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Lucas Fidelis: Canto do Cisne

Marília Campos fez história e se projetou, definitivamente, nos engramas da memória coletiva da Cidade das Abóboras. É decerto que, num exercício de futurologia, estará nas páginas em que se fazem destacar os grandes estadistas e os indefectíveis baluartes da democracia. Os fatos e as indeléveis repercussões das eleições municipais de 2024 discorrem per si.

Para qualquer observador distante mais atento, a consistência do mandato realizado já trazia à baila a prova dos nove e de seus prognósticos. A primazia era tamanha que se aliançou uma grande frente ampla para a disputa. A vitória cristalizou-se num ímpeto avassalador, alcançando-se, assim, o quarto certame para o Executivo do Município de Contagem, não restando margem para intercorrências ou querelas de maus perdedores acerca de legitimidade, ou qualquer coisa que o valha, o que, há de se dizer, condutas que se tornaram tão rotineiras em âmbito nacional nos últimos tempos e que trouxeram/trazem profundas marcas deletérias ao contexto político e, sobretudo, à sociedade.

O resultado quedou-se fruto de um trabalho intenso de uma gestão com resultados consolidados e projetos sob demanda encaminhados. A campanha, diga-se, coordenada por uma grande equipe descentralizada e milimetricamente esculpida para a presença maciça e consistente nas ruas da cidade. Com proposições e métodos afirmativos. Sem despender do precioso tempo propositivo pela enunciação das diretrizes de empreitada adversárias. De mais a mais, quitando-se de quaisquer demagogias ou salamaleques. Sobre o manjar dos deuses, o caldo de cana e pastel da feira, por óbvio, se fizeram presentes; não como aquela puída estratégia simbólica das diligências de campanha que já vem dos tempos dos meus ascendentes, sublinha-se, mas para repor a energia do intenso expediente.

Com relação ao desfecho eleitoral do Poder Legislativo, os impactos foram extremamente positivos para a formação de uma base sólida, da qual surge uma tendência de alinhamento e coalizão com o Executivo para o devido desenvolvimento de agenda e governança. Ressalta-se que as escolhas, para líder e vice-líder de governo na Câmara Municipal, foram certeiras; do líder, um político já experiente e bem aceito na cidade e, sobretudo, pelo acesso e afinidade política-pessoal-geracional com o vigente Presidente da Casa Legislativa; da vice-líder, uma estreante na vereança- com número impressionante de votos-, embora disponha de larga experiência em liderança e militância, além de uma verve carismática, e que, sem dúvida, em um horizonte mais distante, pode despontar como uma sólida figura política no campo progressista e democrático.

Na seara material, de fato, não houve preponderância da tão em voga polarização- que alguns pensadores discordam e atestam que há uma maior politização do país- em que tem se mostrado a nível nacional, conforme entendimento dos criadores deste blog. Embora acredite que em termos de forma, houve estratégias e reverberações polarizadas. Exemplo disso é a participação de partidos num alinhamento de governo e que em outros tempos se colocavam como oposição histórica. O microcosmo é produto do todo. A oposição hodierna possui outros termos. Outra amostra é a vinculação do adversário na disputa eleitoral com os mesmos símbolos utilizados em trajetórias nacionais. Não podemos olvidar de novos membros do Legislativo Municipal de determinada agremiação, que se colocam como adversários políticos, e tiveram votação expressiva. Apesar de que algumas figuras me parece possuírem mais lastro eleitoral e estão nessa linha por se identificarem com um ou outro valor do referido partido, ou mesmo por uma confusão ideológica em que se inseriram. No entanto, há de se atentar que há uma figura específica que faz parte dessa engrenagem que demarca o sinal dos tempos.

Retornando ao viés material de evitamento da polarização, Marília utilizou-se de uma estratégia em que não se acentuasse os extremismos e as animosidades, e buscou isso tanto em seu governo anterior, quanto nos modos de campanha.

No governo sempre laborou com presença, diálogo e mudanças concretas. Tal qual modelo que o Prefeito de Recife, João Campos, também adota. O que é o que, em última análise, carrega para transformações efetivas.
Por essas razões, e por seus atributos de liderança e personalidade, a ouro-branquense teve destaque na esfera nacional – o que em cenários típicos apenas um Prefeito de São Paulo teria- e com um protagonismo e proximidade atípicos perante o Presidente da República, recebendo, como cereja do bolo, menção honrosa pela presença no evento global do G20 no Rio de Janeiro.

E todo esse trabalho incessante na gestão do terceiro mandato, além de proporcionar equilíbrio na vida da sociedade e demonstrar mudanças eficazes na urbe, ameniza-se, o desinteresse e a revolta pela política dos cidadãos, e consequentemente abranda quaisquer enveredamentos para um extremismo político. É a tal da crise cíclica da globalização liberal tão bem exposta no livro “O Brasil olha para Contagem”.

Em tempos de uma nova era de governo Donald Trump, com seus rompantes e desvarios retóricos ainda mais hostis que, decisivamente, impactam e reverberam por todos os cantos – e não tão mais bravatas assim, já que palavras que batem, acabam por derradeiro furando o alvo em algum momento – e de uma popularidade em queda do governo brasileiro, nada mais urgente que a nova etapa do Governo Marília Campos aprimorar ainda mais o que já foi realizado. Vislumbrando não só uma grande realização no Arraial de São Gonçalo, mas notadamente o engajamento político para o próximo pleito nacional.

E estou certo que é o mote para que busquemos, para esta segunda onda, um ainda mais elegante timbre e o mais afinado tom do Canto do Cisne. Este tilintar que ilumina nossas aspirações mais íntimas e permeia um bálsamo para toda a eternidade.

Lucas Corrêa Fidelis é advogado e servidor público.

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