma cultura política perene através da institucionalização do sistema de participação popular e da constante formação e renovação dos agentes políticos da cidade são tarefas fundamentais para a garantia da continuidade e ampliação de uma cultura democrática no município.

Para a consolidação deste projeto político ousado, temos certeza que a proximidade com Governo Lula e o novo ciclo aberto em 2022 será fundamental para garantir um pacote de investimentos capaz de gerar desenvolvimento social, ampliação de direitos e preservação ambiental para a cidade.

Por fim, ressaltamos que a garantia de continuidade do projeto político de Marília no tempo passará diretamente pela consolidação de lideranças politicas emergentes comprometidas e vinculadas com a defesa e desenvolvimento de seu legado para a consolidação de seu “Trabalho pela Vida” e pela continuidade de uma “Cidade Viva, Verde e Feliz”, que podem se transformar em importante referência para a esquerda de Minas e do Brasil.

Luiz Bittencourt é professor de história e Militante do PT/Contagem.

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