Recentemente escrevi em um dos artigos para este Blog: “Uma das razões que explica as dificuldades de mobilização da esquerda é que o PT, principal partido do progressismo, é hoje um partido com um projeto político-organizativo superado e disfuncional; no passado, o PT era um partido mais institucional voltado para as grandes disputas eleitorais e condução dos seus governos e os movimentos sociais era seu “braço de massas”; com o enfraquecimento sobretudo do sindicalismo, o “PT ficou meio sem berço”, e não definiu o “território” como sua nova base de construção e o exemplo disso é a fragilidade do petismo nos municípios, sobretudo nas grandes cidades”.
Nova Contagem na liderança da Contagem nova; o PT em amplo encontro com a população de nossa Cidade. O grande Encontro que realizamos neste último dia 03 de novembro (segunda feira), de lançamento do “Guia dos Direitos do Povo”, do mandato Miguel Ângelo, indica claramente que o caminho da reconstrução e retomada do PT Contagem deve priorizar “os territórios” – as regionais do PT Contagem – e é na perspectiva territorial que os segmentos do PT – os Setoriais do PT Contagem – ganham uma dimensão viva e de organização da população. Os Setoriais, se não se articulam concretamente com a população nos seus territórios, vira uma organização interna do PT e, na melhor das hipóteses, uma articulação do PT e do governo Marília Campos.(…) Na minha fala em Nova Contagem fiz uma pequena pesquisa entre as quase 300 pessoas presentes. Perguntei e pedi que levantassem a mão quem fosse: donas e donos de casa; trabalhadores CLT, servidores públicos, aposentados e pensionistas, trabalhadores informais / empregadas(os) domésticos, estudantes, empresários. A maioria eram pessoas do povo. O PT precisa sair de suas bolhas, não pode ser o espaço de organização somente dos “militantes de carteirinha”, precisa dialogar amplamente com toda a população. Não perguntei sobre religião, mas lá tinham muitos católicos, importantes lideranças evangélicas e pessoas de todas as religiões. No Encontro estavam dirigentes do PT, como o Adriano Boneco, eu, José Prata, Miguel Ângelo, nossos três vereadores(as): Moara Saboia, Zé Antônio e Adriana Souza; e uma enorme quantidades de lideranças locais de variadas orientações políticas. Marcaram presença também muitas pessoas do governo Marília Campos, como Ramon Santos e Marcelo Lino. E gostaria de agradecer também as principais lideranças que articularam o grande Encontro: Wander Batista, Janaina Agape, Val de Nova Contagem, Pudi, Brendon, Oligiete, e outras pessoas.
Uma tarefa fundamental, sem abandonar os movimentos sociais temáticos, o PT precisa redefinir sua base de construção organizativa, que, em nossa opinião, deve ser o “território”. Não se trata em minha opinião de se lançar numa estratégia fragmentada de construção de “núcleos de base” em todo lugar. A prioridade é uma organização mais ampla territorial, nos pequenos municípios, com poucos moradores, se trata de unificar a militância em torno da direção política local e, de preferência, com a garantia de uma sede partidária local. Nos municípios médios e grandes, a prioridade deve ser uma sólida organização regional, com direção política, reuniões frequentes e plano de atuação nas lutas sociais regionais. E veja só: para a consolidação desta organização territorial será fundamental a confluência de todos os nossos setoriais – saúde, educação, assistência social, etc – para o trabalho de fortalecimento da organização e mobilização regional. Por isso defendo que nossa prioridade número 1 seja a consolidação de nossa organização regional: Vargem das Flores, Eldorado, Sede, Petrolândia, Riacho, Industrial, Nacional e Ressaca.(…) Ou o PT se reconstrói a partir das cidades e nas suas regiões, de baixo para cima, no “chão do Brasil”, ou nosso partido não terá futuro. Antes das eleições municipais, travei um diálogo pelo ZAP com um grande interlocutor político meu. Eu disse para ele: “A derrota do extremismo, em minha opinião, deve ser de baixo para cima, no chão do Brasil, em nossas cidades. Contagem pode virar um exemplo para o Brasil. Marília está inspiradíssima e pode liderar este grande combate democrático”. Meu interlocutor me respondeu: “Não há outra opção. É na base que se muda a história. As vitórias nacionais acabaram encastelando lideranças, que se afastam do povo. Um perigo! Sorte a nossa de ter a Marília”. Diálogo maravilhoso! Repetindo a frase que explica a nossa história e que define o nosso futuro: “É na base que se muda a história!”.
Nosso próximo passo mais ousado é lançar os “mutirões de base” do PT Contagem. Nosso Partido em Contagem já está nas ruas, sobretudo através dos três mandatos de vereadores. Contribuímos muito no Plebiscito, que fechou em todo o Brasil com 2,5 milhões de participantes; na luta contra a PEC da Blindagem; e, mais recentemente, na luta contra a privatização da Copasa.(…) Mas o PT Contagem, enquanto partido, precisa assumir o protagonismo das lutas nas ruas de nossa Cidade. Proposta que apresentei em um texto junto com Adriano Boneco propõe os “Mutirões de Base” do PT Contagem. Militância de rua precisa de retomada das mídias tradicionais, como folhetos, jornais, megafones, barracas, adesivos; nossa proposta é o lançamento de um Jornalzinho do PT Contagem (nomes propostos: Nossa Voz e Presença) com tiragem de 5.000 a 7.000 exemplares, distribuídos em um mutirão simultâneo nas oito regiões de Contagem, de forma rápida em um único final de semana nas feiras, comércio, metrô, com a mobilização de 150 a 200 militantes petistas em toda a Cidade. A pauta do jornal deve combinar a politização: as principais bandeiras do governo Lula (isenção imposto renda, Gás do Povo, fim escala 6X1), com as principais realizações do governo Marília Campos (obras de mobilidade, avanços na saúde, cultura e lazer de graça, geração de empregos), com uma página para os novos direitos sociais do governo Lula.(…) Mas não podemos ser arrogantes. Militância de rua não é feita somente por movimentos sociais, mandatos parlamentares e partidos. O governo Marília Campos é um governo de rua; a prefeita dedica parte da gestão nos gabinetes, mas é de uma frequência impressionante, quase diária, nas ruas de nossa Cidade. Marília tem uma intensidade nas ruas que nenhum movimento social, mandato ou partido de esquerda tem.
O PED precisa ser mantido, mas precisa ser realizado de forma mais rápida e não durar um ano todo como está acontecendo. É simplesmente inacreditável que o PT tenha passado praticamente todo este ano, um ano pré-eleitoral, nas disputas internas pelas direções no PED. O PED deve ser mantido, mas sua realização deve ser feita em três a quatro meses. Veja só: o próximo PED é em 2029, véspera das eleições gerais novamente para presidente, governos de Estado, senadores, deputados federais e estaduais; e sem Lula nas urnas. A desmobilização do PT é mais grave numa cidade como Contagem, onde o PT tem uma vigorosa atividade partidária, como nas eleições de 2022, nos grandes encontros setoriais e regionais de 2023, e na militância forte que garantiu a reeleição de Marília no primeiro turno em 2024.(…) Mas estamos fechando o ano com razoável atividade partidária, no sentido mais amplo, com muitas realizações: a) na formação, lançamos o livro O Brasil olha para Contagem, texto de balanço do governo Marília Campos, texto sobre o petismo de Contagem, e agora o Guia dos Direitos do Povo; o Ivanir está concluindo o texto: Democracia e Soberania Nacional, que será lançado pelo mandato Miguel Ângelo no início de 2026; mantivemos com grande disciplina o Blog do Zé PrataeIvanir; b) na comunicação, realizamos no primeiro semestre uma campanha nas redes sociais em defesa do governo Marília Campos, estamos realizando uma nova campanha agora; e nossa proposta mais arrojada é lançar o jornalzinho do PT Contagem através dos Mutirões de Base; c) na mobilização e organização de base, fizemos um grande lançamento do livro O Brasil olha para Contagem; participamos ativamente do grande encontro no Sesc no PED; lançamos a cartilha Guia dos Direitos do Povo no Yucca e, agora mais recentemente, fizemos o grande Encontro em Nova Contagem; d) nas finanças estamos encaminhando a diretriz de contribuição partidária para todos os petistas indicados pelo PT para o governo e vamos realizar um jantar para reforço de nossas finanças. Portanto, 2025 não foi apenas de PED em Contagem, mas não foi um ano perdido sobretudo na formação política, na mobilização, na comunicação e nas finanças.