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Aldo Fornazieri: Dissonâncias econômicas

As críticas de petistas ao plano fiscal deixam o governo à mercê da oposição

CARTACAPITAL,23/03/2023

O PT, por meio de sua presidência e de alguns dirigentes, tem se colocado numa linha crítica às definições da política econômica do Ministério da Fazenda. O fulcro da crítica está na definição da política fiscal, conceituada como “arcabouço fiscal”. As dissonâncias são tão evidentes que a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, recebeu o epíteto de “líder da oposição”.

Os defensores de Gleisi argumentam que ela tem o direito de expressar sua posição, que consiste em defender uma política fiscal expansionista e de redução tributária. Em tese, Gleisi tem esse direito. A democracia permite que qualquer um possa se manifestar sobre quase tudo. Mas ela não é uma qualquer. É presidente do principal partido do governo. Na ação política, as liberdades e direitos opinativos são amarrados por uma série de condicionalidades determinadas pelas circunstâncias e pelo lugar que cada um ocupa no conjunto das relações de alianças e conflitos.

Assim, a liberdade de opinião não é absoluta. A depender da posição do agente, a liberdade de opinião pode ser condicionada pelos princípios da responsabilidade, da prudência e da lealdade. A liberdade de opinião da presidência do PT, ao menos nos temas centrais das políticas do governo, está condicionada exatamente por esses princípios.

Aldo Fornazieri é professor da Escola de Sociologia e Política e autor do livro Liderança e Poder (Editora Contracorrente, 2022)

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