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Tese da chapa Lula, PT e Resistência Socialista: lutar contra a desigualdade e pela democracia

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Tese da chapa Lula, PT e Resistência Socialista: lutar contra a desigualdade e pela democracia para o Processo de Eleição Direta do PT (PED) 2025. Representam a tese que concorre com o número 200, Camila Moreno, Paulo Teixeira, Rose Rodriguês, Eric Moura e Henrique Fontana. Leiam a integra do documento:

“Carregamos no peito, cada um, batalhas incontáveis.
Somos a perigosa memória das lutas.
Projetamos a perigosa imagem do sonho.
Nada causa mais horror à ordem
do que homens e mulheres que sonham.
Nós sonhamos. E organizamos o sonho.”
(Pedro Tierra)

A Resistência Socialista se apresenta ao conjunto do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras nesse Processo de Eleições Diretas do PT de 2025 como uma tendência interna de esquerda cujo objetivo é contribuir com processo de organização e atualização do caráter de esquerda, militante, socialista, pedagógico e popular do nosso partido. Para ampliar nossa capacidade crítica e autocrítica. Para realizar a missão histórica da resistência e do combate ao neoliberalismo, ao neofascismo, à extrema direita e ao reacionarismo.

Estamos organizados em 25 estados do Brasil e no Distrito Federal. Somos compostos por militantes dos movimentos sociais, por militantes jovens e fundadores do PT, por feministas, por antirracistas, por negros e negras, por indígenas, por lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis, por intelectuais, por dirigentes partidários e por parlamentares. Fundamos a Resistência Socialista porque avaliamos que em todo processo do enfrentamento ao golpe contra Dilma, nosso partido esteve aquém da resistência política necessária. Faltava enraizamento nos territórios, capacidade de mobilização social e horizonte estratégico para o enfrentamento ao fascismo que estava em crescimento escalonar em nosso país.

Contribuímos com a mudança significativa da compreensão conjuntural que permitiu que a prisão injusta e ilegítima do Presidente Lula fosse enfrentada com luta através da construção de Comitês Lula Livre por todo Brasil, da vigília Lula Livre em Curitiba e da manutenção da candidatura Lula Presidente que mostrou para o Brasil e para o mundo a gravidade da violência política cometida por Sérgio Moro e a Lava Jato. Defendemos o enfrentamento ao Governo Bolsonaro e a compreensão de seu caráter neofascista desde o início e estivemos na coordenação e mobilização do Fora Bolsonaro, que nos permitiu denunciar ao Brasil os crimes cometidos por Bolsonaro na pandemia e a organização de uma Frente Ampla Democrática que contribuiu profundamente na eleição do Presidente Lula.

Se no Congresso do PT de 2019 nossa tese afirmava que as principais tarefas naquele momento eram: derrotar Bolsonaro, garantir Lula Livre e eleger Lula Presidente, hoje, acreditamos que nossa principal tarefa é reeleger Lula Presidente com uma Frente Ampla eleitoral e um programa para a classe trabalhadora.

Nos apresentamos com uma tendência da esquerda petista, mas com vocação dirigente. Queremos disputar os rumos da direção partidária e das decisões táticas e estratégicas do PT firmando nossa nitidez e defesa de um PT à esquerda, militante, socialista, pedagógico, popular, crítico e autocrítico, comprometido com a tarefa histórica de resistência e combate ao ultraliberalismo e ao neofascismo, reafirmando a defesa da nossa soberania nacional, da democracia e dos direitos do povo brasileiro. Defendemos um partido de caráter socialista e democrático e queremos contribuir para uma profunda reflexão sobre o papel do PT, seus desafios, sua estratégia e sua atuação.

1. O PT se encontra hoje, mais uma vez, diante de uma encruzilhada histórica que definirá nosso futuro como partido do povo e ferramenta estratégica para construção da esquerda brasileira.

2. Elegemos Lula Presidente diante de um cenários mais adversos do nosso país desde a redemocratização. Enfrentamos o golpe contra a Presidente Dilma, a prisão injusta e ilegal do Presidente Lula e vivemos o governo de ultra direita, negacionista e de morte de Bolsonaro.

3. Vivemos hoje as consequências dessa ruptura democrática, do fim do pacto estabelecido com a Constituição de 1988, do retrocesso de direitos para os trabalhadores dos governos de Temer e Bolsonaro, do enfraquecimento das instituições democráticas e do equilíbrio entre os poderes.

4. Apesar de termos eleito Lula Presidente, a democracia brasileira não é mais a mesma: o uso das emendas ao orçamento de forma indiscriminada e desconectada de um projeto de país, enfraquece o regime presidencialista. Estamos diante de novos e imensos desafios. O PT, como parte e também produto histórico do processo de redemocratização do país, deve se preparar para enfrentar os desafios que essa conjuntura nos impõe: é preciso mais que ganhar eleições majoritárias, é preciso construir maioria social.

5. Esse processo não acontece só no Brasil. O mundo sofre uma regressão democrática e redução de direitos, liderado pelo rentismo e pela extrema direita. A luta em defesa da democracia é, portanto, central para proteger as conquistas dos trabalhadores e garantir as condições para virar o jogo na disputa de hegemonia.

6. Cada vez mais se torna nítida a crescente incompatibilização entre neoliberalismo e democracia, como estamos assistindo na escalada antidemocrática de Trump nos Estados Unidos. Estamos em um período de retrocessos mundiais. O capitalismo se reestrutura radicalizando seu programa de exclusão e morte para milhões. Estamos diante de uma ordem mundial em colapso – e devemos lutar para que um novo mundo de mais igualdade, justiça social e equilíbrio ambiental nasça.

7. Ao longo da história, as grandes conquistas dos trabalhadores se deram pela luta contra o poder das elites capitalistas. Foi a luta que garantiu direitos trabalhistas, direito a férias, décimo terceiro, licença maternidade e salário mínimo. Foi a luta que garantiu a existência de serviço de saúde público e universal (SUS) e a educação básica pública e gratuita.

8. Direitos sociais e democracia são conquistas dos trabalhadores e têm nos partidos de esquerda seu principal agente. Viveríamos diante de mais exploração e repressão se ao longo das últimas décadas não houvesse, em todos os cantos do mundo, partidos de esquerda, intelectuais, movimentos sociais e organizações populares que lutaram por cada direito e por cada espaço de poder político.

9. No Brasil, por mais distante que ainda estejamos de uma sociedade realmente justa e equânime, não poderíamos falar do que já conquistamos sem nos referirmos à luta da esquerda pelo fim da ditadura e a luta do PT, com a sociedade civil e os movimentos populares por um novo Brasil, soberano, justo e democrático. As conquistas das eleições diretas, do SUS, da expansão da educação superior, da soberania, do desenvolvimento, entre tantas outras, tiveram a ver com a mobilização da sociedade e também com o protagonismo do PT e de seus governos.

10. A luta social, a organização popular e a disputa de ideias, portanto, devem passar a ocupar o centro da nossa atuação partidária tanto quanto as disputas eleitorais. Diante desse contexto, a reorganização do PT é tarefa urgente e necessária, sem a qual até nossa sobrevivência está ameaçada. Não estamos mais diante de disputas de modelos democráticos como nas décadas passadas. Estamos diante de uma crescente neofascista no mundo, com base social organizada, metodologia e programa.

11. É preciso que o conjunto do nosso partido se aprofunde na elaboração sobre esse “outro mundo possível”. Por isso defendemos que o Congresso Nacional do PT aconteça ainda em 2025 para atualizar nosso programa democrático-popular e nossa estratégia.

12. Após o período de retrocessos na democracia e no Estado brasileiro, em que as classes dominantes, o grande capital internacional e o imperialismo romperam com os princípios democrático-liberais desde o golpe de 2016 contra a presidenta Dilma Rousseff, a prisão de Lula e a eleição de Bolsonaro, iniciamos 2023 assistindo a posse do Presidente Lula, subindo a rampa com a diversidade do povo brasileiro.

13. Conseguimos garantir nas urnas uma potente vitória eleitoral e política contra o bolsonarismo, construída a partir de Frente Ampla e Democrática com partidos, movimentos sociais, artistas, intelectuais e vários outros importantes e diversos setores da sociedade brasileira. Construímos uma maioria popular que acreditou em nosso programa e na liderança do Presidente Lula para resgatar a esperança na reconstrução e transformação de um Brasil arrasado pelo governo reacionário e neoliberal.

14. O Governo Bolsonaro trouxe o Brasil de volta ao mapa da fome, junto com o desemprego, a inflação, o endividamento, a carestia e o desalento a milhões de famílias brasileiras. Além de ameaçar a soberania e a democracia brasileira, nos levou a uma política internacional de isolamento do restante do mundo e subserviência aos EUA, atacou as empresas estatais, diminuiu a capacidade de investimento do Estado, desmatou nossos patrimônios naturais e aprofundou as desigualdades sociais no Brasil, aprofundando a miséria e a fome.

15. Na economia, o governo Lula encontra um quadro ainda pior do que se esperava. Bolsonaro e Paulo Guedes armaram uma bomba para estourar no colo de Lula. Primeiro, limparam o caixa do Estado brasileiro em uma tentativa de comprar as eleições, o efeito desse arroubo foi um orçamento para 2023 que teve de ser profundamente emendado e recomposto com a “PEC do Bolsa Família e da Transição” que o novo governo articulou sua aprovação ainda no ano de 2022, antes de assumir formalmente, algo inédito na história do país. Sua aprovação permitiu que o governo Lula pudesse de fato acontecer, visto que não havia dinheiro previsto nem mesmo para atividades básicas do Estado brasileiro, muito menos para novos investimentos.

16. O presidente Lula iniciou o seu governo colocando em prática o programa que defendeu e ganhou as eleições. Já na montagem dos Ministérios, construímos uma equipe ministerial que garantiu a representação e diversidade de partidos da Frente Ampla e do povo brasileiro, lideranças com perfis técnicos, políticos e garantindo representação de gênero e étnico-racial. Desde os primeiros dias, o governo apresentou muito diálogo, união e trabalho para reconstruir o Brasil, com alguns destaques como: a Emenda Constitucional que garantiu o Bolsa Família e o programa de transferência de renda de 600 reais, o aumento do piso salarial dos professores, a sanção da lei que equipara a injúria racial ao crime de racismo, a retomada de investimentos na cultura, a retirada dos Correios, EBC, CONAB, CEAGESP e Petrobras da lista de privatizações, a abertura de edital para o Bolsa Atleta, o retorno do “Minha Casa, Minha Vida”, a retomada do diálogo internacional com diversos países, a reativação do Fundo Amazônia, a reabertura de linhas de crédito rural do BNDES para agricultura familiar, a criação do Conselho de Participação Popular, retomada da política de valorização do salário mínimo, dentre tantas outras coisas.

17. Na primeira semana do ano de 2023 e do governo Lula, a base fascista do bolsonarismo organizou um ato com golpistas terroristas de todo o país que tornou ainda mais nítida a sanha antidemocrática que os orienta. A invasão, os ataques, a destruição dos Três Poderes contra símbolos democráticos e culturais, mostrou a verdadeira face da ultradireita brasileira. O 8 de janeiro foi a explosão de um processo golpista contra a democracia e a vitória eleitoral do presidente Lula e de nosso projeto, pois desde o resultado das eleições centenas de acampamentos foram armados e financiados por agentes do bolsonarismo com o intuito de criar instabilidade e buscar uma intervenção militar com as Forças Armadas.

18. A resposta rápida, forte e assertiva do Presidente Lula em culpabilizar os golpistas, buscar os incentivadores e financiadores, estreitar os laços entre os Três Poderes e fazer a denúncia internacional foi de suma importância para desmontar esse anseio e deixar nítido que a democracia seguirá no Brasil. Porém, se engana quem avalia que o fascismo deixará de rondar nosso país. Os quatros anos de Bolsonaro permitiram que o “ovo da serpente” fosse chocado, gerando um ambiente de violência, ódio, intolerância e discriminação na sociedade brasileira. Por isso, seguir na luta pela culpabilização e punição de todos os envolvidos, desde os terroristas de Brasília, até os grandes financiadores, é fundamental para a luta intransigente em defesa da democracia.

19. O fato é que hoje temos como adversário uma corrente neofascista de massas. Dotada de programa, método, alianças internacionais, apoio institucional e empresarial, comunicação de massa e base mobilizada. Estudar a história do fascismo e do integralismo ajudam a não menosprezar o bolsonarismo.

20. O 8 de janeiro foi uma cartada arrojada, mas longe de ser derradeira. O fascismo viveu estes ensaios ao longo da sua história, não foi a primeira vez que a extrema direita empreende golpes para eliminar a democracia e subtrair direitos e conquistas sociais. Não podem existir dúvidas sobre a punição aos envolvidos, financiadores e divulgadores do golpismo. SEM ANISTIA.

21. A economia está melhorando, o PIB crescendo, a inflação sob controle, o desemprego em queda, a renda das famílias crescendo e o déficit fiscal primário que estava em 2,5% do PIB, foi reduzido para apenas 0,25%. Apesar desse quadro, a avaliação do governo ainda não está em sintonia com os dados da realidade. A desinformação através das redes sociais e da grande mídia de direita, muito tem contribuído para desviar atenção da população dos fatos reais da economia e da sociedade e para gerar no imaginário de muitos setores da população a ideia de que não estamos no caminho certo. Nesse sentido, a regulação das redes sociais e o combate sem tréguas às Fake News são iniciativas urgentes e fundamentais para o avanço da democracia brasileira.

22. É preciso, contudo, transmitir à população a ideia de que temos um projeto generoso para o país e que este não se resume às políticas sociais que foram resgatadas pelo governo após serem desidratadas nos dois governos anteriores. Há em curso uma série de investimentos que se destinam a mudar os rumos e retirar o país da estagnação a que foi conduzido pelos governos Temer e Bolsonaro. Para trilhar plenamente esse caminho, precisamos convencer e mobilizar a população em defesa desse projeto para construir um Brasil soberano, com justiça social, respeito ao meio ambiente e democracia. Será preciso ir além das políticas sociais e programas sociais, será preciso governar disputando narrativa, disputando valores na sociedade e para isso devemos estabelecer um governo de mobilização popular permanente capaz de derrotar definitivamente o fascismo no Brasil, consolidando a nossa democracia.

23. A hegemonia neoliberal exerce sua força para, em contexto de crise econômica, restaurar seus níveis de acumulação. Para isto investe na redução das conquistas históricas dos trabalhadores e trabalhadoras, e contra a democracia. Sustentando o neofascismo, a extrema direita e o reacionarismo, atacam as políticas de distribuição de renda, precarizam as relações de trabalho e reduzem a democracia em todo o mundo.

24. A luta contra o neoliberalismo e ultra liberalismo é, portanto, central. É esta expressão do modo capitalista que gera e sustenta toda a regressão que o mundo vive. O modelo neoliberal é um processo continuado de concentração econômica, redução profunda da concorrência, transnacionalização do mercado de consumo, precarização da mão de obra e financeirização sistêmica, aprofundando a característica da instabilidade econômica.

25. O neoliberalismo existe como forma da economia, mas também como exercício de hegemonia. Impõe valores culturais e morais ultraliberais, controla o Estado e orienta a macroeconomia global, mas acima de tudo sustenta um bloco de forças no poder que implementa essa política de regressão democrática e de direitos. A defesa e o apoio a formas alternativas de modelos econômicos, a implementação de políticas não neoliberais, como o apoio à reindustrialização e ao adensamento tecnológico, são essenciais.

26. O governo Lula é fundamental para a construção de um novo caminho para o desenvolvimento do Brasil. O bloco de forças que o governo Lula reúne, deve oferecer a base de sustentação dessa reversão de modelo econômico.

27. Depois de Temer e Bolsonaro, e da adoção de políticas ultra neoliberais, assumimos o governo federal e o encontramos em situação terminal. Um verdadeiro desmonte do Estado, das políticas sociais, de desenvolvimento, das políticas de meio ambiente e de enfrentamento da crise climática, além da forte desregulamentação econômica, tornaram o processo de reconstrução nacional mais complexo e demorado.

28. No entanto, estamos diante de um governo de reconstrução nacional. Recuperamos os programas de direitos sociais, de educação e de saúde. Estamos reduzindo drasticamente o desmatamento em biomas como a Amazônia e o Cerrado. Estamos recuperando os investimentos em Ciência, Tecnologia e Inovação. Lançamos o Novo PAC que amplia os investimentos em infraestrutura econômica e urbana, o Nova Indústria Brasil que amplia, diversifica e moderniza o nosso parque industrial, o Plano de Transformação Ecológica e, apesar das ainda extremamente altas taxas de juros, a economia está crescendo bem acima das expectativas dos rentistas. Crescimento que se dá com um nível de qualidade superior, pois começa a ser liderado pelos investimentos na indústria e nos serviços e gerando empregos de qualidade em atividades de baixa emissão de gases de efeito estufa.

29. Na área rural, a agricultura familiar, a agroecologia, a segurança alimentar e a reforma agrária voltam a estar nas pautas prioritárias do governo, e a ter volumes de créditos crescentes a partir do Plano Safra. Isto sem descuidar do financiamento à agricultura empresarial, pois esta representa parte importante da pauta das exportações brasileiras. Ainda na área ambiental, o governo se destaca por políticas de proteção e desenvolvimento das comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas. O Brasil caminha para se tornar uma potência nas energias limpas através dos investimentos no solar, nas eólicas, na biomassa, no hidrogênio verde.

30. Como fruto do aprofundamento do neoliberalismo, das baixas taxas de crescimento da economia nos governos Temer e Bolsonaro e das novas tecnologias, há hoje um grande contingente de trabalhadores e trabalhadoras autônomos ou que trabalham para plataformas digitais. Estes têm demandas específicas que devem ser urgentemente atendidas pelo nosso governo, assim como também é fundamental que continuemos a gerar mais empregos de qualidade na indústria e nos serviços.

31. As lutas pela redução da jornada de trabalho, através do fim da escala 6×1, e pela aprovação da isenção do IR para aqueles que ganham até 5 mil reais, compensada pela elevação da tributação dos super ricos, são bandeiras que contemplam amplamente as classes trabalhadoras, e devem ser intensificadas.

32. É importante que nosso partido, que busca construir uma sociedade igualitária, justa e solidária, apresente de imediato e construa dentro dos seus espaços uma nova forma de fazer economia em contraposição ao capitalismo, que é a Economia Solidária. Esta se baseia na auto-gestão e no desenvolvimento sustentável. Também se mostra urgente defender a implementação da política de Renda Básica de Cidadania, para que possamos encerrar a miséria permanentemente em nosso país.

33. Será necessário repensar o sistema econômico atual e defender soluções institucionais inovadoras e capazes de dar dignidade a todos os indivíduos, elevar o grau de justiça, permitindo a sua participação na riqueza da nação. Deveremos dar destaque à Renda Básica de Cidadania nesse processo, como o fez o Presidente Lula com a criação do Grupo de Trabalho sobre o tema junto ao Conselho de Desenvolvimento Econômico, Social e Sustentável para estudar como será a gradual transição do Programa Bolsa Família até chegarmos à Renda Básica Universal e incondicional, conforme determinam as Leis 10.835/2004 e 14.601/2023. Assim cada pessoa, não importa a sua origem, raça, sexo, idade, condição civil ou socioeconômica, por meio dela, irá elevar seu grau de liberdade, dignidade e satisfação das necessidades básicas. Uma sociedade justa e fraterna, como a que propomos, deverá garantir a todos as chances de desenvolver-se em pé de igualdade e longe da miséria.

34. A resistência, contraposição e combate ao neoliberalismo, ao ultra liberalismo, ao neofascismo e à extrema direita, de um modo amplo, é uma estratégia inegociável para a construção de modelo alternativo e a construção de valores democráticos e humanos.

35. Nossas conquistas ocorrem apesar da enorme oposição do mercado financeiro e seus aliados na mídia e no Congresso Nacional, os quais defendem o ideário neoliberal, as políticas fiscais e monetárias restritivas e tentam restabelecer as políticas antissociais e que marcaram os governos Temer e Bolsonaro e que elevaram a pobreza e o desemprego.

36. Todo esse processo de reconstrução e de início da transformação do Brasil ocorre em um ambiente político extremamente difícil pela ascensão do neofascismo e da extrema direita no Brasil e no mundo ocidental. Lidamos com uma oposição política sem compromisso com a democracia, que se nutre da desinformação, sobretudo através das redes sociais, e que, nessa guerra política de posições, encontra facilidade para parte das suas ações em um Congresso Nacional com maioria das forças conservadoras e movido por mais de R$ 50 bilhões anuais de emendas parlamentares impositivas. Estamos, sim, diante de um presidencialismo sob ataque permanente das forças conservadoras.

37. A luta contra a extrema direita e o neofascismo seguem no centro das nossas ações, pelo combate à desinformação e pela regulamentação das redes sociais. A tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023 representa apenas a face visível de uma engrenagem muito mais complexa: a articulação em rede da extrema direita internacional, que busca ampliar seu poder e influência em diversas partes do mundo.

38. A luta pela punição dos que tramaram contra a democracia, planejaram o golpe e até a tentativa de assassinato do presidente Lula, do vice-presidente Alckmim e do presidente do TSE, Alexandre Moraes, estimularam a ocupação de neofascistas e de toda o tipo de extrema direita na porta dos quartéis e promoveram os atos de vandalismo em 8 de janeiro de 2023, é essencial para o presente e o futuro da democracia no Brasil. Será um marco importante na história política do Brasil, pois a não punição dos golpistas em momentos graves, como na ditadura de 1964, tem se constituído em estímulo aos inimigos do povo brasileiro.

39. No centro dessa ofensiva estão as redes sociais e o uso da inteligência artificial como instrumentos para disseminar desinformação, teorias da conspiração, discursos de ódio contra grupos historicamente marginalizados e ataques à oposição política. Esses mecanismos operam para desestabilizar instituições, corroer a confiança pública e fomentar a violência política, representando uma ameaça direta à democracia e ao Estado democrático de direito no Brasil.

40. Diante desse cenário, é urgente um compromisso político firme com a construção de um ambiente digital mais seguro, regulado e orientado pelo interesse público. Isso implica, entre outras ações, no fortalecimento de proposições legislativas que enfrentem as distorções do atual modelo de governança digital e estabeleçam a centralidade dos direitos no ambiente virtual.

41. Tramitam no Congresso Nacional propostas legislativas estratégicas que podem contribuir de forma decisiva para a consolidação de um ecossistema digital mais justo, transparente e democrático. No entanto, o combate ao poder das Big Techs não se limita a disputas legislativas pontuais, mas constitui uma das principais trincheiras de resistência democrática frente ao avanço do capitalismo informacional em sua fase neoliberal, em que plataformas privadas concentram poder econômico, político e cognitivo, moldam comportamentos, interferem nos processos eleitorais e tensionam os próprios fundamentos da democracia.

42. Cabe à esquerda, e especialmente ao PT, liderar essa luta com coragem, visão estratégica e compromisso com o interesse público. A regulação das plataformas digitais e das novas tecnologias é uma tarefa histórica, que deve ser conduzida com articulação institucional, participação social e a convicção de que a tecnologia precisa estar a serviço da democracia, da justiça social e da soberania nacional.

43. Vivemos um momento histórico cheio de desafios permeados por contradições, e dentre os problemas emergentes, enfrentamos o avanço do neofascismo e da extrema direita no Brasil e no mundo, a crise ecológica e climática global, a reconfiguração do neoliberalismo como modelo de organização de sociedade e a intensificação da luta de classes. O capitalismo tem produzido, nessa fase da financeirização neoliberal, a maior desigualdade da história da humanidade.

43. Diante desse cenário, que representa desafios para a organização da luta política que consiste em conquistar mentes e corações, o Partido dos Trabalhadores precisa reafirmar com lucidez sua estratégia política e programática. Não basta apenas resistir: é preciso avançar com um projeto de transformação que tenha como horizonte a superação do capitalismo e a construção de uma sociedade socialista.

44. Nos últimos anos, acompanhamos o crescimento de um sentimento de esperança em torno dos governos petistas. Essa esperança se manifestou, principalmente, entre os setores historicamente excluídos, entre aquelas pessoas que, antes, não tinham perspectiva de estudar, trabalhar, ter uma casa, alimentar suas famílias com dignidade, acessar o lazer, saneamento básico, entrar na universidade (seja pública ou privada) ou, simplesmente, existir com dignidade. Os governos democráticos e populares tocaram em um ponto central no cenário das desigualdades brasileiras: a luta contra a fome, permitindo que milhões de brasileiros e brasileiras passassem a se enxergar além da escassez.

45. Essa guinada social, geracional e política abriu espaço para novos debates e, entre eles, uma provocação fundamental: o que significa, de fato, viver em sociedade sendo atravessado por tantas identidades diferentes — de classe, gênero, sexualidade, território, geração, entre outras? Esse questionamento se intensificou com o crescimento das redes sociais, que ampliaram o alcance de pautas diversas e deram visibilidade a vozes historicamente silenciadas.

SOBRE O PT

47. Ao mesmo tempo, vivemos a emergência de múltiplos sujeitos políticos e o questionamento de ideias antes sedimentadas, como a noção de que há um único espaço político centralizado, um único sujeito histórico privilegiado ou uma única direção para o curso da história, vivemos a dificuldade de criar estratégias que possam unificar a nossa luta, sem incidir na desconstrução da legitimidade das diversas lutas que nos cercam. O PT nasceu de uma necessidade histórica de auto-organização e de representação política da classe trabalhadora no Brasil no período final da ditadura militar, em um país herdeiro de uma cultura colonial e oligárquica enraizada em centenas de anos de exploração do trabalho escravo.

48. Ao possibilitar que setores populares organizassem sua histórica pela superação da exclusão social e política, o PT impactou de forma profunda e positiva a trajetória do país no final do século passado e na atualidade. Ao assumir a defesa e o protagonismo dos trabalhadores colocaram-se também ao PT os desafios pendentes de superação da herança colonial e oligárquica – a construção da democracia, dos direitos e da formação e independência nacionais.

49. Previsto em seu Manifesto de Fundação, nos estatutos e nas resoluções dos seis Congressos realizados em sua história, o caráter socialista do PT nunca foi alterado e nem deve ser. No entanto, não pode ser um adereço ou uma tradição burocraticamente reafirmada, sem consequências políticas, ideológicas e práticas na construção partidária. A estratégia socialista do PT deve estar articulada a um programa de reformas estruturais, atualizando as formulações do V Encontro Nacional do PT, agora após experiências concretas no governo federal.

50. Não se confirmaram as concepções dos que acreditavam em instituições neutras e no republicanismo – uma parte do partido se iludiu com o caráter supostamente democrático da burguesia e do aparato estatal. Atuamos menos do que devíamos no sentido de realizar as reformas estruturais – agrária, urbana, política, tributária, dos meios de comunicação. Portanto, não alteramos com a profundidade desejável o caráter do Estado e de suas instituições como as polícias e as FFAA.

51. Experimentamos também os limites de governos democráticos, cercados pela direita e pela força da burguesia conservadora brasileira. Até agora, nossas forças foram insuficientes para gerar um novo tipo de consciência e força popular de caráter transformador da realidade. Há no PT, uma acomodação ao sucesso político e eleitoral. Os vínculos organizados com o movimento real de massas está enfraquecido em função de aspectos burocráticos nessa relação, negligenciando suas políticas próprias de comunicação, organização, formação política de quadros e militância que caracterizaram sua origem, fundação e projeto partidário.

52. Por isso, é urgente incorporarmos e acolhermos a multiplicidade de demandas populares e de novos movimentos e causas sociais emergentes, e que sejamos capazes de apontar para um novo modelo de sociedade. Um modelo que compreenda não apenas o materialismo como base estrutural do debate político, mas também os sentidos simbólicos que organizam a vida social, sobretudo na compreensão da noção de família e coletividade que vem sendo apropriada e instrumentalizada pelo discurso religioso conservador, especialmente pela extrema direita, em especial pelo neofascismo.

53. Para o enfrentamento dos novos e duros tempos em que vivemos, é necessário que o 8º Congresso avance na atualização do programa de reformas estruturais e na sua articulação orgânica com a estratégia socialista. Em um sentido que expresse e concretize uma mudança de modelo da economia brasileira, de tal forma alternativa que possa permitir a emergência de nossos sujeitos sociais entre a classe trabalhadora e os mais pobres. Novas relações produtivas, baseada na expansão de recursos entre a massa consumidora, que permitam um processo de acumulação de riqueza capaz de financiar o combate à fome, a expansão da população incluída nos direitos sociais e que, simultaneamente, possa alavancar um salto tecnológico e produtivo no país.

54. Diante do atual cenário, a saída para o PT, para a esquerda, para os trabalhadores e para os movimentos sociais é ampliar a luta. Precisamos fortalecer o PT na luta cotidiana da disputa de consciência, da luta social, da reorganização nos territórios, do enfrentamento real ao retrocesso ideológico provocado pela disseminação do pensamento neofascista e focar a nossa atuação na luta de classe e a identidade com o povo.

55. O PT precisa realizar o 8º Congresso com a disposição de fazer um debate amplo, substantivo e mobilizador, partindo de um balanço que considere os acertos, as limitações e os erros cometidos, pois eles fazem parte de qualquer percurso histórico. O momento exige o fortalecimento do PT como um partido dirigente da classe trabalhadora para ser capaz de derrotar o projeto neofascista, priorizando o trabalho de base se adaptando às características da sociedade atual e às mudanças ocorridas no mundo do trabalho.

56. Para reforçarmos a capacidade do nosso Partido de articular um campo democrático para continuar a governar o Brasil, fazer mudanças profundas no Estado brasileiro e derrotar definitivamente o neofascismo no nosso país, deveremos ser de massa, mas de massa militante. Girar nossa atuação para priorizar a organização nas bases (nos territórios, mas também na juventude, no ativismo feminista, antirracista, nas universidades, nas fábricas, nas redes e nas ruas). Termos diálogo, orgânico e organizado, com amplos setores da sociedade que possuam uma disposição progressista, democrática e de esquerda.

57. Precisamos reforçar nossa prioridade na formação política intensiva, visando constituir quadros militantes. Resgatar o papel dos núcleos, com algum poder deliberativo, fortalecendo nossa organização territorial. Estamos desafiados a consolidar direções coletivas, constituídas de forma plural e diversa, na prática – composta com quadros dedicados, preparados e dinâmicos. A renovação geracional e a reconexão com a juventude são condição urgente sem a qual pereceremos. A participação de negros e negras, dos indígenas, das mulheres e da juventude nas direções não podem ser apenas um artificialismo burocrático.

58. O PT renovado deverá dar o peso necessário à luta eleitoral, mas focará também na organização de base e na luta social. Teremos como objetivo revitalizar a identidade socialista, feminista, rebelde, antirracista, democrática e antissistêmica – sem a qual será impossível reencantar a juventude ou nos reconectar com militantes históricos.

59. O PT precisa de uma direção colegiada da Secretaria de Finanças. Deve ser desafio da próxima direção partidária, aperfeiçoar e garantir mais transparência à nossa política de finanças, buscando constituir uma espécie de orçamento participativo do PT. Todos os nossos dirigentes e candidatos devem compreender os critérios utilizados para administrar nossos recursos financeiros, compreender melhor os limites orçamentários e perceberem que estamos adotando critérios justos.

60. Devemos compreender a Federação Brasil da Esperança como ferramenta estratégica para o fortalecimento da governabilidade do governo Lula, da esquerda brasileira e das lutas sociais no Brasil num ambiente de convergência e unidade progressiva, sempre respeitando a história e autonomia dos partidos que compõem a pluralidade da esquerda brasileira. É tarefa do PT buscar a unidade da esquerda brasileira.

61. Será preciso ainda, criar uma estratégia digital que seja capaz de renovar a linguagem, fazer cotidianamente monitoramento de redes, dando respostas imediatas aos ataques contra o Governo Lula e divulgando nossas ações. Uma comunicação que dialogue para além da nossa própria bolha, que tenha estratégia. Não há dicotomia entre redes e ruas. É preciso falar e mobilizar milhões: nas redes e nas ruas.

62. O 8º Congresso, ao reafirmar o PT como Partido socialista incorporará no centro do nosso programa as lutas feminista e antirracista. Não há socialismo sem feminismo. É necessário para além da paridade, que é uma conquista das mulheres, fortalecê-las nas direções partidárias gerais, nos cargos de direção com papéis importantes, apoiando e criando instrumentos para incentivar a formação e a atuação política das dirigentes mulheres. E, principalmente retomando a construção de uma cultura feminista no PT.
Além disso, é preciso reconhecer e incorporar em nossa ação, a ideia de que não há transformação possível no Brasil sem o enfrentamento ao racismo estrutural, sem que negras e negros, periféricos, jovens, pobres estejam à frente das mobilizações e dos núcleos dirigentes.

63. A potência necessária para ajudar Lula a mudar o Brasil está no PT, na sua militância e no nosso campo de aliados de esquerda. Devemos disputar valores na sociedade: o fim do machismo, do racismo e da discriminação contra LGBTs, a liberdade religiosa e o Estado laico. A solidariedade frente à competição, os direitos frente à falsa ideia de meritocracia, a justiça frente à violência: um outro mundo possível, mais solidário, justo e igual.

64. O PED não pode ser apenas um processo protocolar ou de mera disputa pelos espaços de direção. A construção do amanhã começa agora, ampliando as bases do PT, criando mais condições de um processo com ampla participação, mobilização, de debate programático, atualização da estratégia, novos diretórios que funcionem de fato, garantindo vida e luta nos territórios brasileiros! A organização partidária é a ferramenta de luta e transformação do povo trabalhador.

65. A Resistência Socialista, após profunda reflexão sobre nossos desafios coletivos, definiu pelo apoio ao companheiro Edinho Silva para a Presidência Nacional do PT para construir um partido de luta e cada vez mais democrático. Edinho já foi Presidente do PT de São Paulo, Deputado Estadual, Prefeito de Araraquara e Ministro da Comunicação Social no Governo da Presidenta Dilma e reúne as qualidades necessárias para a construção da unidade partidária em torno de uma estratégia coletiva para a reeleição do Presidente Lula.

66. Nós, da Resistência Socialista não nos furtaremos de todas essas lutas e tarefas! Somos uma força política que tem compromisso com o Brasil e com a construção do PT. Reafirmamos nosso compromisso com a atualização programática antineoliberal, a organização do PT pela esquerda, com identidade socialista, que combate o reacionarismo, o racismo, machismo, construindo uma sociedade mais diversa e harmoniosa, justa, fraterna e socialista.

66. Nós, da Resistência Socialista não nos furtaremos de todas essas lutas e tarefas! Somos uma força política que tem compromisso com o Brasil e com a construção do PT. Reafirmamos nosso compromisso com a atualização programática antineoliberal, a organização do PT pela esquerda, com identidade socialista, que combate o reacionarismo, o racismo, machismo, construindo uma sociedade mais diversa e harmoniosa, justa, fraterna e socialista.

67. Reafirmamos nossa identidade petista para dentro e para fora do partido, com um propósito definido: “eliminar a exploração, a dominação, a opressão, a desigualdade, a injustiça e a miséria, com o objetivo de construir o socialismo democrático”, como aponta nosso Estatuto. Compartilhar esse compromisso é reconhecer que nosso projeto de poder não se limita à institucionalidade. Ao contrário, ele exige uma disputa permanente pela hegemonia política, cultural e ideológica, e uma atuação firme na transformação estrutural da sociedade brasileira.

68. Defendemos um PT cada vez mais ousado, democrático, mobilizado e interiorizado! Que lute pelo fim da escala 6X1, isenção de Imposto de Renda para até R$ 5 mil, taxação dos ricos e a regulamentação das redes sociais. Sem anistia para golpistas, pois com inimigos da democracia não se negocia!

69. O ano de 2026 exigirá de nós capacidade inventiva, criativa, de mobilização e formação e que coloquemos em prática o que sabemos fazer de melhor: lutar incansavelmente por justiça social, defender e reeleger o Governo Lula e construir outro mundo possível, sem fascismo e sem neoliberalismo.

Resistência Socialista
Tendência Interna do Partido dos Trabalhadores
Maio de 2025

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