Publiquei há nove meses em nosso blog, o artigo: “Marília está certíssima ao propor a volta de Kalil para a Frente ampla”. A petista, em ampla reportagem divulgada no jornal O Globo, no mês de março, disse que não aceitaria ser ela a candidata a governadora devido ao fato de nosso partido não ter tido uma gestão bem sucedida de nosso Estado recentemente: “O fato de eu ser do PT, na minha opinião, dificulta a disputa. Vou perder um tempo enorme falando de PT e isso não me entusiasma. Sou do PT há 40 anos, vou continuar no partido, mas sei dos meus limites”. Questionada sobre quem poderia disputar, caso Pacheco declinasse, Marília disse que pretendia conversar com o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil. Marília se encontrou com Kalil e foi quem, no PT, iniciou o diálogo com ele, agora filiado ao PDT, partido aliado do governo Lula. Como disse Marília recentemente: “A vida é cheia de encontros e desencontros. O que temos que fazer é encarar isso com naturalidade”; com Kalil os “encontros” precederam os “desencontros”. Este artigo reúne análises políticas minhas e resume a situação da eleição do governo do Estado, a partir de uma sinopse das publicações nos jornal O Tempo e O Globo e do site UOL.
Rodrigo Pacheco é o nosso candidato preferido, mas é preciso ficar atento aos “desafios da candidatura” e ao “tempo político”. Marília, nos últimos meses, se declarou “rodriguista” e sempre defendeu a candidatura do senador Rodrigo Pacheco para o governo de Minas em uma Frente Ampla, unindo os partidos de esquerda e de centro de nosso Estado. Mas a petista, com toda razão, defende que uma candidatura em Minas Gerais precisa ser construída com antecedência. Rodrigo Pacheco, todos reconhecemos, foi junto com Lula e Alexandre de Moraes, as três grandes lideranças em defesa da democracia em no Brasil e isto será registrado na história brasileira. O senador é um homem de diálogo e de enorme capacidade de negociação política, condição importante para vencer a eleição e articular um programa de recuperação fiscal, depois de três décadas de falência de nosso Estado. Mas é evidente que Rodrigo Pacheco tem também desafios enormes para se firmar como uma candidatura competitiva em nosso Estado. Ele foi eleito, em 2018, na onda de direita que varreu nosso país, que derrotou em Minas Gerais a candidatura ao Senado de Dilma Rousseff; eleito Rodrigo Pacheco rompeu com a direita, foi eleito presidente do Senado e esteve na frente de luta em defesa da democracia. A direita não o perdoa, é impressionante o ódio ao senador nas redes sociais e ele tem dificuldades de enfrentar esta ofensiva diária da extrema direita. Ele é uma liderança “discreta” e “institucional”, é pouco afeito a uma campanha política de rua, como para governador, nem é de “lacração” nas redes sociais, onde tem presença tímida. Rodrigo Pacheco tem um discurso em defesa da democracia, feito com indignação e emoção, cujos vídeos divulguei diversas vezes em minhas redes sociais, que considero qualitativamente melhor do que aquele feito pela maioria das lideranças de esquerda, quase sempre com lacração, deboche e ironia; mas falta ao senador uma maior vinculação com os direitos sociais, que ele demonstra admiração e compromisso quando se refere ao apreço que tem por Lula. Outro desafio de Pacheco é que a base lulista está dividida em Minas Gerais, entre uma possível candidatura dele e de Kalil, que o tem superado nas pesquisas de opinião. Claro que estes desafios podem ser superados com a definição urgente da candidatura do senador, da entrada de Lula na pré-campanha e do engajamento que será forte da militância progressista na campanha do senador. Repetindo Marília: “A vida é feita de encontros e desencontros”; com Rodrigo Pacheco “os desencontros” precederam os “os encontros”. E ao senador eu digo: é um prazer e uma grande satisfação encontrá-lo na frente da luta democrática de nosso povo e nós não o esqueceremos jamais do seu papel histórico no Brasil. Mas o senador Rodrigo Pacheco deve concordar que o “tempo político” da candidatura dele ao governo do Estado está praticamente esgotado; uma Frente Ampla conforme prevíamos não será mais possível já que muitos partidos de centro que poderiam somar conosco já fizeram outras opções políticas para as disputas de 2026.
PT Minas precisa liderar a constituição da Frente Ampla em Minas Gerais e dialogar com o PDT e Kalil. Marília e Miguel Ângelo estão corretíssimos ao comparecerem ao Encontro com Kalil, que contou também com a presença do PCdoB e Rede. Kalil se encontrou também com o PSOL na semana passada. O PT Minas errou ao não comparecer ao Encontro com Alexandre Kalil e precisa se engajar na construção da Frente Ampla em Minas, fundamental para o projeto nacional de reeleição de Lula. Nossa posição é sim respaldada pelas sinalizações do governo Lula, já que Gleisi Hoffmann compareceu no jantar com Kalil em Brasília. E veja a posição clara expressa pelo Edinho Silva no jornal O Globo sobre a conversa que ele pretende ter com Kalil: “O PT sempre será um partido de muito diálogo. O PDT pediu para dialogarmos de forma prioritária em três estados: Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná. Vamos valorizar a demanda do PDT, que é um parceiro histórico. Dialogar não significa apoiar. As decisões vão depender dos cenários, e sempre as direções do PT nos estados vão estar nos processos decisórios. A prioridade sempre será a montagem do palanque para o presidente Lula, as posições pessoais e divergências locais terão que ser superadas”.
Veja só porque a eleição de Minas Gerais é fundamental para a estratégia da reeleição de Lula. A eleição presidencial, para ser vencida pela esquerda, precisa de vitórias robustas no Nordeste, onde Lula teve 72% de votos na última eleição; de uma vitória também no Norte, em especial em estados importantes como o Pará; e é preciso não permitir que a direita vença com grande diferença no Sudeste, e, por isso, é fundamental uma vitória em Minas Gerais, estado “síntese do Brasil” (quem ganha em Minas ganha a eleição no Brasil), uma vitória ou pelo menos um empate no Rio de Janeiro, e uma derrota por pequena margem em São Paulo, com grande desempenho na cidade de São Paulo e na Grande São Paulo; e, finalmente, um bom desempenho no Estado do Rio Grande do Sul, estado do Sul onde a esquerda sempre foi muito expressiva.(…) No “Triângulo das Bermudas” (Minas, Rio e São Paulo) é preciso montar palanques muito fortes: para o governo dos Estados: Alexandre Kalil, Eduardo Paes e Fernando Haddad se Tarcísio Freitas se candidatar a presidente; e para o Senado temos, depois de muitos anos, nomes competitivos: Marília Campos, Benedita da Silva e Fernando Haddad, se Tarcísio Freitas não se candidatar a presidente.
Diálogo com Kalil é uma necessidade, ele é competitivo; mas reencontro terá que superar desavenças de “parte a parte”. Faz todo o sentido, portanto, buscar politicamente a volta de Kalil, agora no PDT, para a Frente Ampla em Minas Gerais. Ele venceu duas eleições para a Prefeitura de Belo Horizonte; foi candidato bem votado nas eleições para o governo do Estado em 2022, em dobradinha com Lula; prefeito sempre foi um crítico do bolsonarismo, em particular na luta contra a pandemia Covid-19; pesquisas para as eleições de 2026 o colocam em segundo lugar, atrás apenas de Cleitinho. Kalil já demonstrou interesse em ser candidato e como não se consumou a filiação ao Republicanos, do senador Cleitinho, o ex-prefeito se filiou ao PDT, partido que compõe o campo progressista no Brasil, e que, mais recentemente, rompeu com Ciro Gomes. Kalil tem uma marca política muito própria, não tem papas na língua, tem dificuldades com os partidos políticos, mas, é preciso reconhecer, que estas posturas foram responsáveis, em grande medida, pelo seu sucesso político. Considero que são procedentes as mágoas do ex-prefeito. Lula não o tratou com a deferência que ele merecia como um parceiro na dura campanha de 2022, quando o petista venceu, por pequena margem, em Minas e Kalil teve a expressiva votação: 3.805.182 votos (35,08% do total). Kalil tem mágoas com o PSD de Belo Horizonte, que não o apoiou no primeiro turno, neutralidade que ele não manteve no segundo turno, quando apoiou Lula. É difícil de entender porque apoiar Lula e não também Kalil. Marília é uma interlocutora da esquerda junto a Kalil porque fizeram parcerias quando prefeitos e porque Marília foi uma das lideranças políticas que mais o apoiou na eleição para o governo do Estado, com a realização de diversos atos de campanha em Contagem.
O site O Fator, de 07/11/2025 analisa o não comparecimento do PT Minas no Encontro com Kalil: “O Fator apurou que uma ala do PT pediu a Leninha que não comparecesse ao evento por causa de dois embaraços já criados por Kalil: a notícia de que ele teria manifestado não desejar um vice indicado pelo partido, bem como a predileção do ex-prefeito por uma reunião a sós com Edinho, sem a participação de dirigentes locais”.(…) Kalil tem dito que quer uma relação direta com Lula: “Eu não preciso de interlocutor com Lula. Tenho certeza que, se eu quiser falar com ele, eu falo”. Em minha opinião, a direção do PT Minas não deveria colocar objeção ao desejo de Kalil em querer se relacionar diretamente com Lula, com Gleisi e com o PT Nacional. A estratégia do PT, corretamente, é nacional; portanto, Lula e o PT nacional terão papel decisivo na montagem dos palanques nos Estados. Veja só: nunca nos opusemos a que Lula se encontrasse com Rodrigo Pacheco sem a mediação do PT de nosso Estado. O mesmo aconteceu com Marília no encontro com a ministra Gleisi Hoffmann. Como disse Edinho: “Dialogar não significa apoiar. As decisões vão depender dos cenários, e sempre as direções do PT nos estados vão estar nos processos decisórios. A prioridade sempre será a montagem do palanque para o presidente Lula, as posições pessoais e divergências locais terão que ser superadas”.(…) Também não deve ser empecilho para o diálogo com Kalil “a notícia de que ele teria manifestado não desejar um vice indicado pelo partido”. Na minha opinião não devemos repetir a estratégia de 2022, com a indicação do vice de Kalil; devemos discutir com ele e o PDT um vice do campo progressista e apostarmos no protagonismo na chapa com a indicação de uma candidatura ao Senado; se o PT concordar poderá ser a da prefeita Marília Campos, que poderá se tornar a primeira senadora da história do PT Minas. E Kalil e Marília poderão ser um “reforço mútuo”, ambos são muito fortes na Grande BH e na região Central, o que poderá potencializar as duas candidaturas para todo o Estado.
Kalil não quer “nacionalizar” a disputa para o governo do Estado; o eixo dele é uma forte oposição a Romeu Zema e Matheus Simões e contrapor com as realizações como prefeito de Belo Horizonte. Alexandre Kalil tem qualidades boas para um candidato: a) está motivado; b) tem consciência da grave situação financeira de Minas; c) sabe das fragilidades em termos de realizações do governo Romeu Zema. Diz ele: “As pesquisas, não só as que sairam, foram publicadas. Aqui mesmo, em Contagem, a prefeita, minha amiga Marília, pode falar que as pesquisas aqui também estão muito boas. Nós estamos falando do primeiro colégio eleitoral de Minas e do terceiro colégio eleitoral de Minas. Então, se os números me conduzirem para o governo de Minas, porque para ser candidato ao governo de Minas tem que mostrar, tem que falar ‘eu tenho condição de governar um Estado numa profunda crise’. Vai ser um governo duríssimo porque eu quero fazer e sei fazer, porque se depender de mim para colocar peruca e comer banana com casca, eu não vou ser candidato a nada. A minha proposta de ser candidato ao governo de Minas é se eu puder entregar, poder colocar para o povo mineiro a dificuldade que nós estamos hoje, porque não é só entregar ativo para o governo federal, é fazer um enxugamento de uma máquina que está emperrada há quase 12 anos sem sair do lugar. Então, se essa proposta convencer o eleitor, se os números me colocarem como candidato, eu sou candidato”.(O Tempo, 11/07/2025).
A centralidade de Kalil é para uma eleição para o governo do Estado não nacionalizada e com foco na oposição ao governo Romeu Zema e seu candidato, Matheus Simões. Perguntado sobre os anos do governo Zema e o que faria diferente, ele respondeu: “Não, ele não fez. Eu podia falar que o hospital de Teófilo Otoni está malfeito. O tal hospital de Juiz de Fora, que ele prometeu, está torto. O plano de rodovias que ele recuperaria em Minas está malfeito. Não, ele não fez e não vai fazer, e não tem intenção de fazer. Nem fazer hospital na Gameleira para entregar para a iniciativa privada, porque se me falar um hospital privado que atende o SUS, eu levanto e peço desculpa para ele. Então, o que eles querem é fazer um hospital na Gameleira para dar para empresário. E saúde, educação e segurança é coisa do Estado, é o Estado que tem que cuidar. O que ele prometeu, o que ele fez? Eu quero saber. Eu falei isso aqui, já falei isso na campanha: levantar um hospital custa, vamos colocar aqui só para entender, R$ 50 milhões. Esse hospital custa R$ 50 milhões por mês. Você acha que quem está agredindo o presidente da República, está passando pela cabeça dele, que o único jeito de fazer um hospital público nesse país é com o Ministério da Saúde? Quem agride o governo federal para fazer política ideológica está com intenção de abrir seis hospitais no estado?”(…) “A briga com o presidente da República é uma estupidez, principalmente por um estado que está quebrado e falido. Porque quando a prefeitura briga com o presidente da República, ela tem dinheiro, pelo menos tinha. Não sei como é que está hoje. Mas tinha muito dinheiro, não precisava. O Estado hoje está aí, no Propag, rastejando no chão com uma dívida de R$ 190 bilhões, uma briga na Assembleia para entregar a Cemig, a Copasa. Vamos privatizar, sim, mas o que dá prejuízo, o que não é atendimento para o povo. Tem muita coisa. Tem estrada para burro para privatizar, e as que estão privatizadas no território mineiro, estão uma vergonha. E eu estou falando aqui como quem anda e prova que andou 23 mil quilômetros de estrada ano passado. Como eu tenho revisão das minhas motocicletas, sei exatamente quanto eu andei nas estradas ano passado, eu andei 23 mil quilômetros de estrada. Por todas as regiões. Passei agora, tem 20 dias, onde é que teve o acidente horrível, indo para Diamantina, passar desde Curvelo em quebra-mola até hoje. Tem um trecho que já está privatizado, é um espetáculo de uma via dos cristais. Tem, inclusive, atendimento, banheiro, muito boa, é o caminho”.(…) Perguntado qual seria a solução para a dívida de Minas, Kalil afirmou: “Fazer as pazes com o governo federal, parar de esculhambar quem tem a caneta na mão, sentar lá e tentar fazer alguma coisa porque hoje não tem nem tentativa. Quando você fala que você quer entregar uma universidade e um hospital para o governo federal, você está achando que alguém é bobo ou o povo é burro e não entendeu. Isso aí é o seguinte: todo mundo quer entregar todos os hospitais, universidade para o governo federal. Ele já tem tripartite. Quer entregar o quê? Eu acho que não é o caminho. Eu acho que o caminho é sentar na mesa. Agora, sentar na mesa como? Sentar na mesa com o cara que esculhamba, que não tem nem ambiente para conversar?”. (O Tempo, 11/07/2025)
Kalil já tem ideia inicial de seu slogan de campanha: “Coragem para fazer, coração para cuidar”; proposta é contrapor governo Zema com as realizações como prefeito de BH. Reportagem do jornal O Tempo sintetiza as ideias iniciais de uma eventual campanha de Kalil, tendo como eixo contrapor o governo Romeu com as realizações como prefeito de BH. Diz o jornal: “Decidido, até então, a entrar novamente na disputa para o governo do estado em 2026, o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PDT), deve apostar em ações que considera importantes na sua gestão municipal como diferencial em relação aos demais concorrentes. A pré-candidatura ainda não foi lançada, mas a campanha, que começa no ano que vem, já tem uma ideia inicial de slogan, caso ele seja mesmo candidato: “coragem para fazer, coração para cuidar”. (…) “A estratégia é unir as duas palavras, coração e coragem, associando a feitos de sua gestão na cidade e tentando se mostrar um candidato forte para a gestão do estado. Um deles, por exemplo, é um projeto lançado em 2021, com foco em vilas, favelas e conjuntos habitacionais de Belo Horizonte, com o objetivo, à época, de ampliar o acesso à internet em regiões mais carentes da cidade”.(…) “Outra propaganda que pretende usar, caso seja mesmo candidato, são as ações para construção de bacias de contenção de águas de chuva. Durante a gestão como prefeito, anunciou obras para evitar, por exemplo, enchentes na avenida Vilarinho, na região de Venda Nova. Por diversas vezes, se posicionou com firmeza em relação às responsabilidades da prefeitura. Em um episódio específico, em Venda Nova, afirmou que a culpa por duas mortes era do prefeito: “chega de paliativo, chega de assassinato. O prefeito é culpado por duas mortes e uma pessoa desaparecida. Vocês não sabem como dói no coração do prefeito uma responsabilidade dessas”, disse, em 2018, no segundo ano da primeira gestão, durante uma coletiva após uma mulher de 45 anos e uma menina de dez terem morrido em Venda Nova. Essas obras de contenção já foram usadas como estratégia na campanha do deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos), que teve o apoio de Kalil para tentar a prefeitura em 2024, mas perdeu, sem chegar ao segundo turno. Em uma das agendas na rua, Tramonte citou que a bacia feita por Kalil em Venda Nova poderia ser levada para outros bairros”.(…) “Como carta na manga, o ex-prefeito também deve utilizar na futura campanha o funcionamento do Hospital do Barreiro (Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro). Durante a última disputa para o governo de Minas, em 2022, essa instituição de saúde chegou a ser motivo de ‘briga’ com o atual governador Romeu Zema (Nova), que venceu no primeiro turno. Kalil acionou a Justiça contra Zema, com pedido de direito de resposta sobre o uso do hospital como propaganda”.(O Tempo, 07/11/2025). (…) Esta é uma linha promissora de campanha, já que em pesquisa recente sobre as realizações do governo Romeu Zema, nada menos que 70% dos pesquisados “não sabem” ou “não responderam” e outros 13% disseram “nada”. Veja as poucas lembranças do governo Zema: investimento em estradas (2%), Anel Rodoviário (2%), asfalto de ruas e avenidas (1%), dívida com a União (1%), construção de hospitais (1%), aumento salarial (1%), educação (1%), saúde (1%), viadotos/pontes e trincheiras (1%), pedágios (1%); 20 outras citações, inclusive metrô, com poucas citações foram quantificadas com 0%.
Não “nacionalização” da eleição para o governo do Estado proposta por Kalil é aceitável se não significar “neutralidade” na disputa para a presidência da República. Em uma longa matéria de Bruno Luiz, no UOL, Kalil afirma que será o candidato da terceira via. Dos candidatos a presidente, Kalil é mais crítico em relação a Romeu Zema, comparado a “Padre Kelmon: “Kalil ironizou os planos de Romeu Zema (Novo) de concorrer à Presidência da República. Já no segundo mandato e sem possibilidade de se reeleger, o governador tem articulado participar da corrida pelo Palácio do Planalto em 2026, de olho em herdar os votos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível. Para Kalil, Zema tem o mesmo potencial eleitoral de um candidato nanico. “Se o Padre Kelmon pôde ser candidato a presidente, o Zema também pode. Ele terá a mesma competitividade do Padre Kelmon.”(…) Kalil elogia Tarcísio de Freitas e Lula: “Kalil não descartou a possibilidade de apoiar um candidato de oposição a Lula. Ele citou ter uma “ótima relação” com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, cotado para concorrer no próximo ano, e disse não ter “extremismo”. “Em Minas Gerais, o PDT vai acompanhar, segundo o que foi apalavrado entre o Alexandre Kalil e o Carlos Lupi, quem o Alexandre Kalil quiser. Tenho ótima relação com Tarcísio, com Lula, com todo mundo. Eu não tenho esse problema, não. Não tenho esse extremismo, não. Eu gosto de privatização, PPP em hospital, gosto de estrada privatizada. Tudo isso me agrada muito. Como eu gosto de dar cesta básica pra quem tá passando fome, gostei de levar sabonete e água pras áreas carentes na pandemia. Gosto de muita coisa dos dois lados.”(…) Kalil vê melhora na situação de Lula e, na avaliação dele, o presidente caminha para a reeleição: “O ex-prefeito de Belo Horizonte vê melhora na situação do presidente Lula, que, na avaliação dele, se encaminha para reeleição. Para Kalil, a viabilidade eleitoral do petista melhorou por causa da atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do empresário Paulo Figueiredo nos Estados Unidos, por sanções ao Brasil. “Hoje, há uma melhora da popularidade do presidente Lula. Aliás, se o presidente Lula juntar todos os aliados de Brasília e dos 26 estados da federação, nenhum deles conseguiram fazer o bem que o Eduardo Bolsonaro e o Paulo Figueiredo fizeram pra ele. Ele tem esses dois grandes articuladores políticos dele no exterior e, se continuar com esse brilho, pode se encaminhar pra uma reeleição. Eu acho que o governo Lula tem um cuidado com a população mais pobre, mas passou um pouco do tom, está exagerado. É muito estado, muita participação do estado, tem que caminhar pra um estado mais enxuto. Cuidar de quem mais precisa, claro, claro, mas ter um olho pra parte que produz e que não aguenta mais pagar imposto.”(…) Kalil afirma que poderá ser o candidato da terceira via: “Kalil disse considerar a ideia de concorrer, no ano que vem, sem aliança com candidatos à Presidência ou padrinhos políticos fortes. Dos nomes cotados para a corrida estadual, Rodrigo Pacheco pode ter apoio de Lula; o senador Cleitinho (Republicanos- MG) ou o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), do ex-presidente Jair Bolsonaro; e o vice-governador Mateus Simões (Novo), de Romeu Zema.
Neste cenário, Kalil avalia sair como candidato da terceira via, discurso que o levou em 2016 a se eleger prefeito da capital mineira. “É uma boa opção. Eu sou muito a favor do que eu penso. Não vou comer banana com casca na internet pra ter voto. Botar fantasia pra ter voto, eu nunca fiz. Quem me conhece em Minas sabe que isso eu não faço. Você consulta as pesquisas, e eu continuo em segundo lugar no estado. Na Região Metropolitana, em primeiro lugar, onde se reúne quase 40% do eleitorado de Minas Gerais.”(UOL, 19/10/2025).
A posição de Kalil sobre a eleição presidencial é o maior desafio para fechar uma aliança dele e do PDT com o PT e campo progressista. Kalil é duro na oposição a Romeu Zema; mas suas posições beiram a “neutralidade” no que se refere ao apoio a Lula ou a Tarcísio de Freitas. Algumas exigências de Kalil são aceitáveis, como na definição da candidatura de vice na chapa dele e de uma desnacionalização da candidatura para o governo do Estado. Mas o compromisso formal de toda a Frente Ampla e da candidatura Kalil pode ser discreto mas deve ser claro: presidente é Lula!
Bernardo Melo, de O Globo, sobre Minas Gerais: esquerda enfraquecida e direita dividida! Uma longa reportagem do jornal O Globo, publicada em 08/11/2025, analisa a força e o enfraquecimento da esquerda mineira: “Entre a primeira eleição de Lula, em 2002, e a onda bolsonarista de 2018, o PT acumulou um histórico de votações expressivas em Minas, sempre ligeiramente acima do resultado nacional. Além de emplacar a maior bancada na Câmara em todos esses anos, o partido também derrotou o PSDB na eleição ao governo em 2014.Naquele ano, Dilma disputou a reeleição mais bem avaliada em Minas do que na média nacional, mesmo enfrentando um rival “da casa”, o ex-governador Aécio Neves. Em 2006, Lula também desfrutava de melhor avaliação lá do que no Rio e em São Paulo.(…) Desde 2018, porém, o cenário político no estado passou a pender mais à direita. Neste ano, segundo a Quaest, Lula chegou a 46% de avaliação negativa em Minas, acima dos 39% de reprovação nacionalmente. Nesse contexto, a prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), cotada para concorrer ao Senado, diz que a prioridade tem que ser compor um palanque não encabeçado pela esquerda: “Esta não é uma eleição para o PT disputar o governo. O cenário requer um perfil mais de centro, especialmente para governar depois. Minas é um estado que não está saneado financeiramente, o que exigirá o enfrentamento de temas como a dívida com a União, e o perfil do PT teria mais dificuldade para isso”.
Bernardo Melo fala da direita dividida em Minas Gerais: “Já a direita, apesar de estar hoje mais robusta no estado, tem problemas para unificar seu palanque, o que pode atrapalhar a competitividade de candidatos. O atual vice-governador Mateus Simões, indicado por Zema como sucessor, se filiou ao PSD. Simões também busca ampliar sua aliança, mas ainda esbarra em resistências de PL e Republicanos a uma composição. “Continuo entendendo que a unificação é o melhor cenário para garantirmos a continuidade desse trabalho”, declarou o vice-governador após sua filiação ao PSD.(…) O PL avalia lançar ao governo uma candidatura do deputado federal Nikolas Ferreira. Já o Republicanos alimenta planos de uma chapa ao governo encabeçada pelo senador Cleitinho Azevedo. Bastante atuantes nas redes sociais, ambos são considerados as lideranças mais populares da direita hoje no estado.(…) Reservadamente, integrantes do PL avaliam que uma composição com Simões dependerá do desenho nacional: o vice-governador apoia Zema à Presidência, o que não é a preferência de Bolsonaro. Interlocutores de Cleitinho, por sua vez, vêm mostrando incômodo com movimentos de Simões para minar a candidatura do senador.(…) Cleitinho também teve atritos recentes com o PL, após ter se posicionado a favor do fim da escala 6×1 e contra a PEC da Blindagem, na contramão dos posicionamentos de lideranças bolsonaristas, como Nikolas. O senador ainda foi criticado pelo bolsonarismo por não garantir apoio ao candidato à Presidência escolhido por Bolsonaro.(…) Os movimentos esfriaram a chance de uma composição entre ele e o PL, que tampouco tem a garantia de que Nikolas disputará o governo. Interlocutores do deputado, que tem 29 anos, avaliam que ele prefere “se preservar” de um movimento precipitado ao Executivo estadual e se concentrar em uma futura candidatura ao Senado — ele ainda não tem a idade mínima de 35 anos para disputar o cargo.(…) Uma das alternativas já aventadas no PL é filiar novamente o senador Carlos Viana (Podemos-MG), que disputou a eleição de 2022 pelo partido, e lançá-lo ao governo. O plano, porém, depende da atuação de Viana como presidente da CPI do INSS, vista pelo bolsonarismo como plataforma para 2026”.
José Prata Araújo é economista.