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Jornal O Tempo: Entrevista com a prefeita Marília Campos

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A Prefeita de Contagem, Marília Campos, concedeu uma longa entrevista à jornalista Helenice Laguardia, do canal Minas S/A. A entrevista foi publicada pelo jornal O Tempo em 29/10/2025 sob o titulo “Contagem aumentou em 53% a arrecadação em quatro anos”. A seguir, a entrevista na íntegra.

Você esperava entrar na política, ter essa trajetória?

Meu grande sonho era atuar na psicologia. Sou formada em psicologia pela UFMG.

Como é o diálogo com a população?

Não abro mão de dialogar diretamente com a população. Então eu faço diálogo e eu tenho os representantes; no caso da prefeitura aqui em Contagem, nós temos um processo de participação popular que tem muito êxito, que é eleger diretamente conselheiros e conselheiras para que eu possa escutar, (que possam) me orientar. Então hoje eu tenho 600 conselheiros eleitos, que não são funcionários da prefeitura e estão lá direto no bairro e eu falei, ‘’Eu vou empoderar esses conselheiros, vou colocar R$ 1 milhão para cada região’’. Eu estou com R$ 47 milhões para toda a cidade agora. Então cresceu, e eles escolhem quais são as intervenções que serão feitas.

É uma relação bilateral.

A pessoa fala: ‘’Eu quero uma reunião no gabinete’’. Eu digo: ‘’Para que mesmo?’’. ‘’Ah, para discutir a situação do bairro’’. ‘’Eu vou lá. Reúna as pessoas que eu vou lá’’.

Você disse que Contagem registra uma arrecadação anual de R$ 3 bilhões. Como é a distribuição disso?

As duas grandes prioridades do governo são: mobilidade urbana e saúde. Na mobilidade urbana nós estamos com obras, porque a população, inclusive, reclama que, quando eu cheguei no mandato passado, estava tudo parado – obra da avenida Prefeito Newton Cardoso, que é a antiga Maracanã, as estações de terminais, os viadutos que foram ampliados, construídos.

A passagem de ônibus em Contagem vai cair de pouco mais de R$ 12 para pouco mais de R$ 6. É uma queda pela metade. Isso não interfere só na qualidade de vida da pessoa, mas no bolso dela também?

O fato de ter tarifa única melhora muito a situação, porque hoje uma pessoa que um ônibus metropolitano e só anda em Contagem paga o preço do metropolitano e poderia só utilizar o municipal, mas (sobre) essa situação o pessoal vai ficar mais informado no ano que vem. Então eu diria que essa é uma questão fundamental

E metrô, como é que está?

O governo do estado anunciou a inauguração da estação Novo Eldorado, que é a ampliação que vai ter em Contagem, e ela é capaz de pegar em torno de 5.000 passageiros

Desafoga também o trânsito no ônibus da cidade.

Vamos ter que integrar o metrô com o transporte coletivo. Estava um problema de que a passarela não ia sair, eu não estava vendo a passarela; aí eu fui lá, fiz uma visita técnica, e a passarela já começou a ser construída, porque as pessoas têm que ter acesso seguro ao metrô.

Está tendo diálogo com o governo de Minas?

Nessa questão de mobilidade, sim, nessa questão de transporte. Eu reivindiquei que a gente fizesse um convênio com o governo do estado para implementar a tarifa unificada, para viabilizar a integração do transporte metropolitano com o municipal. Então a gente está costurando.

Em outras áreas, está faltando diálogo com o governo Zema?

Eu diria que na questão do Rodoanel. Nós sempre fomos favoráveis ao Rodoanel, mas, com o traçado que o governo do estado quer, eu não posso aceitar, porque impõe um sacrifício muito grande a Contagem. Impõe por quê? Porque o traçado do Rodoanel, além de trazer um problema urbanístico, joga o tráfego pesado para dentro de Contagem.

E agora parou, não é?

É, parou o licenciamento em função da ausência de diálogo do governo do estado com os quilombolas. São mais de dez cidades que têm comunidades quilombolas que não foram ouvidas, e isso não é a questão menor. Nós temos aqui a comunidade dos Arturos, que está dentro inclusive da bacia de Várzea das Flores. Então, a gente espera que o governo do estado reabra o diálogo para rever o traçado; não é reabrir o diálogo para falar ‘’não, é abrir o diálogo para rever o traçado.

A saúde tem problemas para serem resolvidos. Em Contagem não é diferente.

Em Contagem, a gente avançou muito na atenção primária, que são as UBSs, as Unidades Básicas de Saúde. Estamos, inclusive, fazendo um concurso público agora para a nossa rede de saúde, já tem mais de 30 mil inscritos. A gente entrega ano que vem a UPA Nacional e a UPA Petrolândia. O hospital está em processo de reforma para ampliar a sua capacidade de atendimento. E qual é o problema central? Quando você amplia na base, se cria demanda para cima. Então, se eu ampliar na base, eu crio uma necessidade maior de exames de especialistas. E eu que herdei uma fila da época da pandemia, porque pararam as especialidades…

Haverá mais cirurgias cardíacas?

Na questão cardíaca, nós vamos resolver um problema que é o convênio com o Hospital Santa Rita para fazer toda a linha de cuidado da cardiologia. Então é consulta, exame e cirurgia. Eu acho que em 2026 a gente inicia com um grande avanço na mobilidade e na saúde.

Contagem aparece muito bem no Índice de Gestão da Firjan (Federação das Indústrias do Rio Estado do Rio de Janeiro).  A gente tem em Contagem uma tradição enorme dos distritos industriais, com várias empresas querendo vir para cá – aliás, vocês atraíram R$ 10 bilhões de investimento só para os próximos anos. Só que isso também tem que ter um foco em um desenvolvimento sustentável. Como está essa questão?

A gente começa a colher frutos de toda uma política de recuperação do ponto de vista administrativo, orçamentário, financeiro, da prefeitura. Quando eu cheguei, lá atrás, Contagem tinha despesa, era um orçamento anual e meio. Não tinha capacidade de investimento, não tinha capacidade de empréstimo, não tinha capacidade de pagamento.

Gasta mais do que arrecadava.

E o que nós colocamos como meta? O básico. Nós precisamos melhorar a arrecadação e precisamos qualificar a despesa e reduzir as despesas.

Sem aumentar o imposto.

Hoje, na nossa cidade, eu diria que temos justiça tributária.

O que é justiça tributária?

Por exemplo, nos impostos que cabem no município: no IPTU do município (quem tem imovél com valor de) até R$ 190 mil não paga IPTU, é isento. Então 52% da cidade é isenta de pagar IPTU.

A grande maioria não paga, está na base.

E quem paga está dentro da realidade da Região Metropolitana, não tem ninguém extorquindo ninguém. E nós conseguimos aumentar a arrecadação, você acredita? Com o quê? A credibilidade. Quem paga passou a pagar – então não tem nada de inadimplência – por acreditar que esse governo devolve.

Ele está vendo o resultado do que ele está pagando. Isso é uma frustração enorme, em qualquer lugar do mundo, você pagar e falar assim, ‘’ah, não vai adiantar’’.

(O cidadão) está vendo a gente fazer diferença na vida dele

Ou seja, isso fez aumentar em 53% a arrecadação de Contagem nos últimos quatro anos.

Não só, isso aí deu uma credibilidade, porque passamos a arrecadar mais sem aumentar os impostos. Mas mais do que isso, quando a gente investe na infraestrutura… Contagem era conhecida como cidade dos buracos. Então, o que a gente fez? Lançou o programa Asfalto Novo, no governo passado. Investimos R$ 500 milhões no Asfalto Novo. Então os principais corredores foram todos recuperados em termos de pavimentação e, com isso, você não vê mais carros sendo destruídos ou até mesmo acidente em função de buraco na rua. É claro que ainda tem muito pavimento ruim, mas nos principais corredores comerciais e de acesso à cidade a gente não tem mais esse problema. Então (foi feito) o investimento em infraestrutura, drenagem, macrodrenagem, no programa Asfalto Novo e no embelezamento da cidade também, na questão de praças, parques, plantio de árvores, fazendo com que a cidade seja mais humanizada, que ela chame mais o convívio. Hoje, por exemplo, a população que mora aqui – a gente tem pesquisa (que mostra isto) tem um prazer enorme de falar ‘’eu moro em Contagem’’. Então o índice da Firjan coloca Contagem em nível de excelência no investimento público, no gasto com custeio, gasto de pessoal, na questão da autonomia, porque a gente tem uma cobrança. Cidade que não é autônoma, que só fica no viver de transferência constitucional…

De Fundo de Participação de Município, que fica com os pires na mão lá em Brasília…

Nós não, a gente tem autonomia, a gente tem arrecadação própria. Contagem é a 25° cidade do país no investimento público, e isso dá credibilidade, inclusive, para poder pedir em Brasília. Quando a gente vai e consegue mais um Instituto Federal, quando a gente consegue todas as obras da PAC – nós conseguimos agora quase R$ 300 milhões de investimentos em obras de drenagem. Por quê? Porque a gente tem capacidade de realização. O dinheiro não fica parado na conta. Eu monitoro, eu trabalho no gabinete para monitorar obra, porque a equipe, você sabe, tem que cutucar.

Como está o seu futuro? Você queria se aposentar, não é?

O futuro a Deus pertence, não é?

Você tem vontade própria.

É. Então não quero, não desejo ser candidata a governo do estado, nem a vice-governo de estado.

Isso já está descartado?

Descartado.

Você não vai voltar atrás? Nem por pressão do partido, do Lula?

Não tem essa possibilidade, não me atrai.

Por que não te atrai?

Eu tenho uma análise política. Não que eu não tenha chance. Eu sei o que é governar, e um perfil como o meu, por ser do PT, e na trajetória que eu tenho, não seria bom para o governo estadual, para governar.

Tem um amor aí sincero da sua parte pelo seu partido?

Uma fidelidade. Eu sou a cara do PT. O PT está em mim e eu estou no PT, embora eu tenha as minhas diferenças e explicite elas toda vez que eu tenha oportunidade. E aí, então, eu acho que tem que ter um perfil para o governo do estado, de centro. Hoje, o perfil em que eu acredito é o Rodrigo (Pacheco) ou o (Alexandre) Kalil. Para o Kalil eu já explicitei, para o Rodrigo também. Inclusive, eu fui convidada para uma reunião que teve em Brasília, pelo PDT, que foi a filiação de Kalil. Falei com ele: ‘’Eu estou muito feliz com o seu retorno e conte comigo para sua decisão’’.

Mas não conte como vice.

Nem como vice, nem como cabeça de chapa. Como senadora candidata, eu estou aberta a discutir.

Você está lá na frente das pesquisas.

Mas depende do quê, qual é a posição do meu partido? Quais serão os candidatos? Porque eu também não quero aventura. Sou uma candidata competitiva. Então para aventura não vou me submeter.

O que seria uma aventura?

Dependendo, por exemplo, da opção do meu partido, se eu não for a candidata prioritária, eu não serei.

Assista abaixo a integra da entrevista.

 

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