Iniciamos o ano de 2023 com um grande encontro com a militância da região Riacho, em Contagem, coordenada pelo José Rodrigues e Jane Andreia. Participaram aproximadamente 80 pessoas; estiveram presentes também o vereador Vinicius Faria; Ludmila Queiroz, do Mandato Moara Saboia; a professora e ex-candidata Adriana de Souza; nossa querida Letícia da Penha; dois membros do Diretório do PT: Alexandre e Ramon Santos, que é o novo Secretário de Cultura de Contagem. Fui o convidado para fazer a exposição política e lançar o meu último trabalho: “Marília aqui e Lula lá!”, onde explico a emergência da extrema direita no Brasil e no mundo e dou um balanço das eleições no Brasil, em Minas e em Contagem, com 25 tabelas com os resultados eleitorais. Expus aos presentes aquilo que considero os três eixos da esquerda de Contagem: formação política, comunicação e trabalho de base. Veja a seguir algumas das minhas conclusões e propostas.
LULA EM BRASÍLIA E MARÍLIA EM CONTAGEM. Vivemos uma situação muito feliz em Contagem: somos um dos poucos lugares do Brasil onde Lula e Marília governaram juntos no passado, o presidente de 2003 a 2010 e a prefeita de 2005 a 2012; agora replicamos a parceria novamente, com Marília governando Contagem de 2021 a 2024 e Lula governando o Brasil de 2023 a 2026. A esquerda governar um grande município tendo Lula na presidência é um privilégio. Mas temos grandes desafios pela frente.
No plano nacional não subestimamos a vitória de Lula, e, ao invés de afirmar que o petista “ganhou por pouco” ou “quase perdeu”, destacamos a “vitória heroica” contra o fascismo, ou como disse um jurista “Lula era a última linha de defesa da República” e venceu a disputa; além disso foi uma vitória contra a máquina pública, contra o assédio empresarial e as mentiras. Lula tomou posse em uma festa maravilhosa e fomos surpreendidos com o 8 de janeiro, uma tentativa de golpe fascista para derrubar Lula, que foi rechaçada e a democracia e Lula saíram fortalecidos. E importante: 93% da população, segundo o Datafolha, repudiaram os atos terroristas; a esquerda não pode repetir a estratégia anterior, deve continuar a disputa contra a direita e a centro-direita, mas deve focar neste momento no isolamento do extremismo golpista e fascista. Mas o repúdio aos atos terroristas não significa apoio automático a Lula, que inicia o governo com uma baixa expectativa de 60% da população, devido a polarização, nos termos em que se deu nos últimos anos. O Brasil está muito dividido, mas os dois campos estão muito unidos. A situação, é preciso reconhecer, continua muito desafiadora, mas o governo está no caminho certo: a) Lula está buscando consolidar uma base política no Congresso Nacional; b) ao mesmo tempo o governo busca ampliar uma base política na sociedade civil, com na reunião com as centrais sindicais, por exemplo; c) Lula não cedeu a uma política econômica conservadora, aprovou a PEC da transição com expansão dos gastos e vem tomando medidas pela retomada do crescimento da economia, em uma situação de desaceleração, onde se destaca a taxa de juros muito elevada; d) Lula está buscando uma reinserção do Brasil no mundo, isto já se deu na posse e em visitas que fará à Argentina, Estados Unidos e China. Será uma luta longa até 2026.
É bem provável que, tendo falhado o golpe no dia 8 de janeiro, outras tentativas golpistas estejam sendo planejadas, mas a tentativa de “terceiro turno” provavelmente será nas eleições de 2024. E na disputa que se avizinha, nossa situação política em Contagem é muito favorável. Marília, com as finanças de Contagem arrumadas, tem uma impressionante aprovação popular, com apoio (ótimo, bom e regular positivo) de 81% da população, uma aprovação com grande capilaridade, com altos índices em todos os quesitos: sexo, renda, escolaridade, idade, religião, região.
Veja só: Lula teve em Contagem 45% dos votos; Marília, neste momento, supera a polarização na cidade e tem 81% de aprovação, ou seja, 36% dos eleitores de Bolsonaro aprovam o governo petista. Claro que a oposição, que está se articulando, vai buscar reduzir a aprovação e o apoio de uma eventual candidatura de Marília para um quarto mandato. Nossa situação é muito favorável: Contagem, ao contrário do Brasil, está com as contas arrumadas e tem uma grande capacidade de ampliar as políticas públicas e os investimentos para melhorar a vida das pessoas e isto contribuirá para manter a popularidade de Marília em termos elevados. Mas seremos vitoriosos se tivermos em Contagem uma esquerda politizada, orgânica e com forte trabalho de base.
NOSSOS TRÊS EIXOS: FORMAÇÃO, COMUNICAÇÃO, E TRABALHO DE BASE. Na reunião do Riacho expus sobre o que considero nossos três eixos políticos de um projeto “fortemente coletivo”: formação, comunicação e trabalho de base. E mais: trata-se de um “projeto coletivo” em duas frentes: no governo Marília Campos e na sociedade civil, em que se destaca a necessidade de fortalecimento dos partidos que fazem parte da base de apoio, especialmente do PT, partido que sou militante.
Na formação política, área em que tenho enorme acúmulo, lançamos, eu e o Ivanir, um blog, onde publicamos artigos de nossa autoria, de intelectuais de todo o Brasil e é um espaço aberto para outras pessoas da esquerda de Contagem que querem divulgar suas ideias e propostas. Minha produção está a todo vapor e aceitei a sugestão da Marília para voltar a publicar minhas cartilhas impressas: a) lancei o caderno “Marília aqui e Lula lá!”, que está tendo uma boa receptividade; b) lancei, junto com o Dalmy Carvalho, um texto, que vai virar uma pequena cartilha, com a histórica arrumação das finanças de Contagem feita pela Marília; c) estou redigindo a cartilha “Os enormes desafios dos governos municipais”, onde com a contribuição de diversos amigos e amigas do governo Marília, pretendo sugerir uma agenda política para os prefeitos e prefeitas, especialmente para Marília, junto ao governo Lula; d) a seguir vou lançar um texto sobre as previdências municipais para debate em Contagem e também para interlocução de Marília junto ao governo Lula; e) no mês de maio, que marca os 40 anos do meu casamento com a Marília, pretendo lançar a segunda edição com um grande lançamento público, que eu não fiz antes, do meu livro de crônicas “A maravilhosa matemática do amor”. Convido a outros militantes da esquerda de Contagem que façam também textos políticos e os publique em cartilhas impressas para favorecer a formação política com um olhar mais amplo, multipartidário e plural. No governo Marília Campos a principal iniciativa na formação de opinião é o lançamento de uma cartilha, provavelmente em fevereiro, com conteúdo bem publicitário, com um balanço altamente positivo dos dois anos do governo Marília Campos. O que se espera é que todos os secretários e principais formuladores das diversas secretarias, ajudem na ocupação das mídias sociais, redigindo textos, “batendo bumbo” para as realizações do governo. Na expressão popular, queremos pessoas que “cresçam e apareçam”, que é um “dito que expressa a necessidade que o interlocutor deve dar-se devida consideração da sua própria relevância”. É inacreditável que um agente político, minimamente politizado, não se preocupe com “sua própria relevância” para o governo municipal e para a população.
Na comunicação discordo de muita coisa de André Janones, mas ele tem razão em duas questões chaves: a esquerda é muito fragmentada na política de comunicação e não disputa a pauta política com a direita e adere às provocações e memes da pauta da direita. Política de comunicação, como diz o Ivanir Corgosinho, é a “comunicação da política”. E qual a política da esquerda? É preciso que o governo Lula e o PT e demais partidos de esquerda produzam uma comunicação de qualidade nacionalmente, que seja replicada pela militância progressista de todo o país, com uma agenda claramente de esquerda, e até mesmo os materiais publicitários, os memes, devem estar sintonizados com a política que nos interessa. Em Contagem a comunicação será facilitada com a enorme sistematização que estamos fazendo de nossa cidade, base para as peças publicitárias. Mas comunicação exige recursos: governo tem toda uma estrutura de comunicação; mas a comunicação dos partidos, que é essencial, não tem sido feita, ou é feita de forma tímida, por absoluta falta de recursos. E de onde virão os recursos? Devem vir dos militantes partidários que estão no governo, que devem cumprir os estatutos partidários e fazerem a contribuição regular aos seus partidos, e também dos militantes que estão fora do governo. No PT Contagem defendo que o Partido faça uma forte campanha permanente na internet de defesa do governo Marília Campos, com impulsionamento, e também tenha um pequeno boletim periódico para o trabalho presencial. Governo de esquerda é um “projeto coletivo” e todos e todas militantes partidários devem contribuir para que possamos defender nosso governo nos embates políticos que vamos enfrentar até as eleições de 2024.
Finalmente, temos a necessidade urgente de retomar o trabalho de base e o diálogo com amplos setores sociais. Aquelas reuniões que fizemos em Contagem no segundo turno, se não mudaram os resultados eleitorais, foram, em minha opinião, um embrião daquilo que precisamos fazer: reunir gente do povo, lideranças para muito além dos funcionários da Prefeitura e “militantes de carteirinha”. Marília já faz um trabalho enorme de diálogo social, em reuniões na Prefeitura, visitas às comunidades e órgãos públicos. Mas o governo não pode depender apenas das iniciativas da prefeita, cada agente político precisa ser um agente deste diálogo em cada comunidade ouvindo sugestões e críticas mas também “capitalizando” politicamente cada obra realizada e serviço público ampliado. Provavelmente, a cartilha do governo de balanço dos dois anos do governo Marília será lançada em reuniões amplas na oito regionais e poderá, quem sabe, consolidar um diálogo social mais amplo do governo com a população de Contagem. Os partidos da base de apoio, em outros espaços, devem fazer o mesmo. Nós, do PT Contagem, vamos fazer um amplo diálogo social através: a) da consolidação dos setoriais do Partido, com a mobilização por segmento, seja de funcionários comissionados e efetivos da Prefeitura e da militância social; b) vamos também, de forma pioneira em nossa Cidade, construir as Regionais do PT nas oito regiões de Contagem, em reuniões amplas de filiados e simpatizantes, com definição de coordenações regionais e periodicidade das reuniões e plenárias. É isso aí: com formação, comunicação e trabalho de base vamos consolidar uma Contagem democrática, solidária e antifascista. É Marília de novo com a força do povo!