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José Prata: Um breve balanço da campanha Lula presidente em Contagem

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Em Contagem, numa ampla articulação do PT Municipal, partidos da federação e aliados, da prefeita Marília Campos e das candidaturas proporcionais de nossa cidade, rompemos com o modelo de campanha pragmática no primeiro turno (basicamente voltada para as candidaturas de deputados federais e estaduais) e organizamos na cidade a campanha majoritária (presidente, governador e senador) desde o primeiro turno, quando fizemos 11 atividades (lançamento candidaturas em nossa cidade; sextou, que era o bandeiraço; caminhadas e carreatas); rearticulamos os Setoriais do PT; e fizemos uma campanha publicitária sobre as diretrizes programáticas de Lula. No segundo turno fizemos seis grandes reuniões regionais; reuniões dos comissionados do governo; três sextou no Eldorado; e caminhadas e bandeiraços em outras sete regiões. Fizemos uma campanha publicitária na internet sobre as realizações de Lula e Marilia em Contagem no período de 2005 a 2012.(…) Não vencemos a eleição em Contagem, mas demos uma grande contribuição para a expansão da votação de Lula em Minas em comparação com Fernando Haddad em 2018. Lula teve em Minas, em 2022, 6.190.960 votos contra 4.382.952 votos de Fernando Haddad em 2018, um aumento de 1,808 milhão de votos, com crescimento percentual de 41,26%. Lula teve em Contagem no segundo turno 162.786 votos, um aumento expressivo em relação aos 105.418 votos de Fernando Haddad em 2018; um crescimento de 57.368 votos, o que dá um aumento percentual de 54%, o que é superior ao crescimento de 41,26% do petista em Minas.(…) Em uma apuração dramática, que já experimentamos com Marília em 2020, Lula virou a disputa com 70% dos votos apurados e venceu Bolsonaro com uma diferença de 2,1 milhões de votos. A militância comemorou na Praça da Glória e cantou o hit de campanha de Lula: “Tá na hora do Jair, já ir embora”!

FUI O COORDENADOR DA CAMPANHA MAJORITÁRIA EM CONTAGEM. Não foi fácil coordenar uma campanha majoritária tão tensa, como a de Lula. Durante mais de dois meses, meu corpo expressou minhas angustias e tensões. Passei toda a campanha com o ato de “ranger os dentes”. Impressionante, em períodos muito curtos, eu, devido a enorme ansiedade, me “pegava” com os dentes rangidos. Estou tentando, passada a eleição, voltar ao normal, com mais tranquilidade. (…) Sou hipertenso, mantive o aparelho de medir pressão sempre ao meu lado, e, por incrível que pareça, não tive nenhum pico de pressão ao longo de toda a campanha. Isto porque sempre tive uma enorme confiança na eleição de Lula e sempre passei esta confiança para a militância progressista de Contagem. Fiz, há alguns anos, um livreto de quase 100 páginas sobre Lula, menos sobre política e mais sobre o líder e os sentidos gerais de seus vínculos com o povo. Lula não é um líder carismático apenas, é acima de tudo um líder pela “identificação”, ele é “um de nós”, e este tipo de líder é muito difícil de ser batido; Wanderley Guilherme dos Santos, nosso maior cientista político, escreveu certa vez que Lula era “indestrutível”. Sempre me impressionou como Bolsonaro ampliava sua intenção de voto, mas não tirava votos de Lula, que sempre ostentou 48% a 49% dos votos totais. Se Lula tinha esta intenção de votos, não perdia mas também não ampliava a votação, tudo indicava portanto que a diferença de votos seria muito pequena, para cima ou para baixo, e felizmente, Lula ganhou com frente de 2,1 milhões de votos.

ME ENGAJEI MUITO NA CANDIDATURA DE MOARA SABOIA DEPUTADA ESTADUAL. Desde que a vereadora e companheira Moara Saboia se lançou como candidata a deputada estadual, não tive dúvida em apoiá-la. Defini pelo apoio antes mesmo de qualquer conversa com ela; considerava natural o apoio a uma candidata mulher, negra e jovem, além de líder da Marília na Câmara Municipal. Fui uma das pessoas mais engajadas na articulação inicial da candidatura buscando convergir para ela o campo histórico que se reúne em torno da liderança da Marília, além de buscar convergir o petismo de forma mais ampla para a candidatura. Redigi para a Moara o texto “Um olhar sobre Minas Gerais”, um diagnóstico bem amplo de nosso Estado. Redigi junto com o Ivanir Corgosinho a plataforma da campanha da Moara. E, como intelectual orgânico, fui para a rua fazer a campanha da Moara, em especial na Rádio Peão, no Centro Comercial do Eldorado, em frente ao antigo Iria Diniz; antes de sair de casa tomava regularmente uma ou duas taças de vinho para ganhar coragem. Quando o sinal de trânsito digital fechava, os carros paravam, as pessoas atravessavam o sinal e eu, acompanhado quase sempre pelo Gilvan e outros militantes, fazíamos a defesa, num pequeno aparelho de som, da candidatura da Moara Saboia. Foi linda a campanha. Moara teve uma votação surpreendente de 38.640 votos e foi a deputada de esquerda mais votada em Contagem, com 18.059 votos. Ficou um grito parado na garganta, pois Moara ficou na primeira suplência do PT e segunda da Federação (PT, PV e PCdoB), mas ela se firmou como uma liderança emergente em Minas e em nossa cidade. Acho que Moara deveria buscar manter como base do seu mandato de vereadora a ampla convergência de pessoas de sua candidatura de deputada estadual, não deveria voltar a situação anterior de uma base social mais restrita. Se ela fizer este movimento, pode contar comigo. Viva Moara! Via o governo de mulheres de Contagem!

ESTOU FAZENDO UM ESTUDO SOBRE AS ELEIÇÕES EM CONTAGEM. Como sempre faço em minha trajetória política, estou fazendo, em parceria com o Ivanir Corgosinho, um estudo das eleições em Contagem para os cinco cargos que foram disputados. Espero divulgá-lo ainda no mês de novembro, porque em dezembro preciso relaxar e descansar. No texto vou abordar: o surgimento e ampliação do bolsonarismo no Brasil, a partir de uma abordagem histórica e mundial feita pelo meu guru, o sociólogo José Luís Fiori; a vitória de Lula, que deixou em muitos um gosto amargo, porque não foi com a diferença desejada, mas para mim foi a vitória saborosa e sem nenhuma amargura, a mais importante dos últimos 40 anos no Brasil e que teve uma repercussão internacional maravilhosa; foi uma vitória baseada numa ampla votação no Nordeste, mas com um avanço decisivo no Sudeste e em parte do Sul, com uma importante desbolsonarização de estados como Minas, Rio, São Paulo e Rio Grande do Sul, especialmente nas grandes cidades destes estados; vou defender a tese de que os resultados de Contagem não irão respingar negativamente no governo Marília Campos, pelo contrário com Marília aqui e Lula lá poderemos ter tempos ainda mais maravilhosos em nossa cidade; e vou defender na conclusão do texto a necessidade de nosso governo combinar a “gestão” com a “formação de opinião”, numa inflexão histórica para as bases, o que deve ser seguido também pelos partidos de esquerda (por exemplo, o PT deve, em minha opinião, além dos setoriais, consolidar uma forte organização nas oito regiões de Contagem). Em outras palavras: vamos à luta para que as conquistas do governo Marília Campos e também de Lula repercutam em uma nova cultura política em nossa cidade. Uma Contagem democrática, solidária e antifascista, é isto que queremos!

José Prata de Araujo é economista.

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