Nesta segunda feira, 03 de novembro, faremos o lançamento do “Guia dos Direitos do Povo”, do Mandato Miguel Ângelo, em Nova Contagem. Esta região criada por Newton Cardoso e urbanizada pela Marília, parece hoje mais uma cidade. Nova Contagem lidera a “Contagem Nova” de Marília Campos, desde a primeira vitória da petista nas eleições de 2004. Pelo protagonismo que tem nestes últimos 20 anos, Nova Contagem precisa e merece ter um maior protagonismo político em nossa Cidade. Nova Contagem tem 63 mil moradores, mas não tem atualmente nenhum vereador, e, quando teve vereador, foi de apenas um mandato. Por isso, mais que o lançamento de uma importante publicação, o Encontro deve ser o marco inicial de construção de um protagonismo expressivo de Nova Contagem na esquerda e na política de nossa Cidade nos próximos anos. Protagonismo com a eleição de 1 ou 2 vereadores(as) na próxima eleição; lideranças orgânicas e representativas da região, que consigam dar continuidade ao trabalho político por um largo período. Protagonismo necessário para ampliar a sustentação e defesa do legado político e social da Marília, considerando sobretudo que a petista provavelmente vai encerrar, depois de 30 anos de militância “juntinha” com a população, sua carreira política em Contagem. E Nova Contagem, tenho certeza, é e continuará sendo o “porto seguro” da Marília por toda a vida. Este texto visa resgatar o legado histórico de Nova Contagem para compor uma narrativa para o presente e o futuro da esquerda da região e de Contagem.
Na vitória de Marília, em 2004, foi Nova Contagem que liderou a virada da petista no 2º turno; a região deu à petista a incrível marca de 92% dos votos. A eleição de 2004 teve os seguintes resultados no primeiro turno: Ademir Lucas, com 127.175 votos (42,09%), Marília Campos, com 120.693 votos (39,95) e Maria Lúcia Cardoso com 52.302 (17,31%). No segundo turno, Marília virou a eleição com 183.515 votos (59,71%) e Ademir recuou a votação no segundo turno para 123.831 votos (40,29%). Quem liderou a virada em Contagem foi a região de Nova Contagem. Marília, no primeiro turno, teve 5.751 votos e o PT era ainda fraco na região; mas no segundo turno, com o apoio de Maria Lúcia Cardoso, Nova Contagem abraçou de vez a liderança de Marília Campos, com 12.945 votos, chegando em Nova Contagem A e B a incríveis 92% dos votos, contra apenas 1.490 votos de Ademir Lucas. Eu, José Prata, participei intensamente da campanha da Marília em Nova Contagem; no jeep vermelho ela não “fazia promessas”, mas “assumiu compromissos” de, se eleita, mudar a vida das pessoas daquela região, o que aconteceu nos anos seguintes. Marília retirou Nova Contagem do abandono e do esquecimento e, com um amplo programa de urbanização e com políticas sociais, mudou para sempre a vida das milhares de pessoas daquela região.
Em 2008, foi novamente Nova Contagem que liderou a reeleição de Marília Campos; reeleição nunca conferida a nenhum prefeito(a) antes da petista; meio desesperado eu, José Prata, fiz uma promessa de casar com Marília “na Igreja” em Nova Contagem se ela vencesse as eleições. A eleição de 2008 foi desafiadora para Marília Campos. Contagem, a quarta cidade mais endividada do Brasil, foi reorganizada pela petista, mas ainda não na profundidade que temos atualmente. Marília já tinha avançado muito na reconstrução de nossa Cidade, apoiada pelo governo Lula, mas a aprovação era positiva de 60%, mas não ainda com um índice que lhe garantisse uma reeleição com facilidade. Veja só: Contagem, desde que a reeleição foi implantada no Brasil na década de 1990, nunca tinha reelegido um prefeito(a); e este era o desafio que Marília precisava superar. E o pior: aconteceu um racha na esquerda, mesmo Marília estando em uma trajetória positiva e podendo se reeleger, o PCdoB lançou Carlin Moura como um dos candidatos de oposição a Marília.(…) Com uma pequena coligação e com oito candidatos na disputa, Marília figurou em segundo lugar nas pesquisas até às vésperas da eleição. Uma das cenas mais marcantes da virada da Marília foi no bairro Darcy Ribeiro. Eu estava com ela na parte de cima do bairro fazendo campanha no jeep, e então três moradores da parte de baixo do bairro, que chamavam de “Buracão”, cercaram o carro de som e exigiram que Marília fosse até o local para se reunir com os moradores. Fomos até o “Buracão”; Marília abriu o microfone para as lideranças, que fizeram críticas enormes a ela por não ter estendido a pavimentação para o local; Marília retomou a palavra; pediu que um dos “rebeldes”, que olhava para baixo, que levantasse a cabeça e olhasse olho no olho dela, e disse que não faria promessa, que seu compromisso era de estender a pavimentação ao “buracão”; e Marília venceu as eleições e cumpriu o compromisso e asfaltou todo o local. Impressionante: Marília, em um prazo de 30 minutos, aplacou a revolta das lideranças e as convenceu a apoiar a reeleição dela.
Mas foi em Nova Contagem que Marília viveu muitas outras emoções em 2008. Faltando 15 dias para a eleição recebi, pelo telefone, uma notícia de um membro de nossa coordenação de que a pesquisa dava o tucano disparado na frente com grandes possibilidades de vitória no primeiro turno. Fiquei desnorteado e caminhei pelas ruas do bairro Eldorado, em Contagem, sem rumos por diversos minutos. Voltei para casa para dar a péssima notícia para a Marília. Ela estava deitada descansando da campanha na parte da manhã. Falei para ela da pesquisa, sem conseguir esconder o meu profundo pessimismo. Ela então me disse: “Sinto-me como uma náufraga no mar, posso desistir de nadar e morrer ou tentar nadar até a praia. Vou nadar para viver”. Ela levantou, foi se encontrar com um pastor da Igreja Evangélica, na Sede, para se fortalecer espiritualmente, e se dirigiu para Nova Contagem, que é sempre o seu porto seguro, mais ou menos o que o Nordeste representa para Lula. Meio desesperado eu, José Prata, fiz uma promessa secreta de casar com Marília “na Igreja” em Nova Contagem se ela vencesse as eleições. Foi em Nova Contagem que Marília ouviu de uma senhora a frase que se tornou o slogan de final de campanha: “Marília, você merece continuar”. Adaptamos a frase para “Ela merece continuar”; uma ideia simples mas de grande empatia, e fizemos de tudo para alinhar a aprovação de Marília, de 60% da população, com a intenção de votos nela, e vencemos a reeleição de forma pioneira em nossa cidade.(…) Marília venceu as eleições no primeiro turno com 132.154 votos (43,87% do total) e, no segundo turno, com uma frente política mais ampla, com 174.198 votos (56,88% do total). Mais uma vez o grande destaque da Marília foi a votação em Nova Contagem; no primeiro turno, ela teve 15.426 votos contra apenas 2.183 votos de Ademir Lucas, o segundo colocado. No segundo turno, Marília ampliou ainda mais a votação para 18.335 votos (85% total), contra 2.758 votos de Ademir (15% total).
Passada a eleição escrevi um livreto onde escrevi: “Nova Contagem e Eldorado na liderança da Contagem nova” e que “Marília renasceu politicamente no final do primeiro turno”.(…) Passada a eleição, pedi Marília em casamento na Igreja, já éramos casados no Cartório desde 1983. Nos casamos na Igreja do bairro Icaivera em cerimônia conduzida pelo nosso amigo, Padre Evando; reunimos as nossas famílias, pessoas do governo, e militância da região numa bonita cerimônia; Marília perdeu o “controle” e chorou aos prantos durante todo o casamento. As fotos e filmes do casamento, a pedido dela, nunca foram divulgados. Como “não falo” mais pela Marília, mania que eu tinha antes, não tenho como analisar a “emoção descontrolada” dela durante o casamento.
Na eleição de 2012, Marília não podendo mais se reeleger, o PT lançou o deputado Durval Ângelo como candidato a prefeito. Não fomos bem sucedidos, devido principalmente ao racha da esquerda, com o PCdoB, mais uma vez, lançando a candidatura de Carlin Moura, que acabou sendo eleito prefeito de Contagem. Com poucas tarefas na coordenação de campanha dediquei todo o meu tempo de campanha em Nova Contagem, que foi a única região que deu a vitória ao nosso candidato. Mas para a Câmara Municipal conseguimos eleger Rodinei Ferreira, do movimento Acorda Povo, como vereador. Nós éramos três quase todos os dias no carro de som: Rodinei, eu, José Prata, e o Wander. Pela primeira vez, desde os tempos de sindicalismo, deixei de ser apenas um intelectual orgânico e assumi posição de protagonista e de orador nas ruas de nossa cidade. E eu, em cada esquina que parávamos a camionete, começava assim os discursos: “Meu nome é José Prata, sou marido da prefeita Marília Campos, e peço o voto para o Rodinei”. Não sei se isso foi decisivo, mas com certeza consegui muitos votos para ele.
Eleição de 2020: Marília, Serginho e o sorriso das crianças de Nova Contagem. Na campanha de 2020, dificílima, coordenei, mais uma vez, a campanha da Marília e, com muitas tarefas, acompanhava a campanha de rua pelo menos em Nova Contagem. Veja um texto de um post que divulguei na campanha em meu perfil pessoal no Facebook no dia 02/11/2020: “Neste domingo arrumei um tempo e fui pela manhã para a campanha na região de Nova Contagem. O que eu vi lá foi uma verdadeira comoção popular com a presença da Marília. Está claro, que além da forte presença da militância de “carteirinha”, o que temos é algo muito mais amplo; é um “movimento popular” pelo “Volta Marília”. Os nomes dos bairros e vilas de Nova Contagem, não sei se surgiram espontaneamente ou foram definições do poder público, dialogam profundamente com a campanha da Marília: Vila Renascer, Vila Esperança, Vila Feliz, Retiro dos Sonhos, Liberdade I e II, Darcy Ribeiro e a região e bairros com nomes de flores: Vargem das Flores, Buganville, Ipê Amarelo. Sempre sou orador junto com Marília nos carros de som, mas desta vez com a pandemia decidimos priorizar mais os gestos do que as palavras, mais o jingle emocionante do que a fala dos oradores. Por isso mesmo, não fui orador na atividade em Nova Contagem. Da cabine da camionete de som de Marília pude acompanhar os detalhes impressionantes nos semblantes, nos olhares, nos sorrisos e gestos das pessoas. Concentrei minha atenção nas crianças que apareciam tímidas nas portas e janelas das casas ou que estavam nas ruas da região. Quando Marília as abordava com as mãos, com beijos, com corações feitos com as mãos, os olhares e sorrisos eram emocionantes, de terem sido “vistos” e “vistas” e “lembrados” e “lembradas” por uma liderança importante como Marília. Da cabine da camionete eu identificava as crianças que esperavam a passagem de Marília e me desesperava se ela não visse algumas delas. Felizmente, todas as crianças foram vistas.(…) Então me lembrei do Serginho, agora um jovem atuante e combativo, que morava no bairro Estaleiro, que certa vez escreveu uma carta para Marília, onde dizia que um olhar da Marília quando ele era criança mudou a vida dele. Ele disse, que certa vez quando criança, caminhava pela rua meio sem norte, a Marília passou no carro de som e acenou para ele, e que aquele gesto o emocionou e mudou a sua vida. Foi “visto” e “lembrado” por uma pessoa “importante” como Marília. Serginho, agora um jovem, também me impressionou na atividade de Nova Contagem. Fizemos uma longa carreata pela região, e ele, a pé correndo incansável pelas ruas, distribuía adesivos, cartazes, bandeirinhas para as crianças. Distribuía, como nos nomes das vilas da região, coisas que Marília representa: esperança, felicidade, sonho, renascimento, Liberdade; distribuía flores, buganvilles e ipês. Emocionante!”.
Eleição de 2020. Uma cena ontológica na campanha: Marília, em Nova Contagem, se curva diante de um cidadão que se ajoelhou à frente da camionete de som. Em uma incursão no front da campanha de 2020 acompanhei Marília na região de Nova Contagem. Como a carroceria do carro de som estava ocupada pela Marília, Gilvan, fotógrafos, cinegrafistas e pelo vice, Ricardo Faria, acompanhei a carreata na cabine da camionete. Nos encontramos no bairro Darcy Ribeiro, onde nossa candidata foi novamente muito bem recebida. Saímos do Darcy Ribeiro e fomos para o bairro Icaivera, onde presenciei, na entrada do bairro, uma cena emocionante: um cidadão, com bandeirinha e adesivo bolota nas mãos, se ajoelhou à frente do carro de som. Eu fiquei, dentro do carro, imóvel diante daquela cena inusitada. Não sabia que a cena tinha sido captada pela nossa equipe de vídeo que estava encima da camionete. Um ou dois dias se passaram e, num miniclipe, feito por nossa equipe de vídeo, aparecia a cena do cidadão ajoelhado e a reação da Marília, na minha opinião revelou a grande líder genuinamente popular que ela é. Quem tiver interesse em ver a cena pode encontrá-la no vídeo de 10/11/2020, que está no Facebook: Marília cruza os dois braços e os encosta no peito; se curva diante do cidadão e emocionada diz: “Obrigada gente”. Fantástico e revelador! Naquele momento, numa reação instantânea de 3 a 5 segundos, o que vimos não foi um gesto submisso de um cidadão diante de uma líder populista e autoritária, não foi um gesto de um “súdito” diante de sua “rainha”. O gesto de reverência do povo – se ajoelhar diante da liderança – foi respondido com um gesto igualmente de reverência ao povo – mãos cruzadas no peito para expressar o amor e a emoção, a liderança popular se curva em gesto de afeto, encontro e humildade. Uma das cenas mais bonitas que vi em minha vida!
Marília representa a mais importante “saga da população contagense” nos mais de 100 anos de nossa cidade. Pedi ao meu amigo Ivanir Corgosinho que comentasse o que é saga e ele me escreveu: “De acordo com a maioria dos dicionários, a palavra saga define as antigas narrativas e lendas escandinavas, principalmente aquelas redigidas nos séculos XIII e XIV. Num sentindo mais amplo, entretanto, esta palavra pode se referir a qualquer narrativa de caráter épico que conte a história de uma comunidade, ou um povo, e de seus grandes líderes na busca de sua “terra prometida”, ou seja, de sua emancipação e liberdade, como vemos em “Game of Thrones” ou “Senhor dos Anéis”. Nesse sentido, a saga envolve uma continuidade temporal; múltiplos personagens recorrentes e conhecidos; uma liderança central sincera e profundamente comprometida com os ideais históricos coletivos; sucessos; revezes e a transmissão de tradições, crenças e valores às gerações seguintes”.(…) Uma narrativa de caráter épico em Contagem, como entendo ser a trajetória da Marília: “Épico é usado também para adjetivar um feito memorável, extraordinário, uma proeza, algo muito forte e intenso”.
No finalzinho da apuração dos votos na eleição de 2020, quando tudo parecia perdido e o adversário de Marília já comemorava em seu Comitê, Nova Contagem virou a eleição de forma espetacular; um dos momentos mais emocionantes de nossas vidas! Há alguns meses da eleição de 2020, em reuniões internas da pré-candidatura de Marília, eu disse que, com a força da liderança dela, com o jingle maravilhoso, com a beleza da programação visual, com o enorme conteúdo político que temos, com o apoio da militância, faríamos uma campanha épica. Marília, na brincadeira aqui em casa, repetiu diversas vezes para mim a minha previsão: “campanha épica!”. Olhei no Google e lá está escrito: “Épico é uma palavra que classifica uma ação heroica, que pode ser baseada em fatos apurados ou inventados – do latim ‘epicus’. Definimos, a partir de uma avaliação da empatia de Marília com a população, e do apelo forte que já existia do movimento social “Volta Marília”, que ela no carro de som, seria o eixo estruturante de nossa comunicação com a cidade. Foi isto o que aconteceu: em plena pandemia, onde os marqueteiros de todo o país não sabiam como fazer uma campanha política, Marília, de máscara, em cima de uma camionete, comunicava com a população com os olhos e com gestos, e o povo respondia com sorrisos e olhares de admiração. A vida resistia no meio da tragédia da pandemia. Nossa equipe de vídeo e de fotografia registrava tudo. Todas as cenas gravadas, todas as fotografias eram muito bonitas. Eu, mesmo em algumas crônicas que escrevi em meu perfil no Facebook, tentei diversas vezes selecionar fotos e acabava escolhendo 50 mais bonitas entre de 60 fotos disponíveis. Duas mulheres escreveram em nossas redes sociais, comentários que falavam do que está acontecendo em nossa cidade. Vera Vícter Ananias, saudosa companheira do Patrus Ananias, comentou as nossas fotos de campanha: “E o rosto esperançoso das pessoas! É de arrepiar!”. Pra Eliane Braga comentou sobre nossa campanha: “Que campanha maravilhosa… Propositiva, inteligente, agradável, cheia de amor e alegria! Parabéns!”. Vencemos o primeiro turno com uma grande vantagem sobre o segundo colocado, que nos surpreendeu no segundo turno com uma campanha suja como nunca vimos em Contagem. Reagimos na reta final, e ganhamos a eleição. Não sem antes passar pela emoção da apuração dos votos. (…) A apuração começou empatada; Marília abriu uma pequena frente; o adversário equilibrou a apuração e passou à frente; no comitê de apuração do adversário de Marília comemoraram a “vitória” de forma antecipada. Caminhando para o final da apuração houve novo empate e, no finalzinho, Marília virou e venceu. Quando o adversário passou à frente eu, assim como todos os apoiadores e apoiadoras, nos desesperamos. O que me tranquilizou foi o link que recebi de um dos nossos coordenadores que estava na Justiça Eleitoral mostrando que os votos da Zona 90 não tinham sido apurados. Pois foi na Sede, e sobretudo em Nova Contagem, de onde vieram os votos que elegeram Marília. Mais um momento épico desta eleição em Contagem. Impressionante!(…) Depois da eleição fizemos uma reforma de nossa casa e três operários eram de Nova Contagem e um deles me disse de forma orgulhosa: “Nova Contagem virou a eleição e deu a vitória à Marília”. O operário tem razão: Nova Contagem lidera a Contagem nova. Mais um momento épico numa eleição em Contagem.(…) E importante: em 2022, Nova Contagem foi a única das oito regiões de Contagem que deu vitória a Lula, ainda que por uma pequena diferença; desde aquele ano que temos “Marília aqui; Lula lá”.
Marília conquistou o tetra na eleição de 2024 e é a prefeita pela quarta vez em Contagem; mais uma vez Nova Contagem liderou a votação da petista, com 72% dos votos. Marília faz história em Contagem: ela é a primeira mulher que governou Contagem nos mais de 100 anos de nossa cidade; foi a primeira mulher que conseguiu a reeleição depois que este instituto foi implantado no Brasil. Agora, em 2024, com Marília Campos, que teve 60,68% dos votos, Contagem volta a decidir eleição em primeiro turno depois de 28 anos (a última eleição em primeiro turno foi decidida por Newton Cardoso, em 1996, quando teve 51,78% dos votos); Marília é tetra: ela venceu quatro eleições para a Prefeitura de Contagem: 2004, 2008, 2020 e agora em 2024, o que nunca aconteceu antes em nossa cidade; Marília venceu nas oito regiões, sendo, pela primeira vez, nas regiões Nacional e Ressaca; venceu em 64 dos 66 bairros de nossa Cidade, e, nos bairros em que perdeu, teve de 46% a 49% dos votos. Marília, segundo dados divulgados pela Folha S.Paulo, é a Prefeita com maior votação nominal no Brasil no primeiro turno: 188.229 votos.(…) E mais uma vez, foi a região de Nova Contagem que liderou a votação da Marília, dando-lhe 72% dos votos, coincidentemente o mesmo percentual que Lula teve no Nordeste. Por isso é que dizemos que Nova Contagem é o “Nordeste da Marília”.
Marília montou, criteriosamente, uma estratégia de aliança do povo mais pobre, sobretudo de Nova Contagem, com a classe média, sobretudo do Eldorado, Sede, Riacho e Petrolândia, para se consolidar politicamente em Contagem. Quase nada que fizemos em Contagem aconteceu por acaso. Veja só a construção impressionante que fizemos em nossa cidade. Luís Felipe Alencastro, historiador, fez certa vez uma síntese que se tornou uma referência para nós: “O objetivo de toda esquerda democrática é transformar a maioria social em maioria política”. Foi isto que aconteceu em Contagem com a nossa companheira Marília Campos. (…) É bom destacar que Marília fez uma transição muito interessante de sindicalista para prefeita, uma trajetória muito parecida com a do nosso presidente Lula. Marília foi sindicalista e presidenta do Sindicato dos Bancários e depois ocupou por três vezes o mandato executivo, como prefeita de Contagem e, agora, foi eleita para um quarto mandato. Um balanço indica claramente que os movimentos sociais, em geral, são mais radicais, mas também, por representarem interesses concretos de segmentos da sociedade, são mais corporativos. Já no Poder Executivo, os administradores de esquerda, em geral, são mais moderados, mas, tendo que atender demandas de toda a sociedade, são também mais universais. Marília se dedicou com muita garra à lutados bancários por melhorias salariais, emprego e por planos de saúde e de Previdência, auxílio-alimentação e creche; mas, na Prefeitura, teve que avançar para uma visão mais universal, para atender demandas de saúde, educação, urbanização de toda a população. Ou seja, Marília, como Lula, era mais radical como sindicalista. Como prefeita, ela é mais moderada, mas também é uma líder política mais universal.
Como Marília lançou os fundamentos para uma aliança social mais duradoura da classe média com os segmentos mais pobres da população? Primeiro: ela deu grande prioridade no passado e, agora com mais ênfase, com a boa situação financeira da Prefeitura, às duas políticas de Estado Social de grande responsabilidade do município: saúde e educação; ela reconstruiu a infraestrutura da saúde e está humanizando o atendimento e construiu na educação, por exemplo, o sistema municipal de educação infantil. Segundo: ela busca ampliar ainda mais o “direito à cidade” para todos: na periferia (o maior exemplo é Nova Contagem) ela investiu fortemente na urbanização: saneamento básico, pavimentação, habitação, investimentos em áreas de risco. Nos bairros de classe média, onde muitas pessoas têm planos de saúde e educação privada, Marília investiu numa ampla política de requalificação urbana (praças, parques, pistas de caminhada, academias ao ar livre, revitalização de centros comerciais, etc.). Terceiro: Marília fez uma inserção muito suave na vida de Contagem. Uma cidade é uma construção histórica da população e de seus governos. Marília, quase sempre, caminhou separado das principais lideranças políticas que a antecederam, mas nunca atacou politicamente estas lideranças de nossa cidade; ela, por exemplo em Nova Contagem, nunca desmereceu o legado de Newton Cardoso e isto gerou uma grande simpatia da população. E Marília teve sabedoria política; como prefeita do centenário homenageou todos os prefeitos da história de nossa cidade; e, mais recentemente, homenageou Ademir Lucas, na reinauguração da praça Tancredo Neves, e propôs denominar Avenida prefeito Newton Cardoso a antiga avenida Maracanã.
Veja como a maioria social de classe média e mais pobres sustentou o projeto nosso em Contagem. O PT, até 2002, foi um partido de classe média, representando principalmente, os trabalhadores assalariados urbanos, e Marília, até aquela época, era também uma liderança de classe média. Com Lula presidente, em 2002, o PT chegou às regiões mais pobres do Nordeste e da periferia das cidades do Sudeste; e Marília, eleita prefeita em 2004, também se vinculou à periferia mais pobre. A partir de 2010, especialmente, o PT perdeu a classe média e a população das periferias das grandes cidades do Sudeste. Mas, Marília manteve as bases sociais das duas fases do PT: a classe média e a população mais pobre de nossa Contagem. E isto ajuda a explicar o porquê ela foi vitoriosa para deputada estadual, com grandes votações, em 2014 e em 2018. E mais recentemente, mesmo num cenário de polarização com a extrema direita, nosso projeto mostrou enorme vigor. Marília foi eleita com 51% dos votos, para prefeita em 2020; conseguiu aprovação popular acima de 82% da população, implementou um grande programa de melhoria dos serviços públicos e obras, ampliou o “direito à cidade” para mais bairros e regiões. E, agora em 2024, ela conquistou o quarto mandato em primeiro turno com 60,68% dos votos; com uma virada histórica nas regiões Nacional e Ressaca onde o PT se tornou maioria pela vez nos mais de 40 anos de nosso Partido.