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José Prata: Jornal “Valor Econômico” publica análises e informações importantes da eleição para o Senado

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O jornal Valor Econômico vem publicando com destaque muito grande os preparativos e articulações para a eleição do Senado. O jornal ressalta a importância desta cobertura: “Conhecido como a Casa Alta do Congresso Nacional, o Senado completa 200 anos de funcionamento em 2026 enfrentando uma situação inédita. Pela primeira vez, a disputa pelo controle da maioria das suas 81 cadeiras estará no centro da campanha eleitoral. Troca de dois terços das cadeiras da Casa coloca disputa no foco das forças governista e de oposição; do outro lado da Praça dos Três Poderes, Supremo monitora movimentações”. As primeiras matérias para as eleições do Senado foram escritas por dois colunistas qualificados – Andrea Jubé e César Felício, e publicas nas edições de 26/06/2025 e 13/10/2025. O que faço a seguir neste artigo é, na verdade, uma edição das matérias do Valor para facilitar a compreensão dos leitores.

Senado tem atualmente 34 senadores governistas, 32 na oposição e 15 independentes. “Segundo levantamento do Valor com base nos posicionamentos dos parlamentares, hoje há 34 senadores governistas, 32 na oposição e 15 independentes, que flutuam de um lado a outro dependendo da votação. No entanto, há mais integrantes da oposição entre os senadores que já têm mandato garantido até 2031.(…) Quem acompanha os bastidores da rotina do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em prisão domiciliar e com o peso nos ombros de uma condenação a 27 anos e 3 meses em regime fechado por causa da trama golpista, sabe que ele se move por duas obsessões: aprovar no Congresso a anistia, ou a redução das penas, e eleger a maioria de senadores em 2026 para fazer o presidente da Casa. O combustível dessa obsessão é assumir o controle dos processos de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que é atribuição do Senado.(…) Impedir esse plano e continuar com um aliado no comando do Senado a partir de 2027 também estão entre as prioridades do grupo político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). E do outro lado da Praça dos Três Poderes, essas movimentações são monitoradas de perto pelo Judiciário, que se prepara para julgar algumas ações que podem dificultar o impeachment de ministros da Corte”. (Andrea Jubé).

A estratégia bolsonarista é conquistar a maioria do Senado e a presidência da Casa. “De mangas arregaçadas para o embate eleitoral, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, avisou, em entrevista ao Valor: “Vamos fazer maioria no Senado”. Ele acrescentou que Bolsonaro está se dedicando pessoalmente à escolha dos candidatos, e até dos suplentes. (…) Somente com o sobrenome Bolsonaro, o ex-presidente espera eleger três familiares, a começar pela reeleição do senador Flávio Bolsonaro (PL) pelo Rio de Janeiro. É dada como certa a eleição da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) para uma das vagas do Distrito Federal, salvo se ela for convocada a disputar a eleição presidencial. Outra aposta é a candidatura do vereador Carlos Bolsonaro (PL), que deve transferir o domicílio eleitoral do Rio para Santa Catarina.(…) Já o projeto de eleger Eduardo Bolsonaro (PL) para o Senado por São Paulo naufragou, diante da provável inelegibilidade do parlamentar, denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Ele vive hoje nos Estados Unidos, onde articula sanções do governo americano ao Brasil, a ministros do STF e outras autoridades.(…) Valdemar afirmou que o objetivo é eleger entre 42 e 49 senadores de direita, alinhados com o bolsonarismo. Não é uma meta difícil. Dos 27 senadores que têm mandato até 2031, 15 são hoje da oposição. Se a coalizão bolsonarista eleger 27 senadores – das 54 cadeiras disponíveis -, eles poderão contar com 42 dos 81 parlamentares em 2027.(…) O presidente do PL ressaltou que não caberá ao partido alcançar sozinho essa meta, mas junto com outros aliados, como União Brasil, Progressistas (PP) e Novo. Afirmou que o PL tentará eleger entre 25 e 30 senadores, mas citou exemplos de candidatos competitivos de outras siglas, que engrossariam o time de Bolsonaro, como Esperidião Amin, do PP de Santa Catarina, que mira a reeleição.(…) Já o senador Ciro Nogueira (PP-PI), copresidente da federação formada pelo União Brasil e o PP, mostrou sintonia com Valdemar: “Não tenho dúvida de que a oposição vai fazer maioria no Senado”, afirmou. Ele revelou que, para alcançar essa meta, a proposta da coalizão pró-Bolsonaro é formar chapas em que um dos candidatos será um bolsonarista aguerrido e o outro será um quadro de direita ou centro- direita, alinhado ao grupo”.(Andrea Jubé).

Edinho Silva: “A sociedade vai eleger quem defender a estabilidade das instituições; prioridade do PT é a eleição presidencial”. “Em contraponto, o presidente nacional do PT, Edinho Silva, discorda da aposta da oposição na ameaça de impeachment de ministros do STF como atrativo de votos para o Senado. “Isso não tem lastro na realidade”, rebateu. Ele afirma que a sociedade brasileira não quer instabilidade, guerra e ódio porque nesse cenário os investimentos não vêm, a economia e os empregos não crescem. “Ao contrário, vai se eleger quem defender a estabilidade das instituições, o respeito às regras do jogo, as condições para o Brasil crescer e se desenvolver”, ressaltou.(…) Edinho – que será coordenador da campanha de Lula à reeleição – afirmou que a prioridade do PT é a eleição presidencial. “Vamos construir a nossa tática eleitoral priorizando a reeleição do presidente Lula, e todas as alianças seguirão essa lógica”, disse ao Valor. Observou que os palanques serão construídos a partir da dinâmica política dos Estados, e sempre fortalecendo o campo democrático” (Andrea Jubé).

O colunista César Felício afirma, ao contrário de Andrea Jubé, que não é uma tarefa fácil a extrema direita ter a maioria do Senado em 2026, já que a nacionalização ampla da eleição para o Senado como quer o bolsonarismo é improvável, porque esta eleição é muito vinculada aos governos estaduais; o avanço do bolsonarismo puro-sangue tende a ser temperado pela força dos governadores: “O Senado deve caminhar para a direita em 2026, mas não necessariamente para o bolsonarismo, em que pese o empenho do ex-presidente Jair Bolsonaro em eleger seus três filhos e sua mulher para a Câmara Alta. O foco do bolsonarismo no Senado está bem explicado. Uma maioria bolsonarista no Senado coloca na mesa a arma do impeachment de ministros do Supremo. Essa ameaça poderia levar a uma negociação que reabilite Bolsonaro. As incógnitas ainda são muitas, com 54 cadeiras a se renovar (duas por Estado), mas três fatores freiam a potência da nacionalização da disputa pelo Senado. Dois deles estão profundamente interligados: o interesse de governadores em fim de mandato em disputar uma cadeira e a prioridade que lideranças regionais e o próprio eleitor dão à disputa para os governos estaduais. Estes dois são os fatores mais importantes. Há 15 governadores que não descartam de maneira cabal disputar o Senado e que, entrando em cena, no mínimo, são competitivos. Apenas um, o coronel Marcos Rocha, do União Brasil de Rondônia, pode ser considerado um bolsonarista raiz. Dez estão no campo da direita. Provavelmente apoiarão uma agenda liberal na economia e conservadora nos costumes, mas o compromisso com pautas como impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal é mais duvidoso. Na eleição dupla para o Senado, não há sublegenda. O eleitor vota duas vezes e se elegem os dois mais votados, independentemente do partido. Isso aumenta o risco no momento de se estabelecer a aliança com dois nomes fortes, sobretudo se existir um só adversário forte na outra chapa. O terceiro fator é o peso das emendas parlamentares na disputa, que torna o ar mais rarefeito para nomes novos, sobretudo nos menores colégios eleitorais. Ganham vantagem deputados federais que almejam a cadeira de senador ou senadores que tentam um novo mandato”.(César Felício).

Supremo Tribunal Federal – STF pode dificultar processo de impeachment. “Conscientes de que a ameaça de impeachment será pauta da campanha eleitoral, ministros do STF já esboçaram reação. O Tribunal está prestes a julgar ações que propõem alterações no rito de impedimento de magistrados da Corte, a fim de dificultar esse processo. Uma delas é a exigência de que a denúncia seja iniciativa da Procuradoria-Geral da República (PGR), e que o afastamento exija voto de dois terços dos senadores. As ações são de autoria da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e do partido Solidariedade.(…) Um ministro do Supremo disse ao Valor, em condição de anonimato, que essa tentativa de pautar impeachment dos integrantes da Corte provém de uma distorção, como se a iniciativa decorresse de mero “ato de vontade” do Senado. Alertou que não basta esse desejo, seria preciso que se configurasse “crime de responsabilidade, tipificado em lei” para afastar o magistrado.(…) O mesmo ministro acrescentou que os processos de impeachment, por lei, são conduzidos pelo presidente do STF. Nunca houve, na história do Senado, uma ação de impeachment contra um ministro do STF, mas, se houvesse, não seria conduzido pelos senadores.(…) Atualmente, há 78 processos de impeachment tramitando contra ministros do STF, segundo dados do portal do Senado, de 3 de outubro. Desse total, mais da metade, ou seja, 40 pedidos têm como alvo Alexandre de Moraes, relator da ação penal na qual Bolsonaro foi condenado, e 21 voltam-se contra o ex-presidente da Corte Luís Roberto Barroso. Em seguida, despontam nove pedidos contra o decano Gilmar Mendes, cinco contra o atual presidente, Edson Fachin, e cinco contra Flávio Dino”.(Andrea Jubé).

Disputa do Senado ganha atenção quase inédita; Jair Bolsonaro é responsável pela façanha de elevar eleição para a Casa ao primeiro plano. “O ex-presidente, condenado e inelegível, prioriza a renovação de dois terços do Senado em 2026 como um meio de pressionar por uma anistia simultaneamente o Executivo e o Judiciário, o primeiro pela ameaça de bloqueio legislativo e o segundo pela do impeachment de ministros da corte. Orientou o PL a só fechar acordos partidários no Estado caso tenha ascendência direta sobre a escolha dos candidatos. A estratégia, anunciada com tamanha antecedência, já motivou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a também valorizar o Senado na montagem de chapas.(…) O Senado irá completar em 2026 seus 200 anos de instalação. Mas tamanha importância política só teve em 1974, quando o MDB, que fazia oposição ao regime militar, ganhou a eleição em 16 dos então 21 estados existentes, deixando patente que o apoio popular à ditadura de então era uma miragem. À época, não havia eleições diretas para presidente, governador e prefeitos de capitais.(…) Na ponta do lápis, quem tem mais chance de crescer no Senado nas eleições de 2026 são mesmo os bolsonaristas. Dos 28 senadores que podem ser classificados assim atualmente, somente 14 estão renovando mandato no próximo ano. Outros 14 vão ficar. Já entre os 34 que devem estar no palanque de Lula no próximo ano, nada menos que 25 estão em fim de mandato, só nove ficam na Casa por mais quatro anos. O crescimento dos bolsonaristas pode se dar principalmente no contingente de senadores que, por motivos de ordem política, regional ou partidária, não estão alinhados no palanque nem do bolsonarismo nem de Lula no próximo ano. Os “nem nem” hoje são 19, dos quais 15 estão em fim de mandato.(…) O levantamento considerou como “bolsonaristas” somente os senadores de oposição que estão com seus projetos eleitorais vinculados ao PL ou à família Bolsonaro. Representam a grande maioria, mas não a totalidade dos oposicionistas. São considerados “governistas”, para o propósito dessa coluna, apenas os senadores que devem estar no palanque de Lula em 2026. Os que votam no plenário de acordo com o Planalto, mas não dão apoio garantido à reeleição no próximo ano, vão para a categoria “nem nem”.(…) Favorece também aos bolsonaristas o retrospecto eleitoral mais recente. Em 2022, no bloco dos 11 estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, os bolsonaristas ganharam em todos. Nos sete Estados da região Norte, venceram em dois e no Nordeste ganharam no Rio Grande do Norte. Se 2026 viesse a ser a simples transposição do que foi 2022, os bolsonaristas ficariam com 28 das 54 cadeiras em disputa que, somadas às 14 que não renovam, configurariam a este agrupamento uma maioria absoluta de 42 assentos na casa composta por 81 senadores. Seria o suficiente para eleger o presidente do Senado sem fazer concessões ao centro político. O problema é que a disputa do Senado é complexa demais para uma simples transposição.(…) Que o governo Lula, caso reeleito, estará em situação mais desconfortável não há dúvida. Uma estimativa de agosto do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), insuspeito de proximidade com a direita, projetou um potencial de crescimento do PL de 14 para 20 senadores e do conjunto de União Brasil, PP e Republicanos de 18 para 24 parlamentares. Nem todos esses senadores, contudo, são bolsonaristas, e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), é a mais perfeita tradução disso”.(César Felício)

A lógica da eleição de duas vagas para o Senado é traiçoeira; não basta o candidato(a) ser forte na primeira escolha; ele(a) precisa ter baixa rejeição para ser também uma opção forte na segunda escolha. “A eleição das duas vagas é uma decisão tomada pelo eleitor na reta final da eleição, não em seu início. O eleitor pode votar em senadores de chapas diferentes, e normalmente é isso o que ocorre. Em 2002 e 2018, somente 16 dos 54 eleitos estavam na mesma chapa. Em 2010, 25 dos 54.(…) O retrospecto também sugere que o eleitor tem uma tendência a alinhar a escolha dos senadores com a de governador. Tanto em 2002 como em 2010 e 2018 a maior parte dos eleitos apoiava o candidato a governador que venceu a eleição.(…) A polarização nacional obviamente exerce um papel. O Senado se inclinou à esquerda em 2010, eleição em que o PT estava mais forte, com Lula no fim do seu segundo mandato presidencial com popularidade altíssima e Dilma Rousseff vencendo a eleição nacional com uma coligação ampla. Na ocasião, dois terços dos senadores eleitos eram alinhados ao PT nacionalmente. Em 2018, somente 15 dos 54 eleitos estavam próximos da então chapa presidencial encabeçada por Fernando Haddad.(…) Isso tende a tornar a eleição mais complexa. No Rio de Janeiro, por exemplo, a reeleição de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) parece escrita na pedra. Mas o PL e seus aliados estão com dificuldades para construir uma candidatura competitiva ao Palácio Guanabara. Isso coloca em dúvida a capacidade dos bolsonaristas de manterem a segunda vaga, hoje nas mãos de Carlos Portinho (PL-RJ).(…) A lógica das duas vagas pode ser traiçoeira. O então governador do Mato Grosso, Dante de Oliveira, entrou na disputa pelo Senado em 2002 como franco favorito. Era forte como primeira opção do eleitor, mas fraco como segunda escolha. Terminou suplantado por rivais que tinham rejeição menor. A mesma coisa aconteceu com Roberto Magalhães, governador de Pernambuco, em 1986. Para citar um exemplo mais recente, esse foi o caso de Dilma Rousseff em Minas Gerais, em 2018.(…) Eleições para o Senado com duas vagas costumam ser extraordinariamente apertadas, o que aumenta o grau de imprevisibilidade. Em Santa Catarina, por exemplo, Esperidião Amin (PP) teve 18,8% dos votos em 2018, ante 18,1% de Jorginho Melo (PL), 17,8% de Lucas Esmeraldino (PSL) e 15,3% de Raimundo Colombo (PSD). Praticamente um empate quádruplo. Em Roraima, Chico Rodrigues (PSB) foi eleito em 2018 com 23%, mas a segunda vaga foi decidida no “photochart”. Mecias de Jesus (Republicanos) conseguiu 17,4% e Romero Jucá (MDB) ficou com 17,3%. Jucá perdeu a reeleição por 426 votos.(…) Já existem pesquisas em circulação para a disputa em 25 dos 27 Estados. Em apenas um – Sergipe – não aparecem vencedores claros, nas muitas simulações testadas.(…) Não há levantamentos recentes em Roraima e Tocantins. Mas não se recomenda supervalorizá-las. As indefinições a um ano da eleição as tornam úteis sobretudo para se medir “recall”, como mostra o desempenho de ex-governadores, candidatos a prefeitos de capitais nas últimas eleições e portadores do sobrenome Bolsonaro”.(César Felício).

José Prata Araujo é economista.

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