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Aniele Fernandes: Jubileu de Nossa Senhora das Dores agora é como patrimônio imaterial de Contagem

O patrimônio imaterial refere-se a práticas, representações, expressões, conhecimentos e habilidades que comunidades, grupos e, em alguns casos, indivíduos reconhecem como parte integrante de sua herança cultural. Esta forma de patrimônio, transmitida de geração em geração e constantemente recriada em resposta ao ambiente e à interação com a memória e a história, proporciona a formação de identidades de um povo.

Diferentemente do patrimônio material, que inclui objetos físicos como monumentos ou artefatos, o patrimônio imaterial é intangível e abrange tradições, saberes, oralidades, práticas sociais, rituais, eventos festivos, conhecimentos e práticas diversas. Este patrimônio não só enriquece a diversidade cultural e a criatividade humana, mas também garante a transmissão da rica herança cultural de uma comunidade para as próximas gerações.

Contagem é uma cidade que se destaca por sua rica diversidade cultural. A compreensão e preservação dos patrimônios culturais da cidade são essenciais para manter viva a identidade de suas comunidades. O governo de Marília Campos, reconhecendo a importância dessas tradições, mobilizou a Diretoria de Memória e Patrimônio Cultural, da Secretaria de Cultura – SECULT, para elaborar um dossiê histórico que reúne importantes elementos da tradição do Jubileu de Nossa Senhora das Dores, realizando o registro dessa importante tradição.

Esta celebração, que completou 218 anos em 2024, é uma tradição religiosa que precede até mesmo a constituição legislativa de Contagem, estabelecida como município em 30 de agosto de 1911 pela Lei nº 556. Remontando ao período colonial, Contagem registrou seus primeiros marcos históricos no início do século XVIII. Durante esse tempo, a região abrigava um posto de registro de mercadorias e era rota de passagem de diferentes viajantes.

A tradição e a memória dos moradores de Contagem, juntamente com evidências documentais, confirmam que, desde o final do século XVIII até o início do século XIX, os habitantes da região se reuniam na igreja para orações, meditações e devoção à Nossa Senhora das Dores. Essas celebrações ocorriam principalmente na semana que antecede a Semana Santa, culminando na sexta-feira antes do Domingo de Ramos, com missas e uma procissão que percorria as ruas ao redor da Igreja de São Gonçalo, demonstrando a profunda conexão espiritual e cultural da comunidade.

No contexto de Contagem, a veneração a Nossa Senhora das Dores foi tão significativa que, em 1806, após um devoto local, Antônio Joaquim de Santana, viajar a Roma para solicitar o reconhecimento papal, o Papa Pio VII emitiu um breve pontifício que reconheceu a festa de Nossa Senhora das Dores em Contagem como um Jubileu, permitindo indulgências plenárias aos participantes. Esse reconhecimento não apenas elevou o status religioso da celebração, mas também reforçou a identidade e coesão da comunidade local.

Ao longo dos anos, a tradição do Jubileu de Nossa Senhora das Dores tornou-se um pilar para a comunidade de Contagem, refletindo a profunda interação entre fé, cultura, memória e patrimônio. A celebração não apenas fortalece a fé dos participantes, mas também atua como uma ligação vital com o passado e um meio de preservar a identidade cultural da cidade.

As diretrizes para valorizar e garantir a continuidade do Jubileu de Nossa Senhora das Dores em Contagem foram concebidas em estreita colaboração com a comunidade que detém esse rico patrimônio cultural. Importante ressaltar que, dado o caráter dinâmico do patrimônio imaterial, estas diretrizes podem ser ajustadas ao longo do tempo para atender às necessidades emergentes.

Primeiramente, um dos pilares dessas diretrizes é a educação patrimonial. A Diretoria de Memória e Patrimônio, ligada à Secretaria de Cultura de Contagem, já realiza visitas educativas para estudantes em seus espaços culturais. Estes encontros agora incluirão sessões dedicadas ao Jubileu de Nossa Senhora das Dores, onde os alunos podem aprender sobre a história e práticas deste evento significativo.

Além disso, para ampliar o alcance da informação sobre o Jubileu, a SECULT planeja incluir este tema em seus materiais impressos de educação patrimonial. Isso inclui a produção de cartilhas que narram a história e as tradições do Jubileu, as quais serão amplamente distribuídas na comunidade.

A divulgação do processo de registro do Jubileu também é crucial. Recomenda-se a criação de um dossiê ou revista que compile detalhes importantes sobre o Jubileu, escrito por diferentes autores para oferecer diversas perspectivas sobre o tema. Este material será distribuído amplamente, ajudando a aumentar o entendimento e o interesse pelo patrimônio.

Outra diretriz importante é a promoção eficaz do evento em si. A SECULT deverá criar e disseminar materiais de divulgação, como cards digitais, para garantir que a comunidade esteja informada sobre as datas e atividades do Jubileu, fomentando uma participação mais ampla e diversificada.

Além disso, a infraestrutura e a logística são fundamentais para o sucesso do evento. A prefeitura se compromete a apoiar o Jubileu fornecendo recursos necessários, como banheiros químicos, segurança adicional e gestão do tráfego, para garantir que as celebrações sejam realizadas com segurança e ordem.

A comunidade religiosa, reconhecida como a detentora do bem cultural, continuará a desempenhar um papel central na organização das celebrações. É essencial que os líderes religiosos mantenham o envolvimento dos fiéis e passem as tradições adiante, preservando os ritos e o calendário tradicionais do Jubileu, enquanto se adaptam às necessidades contemporâneas.

Por fim, para assegurar o apoio contínuo ao Jubileu, a municipalidade incentivará a comunidade a participar de editais de fomento que possam prover recursos para projetos relacionados ao evento, como exposições e documentários.

Essencialmente, o diálogo contínuo entre a prefeitura e a comunidade será mantido por meio de reuniões regulares para discutir o plano de salvaguarda, assegurando que as ações tomadas estejam sempre alinhadas com as necessidades atuais e futuras do patrimônio imaterial. Estas diretrizes refletem um compromisso robusto com a valorização e a preservação do Jubileu de Nossa Senhora das Dores, garantindo que essa tradição perdure como um tesouro cultural para as gerações futuras.

Essas diretrizes refletem um compromisso com a valorização contínua do Jubileu de Nossa Senhora das Dores, reconhecendo sua importância cultural, patrimonial e religiosa, e procuram assegurar que essa tradição rica e significativa seja preservada para as futuras gerações.

As celebrações anuais do Jubileu envolvem missas, procissões e orações especiais. É uma grande festa religiosa e, agora, um importante marco do patrimônio imaterial de Contagem. A prefeita Marília Campos participou ativamente na celebração dos 218 anos do Jubileu. Foi uma festa linda, na qual a comunidade ficou muito feliz com o reconhecimento histórico e o trabalho desenvolvido pela prefeitura na preservação dessa tradição.

A ação da Prefeitura de Contagem, sob a liderança da prefeita Marília Campos, na formalização do registro do Jubileu de Nossa Senhora das Dores como patrimônio imaterial, é uma iniciativa que merece destaque e aplausos. Este reconhecimento não é apenas uma medida administrativa; é uma valorização da riqueza cultural e patrimonial.

Ao garantir que o Jubileu seja preservado como patrimônio imaterial, a prefeitura assegura que essa tradição centenária continue a ser celebrada e transmitida às futuras gerações, mantendo viva a história e a identidade de Contagem. Este esforço para preservar o patrimônio imaterial é crucial, pois fortalece os laços comunitários, reafirma a identidade cultural da cidade e destaca a importância da memória coletiva. Através dessas ações, a Prefeitura não apenas preserva o passado, mas também inspira o presente e ilumina o caminho para o futuro, promovendo um sentido de continuidade e pertencimento que é vital para a cidade de Contagem.

Aniele Fernandes de Sousa Leão é doutora em Educação, pela UFMG. Mestre em Educação (CEFET), Especialista em Gestão de Projetos (USP); Graduada em História (UNIBH) e Pedagogia (UNINTER). Atua como Superintendente de Políticas Culturais na Secretaria de Cultura de Contagem.

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