A Rede Nacional de Gestores de Economia Solidária, completou 20 anos, e comemorou com um importante encontro em Salvador nos dias 02, 03 e 04 de Agosto, com o Slogan: “É HORA DE AVANÇAR”
A atividade, para além de festejar o aniversário, reforçou a importância da resistência e insistência dos gestores que deram continuidade à luta pela Economia Solidária com investimentos de tesouros municipais ou Estaduais nesta política, como foi o caso da Prefeita Marília Campos, mesmo após o desmonte da SENAES provocado pelo desgoverno anterior e sem recursos federais.
Contagem já participou em outros momentos desta rede, mas é a primeira vez que ocupa uma das 10 cadeiras na Coordenação Executiva. Recebemos este convite no início deste ano, como reconhecimento pelo importante trabalho realizado desde 2021, com rápidos e consistentes avanços, e foi com muito orgulho que fui indicada pela Prefeita Marília Campos para estar nesta função.
Eu preciso registrar que este Encontro tomou forma lá em Fortaleza, em março deste ano, após o evento que comemorou os 50 anos do Conjunto Palmeiras, num banco de madeira, d’uma igreja simples com telha de zinco, debaixo de uma castanheira, numa noite de chuvisco. Esta imagem representa muito o que é a vida dos gestores e militantes da Economia Solidária: não há glamour, não há horário, há poucos recursos e muita vontade de fazer!
Desde então, foram muitas reuniões virtuais desta coordenação executiva para planejar e entregar aquilo que foi realizado nestes três dias em terras Soteropolitanas.
Contagem foi um dos 07 municípios brasileiros que teve destaque no Painel montado na chegada do evento que trazia fotos e o vídeo de apresentação de experiências exitosas, por ser o governo que mais se destaca no apoio e fomento à comercialização ao realizar as mais de 400 feiras e eventos por ano. As outras experiências destacadas foram o Justa Trama de Porto Alegre/Rs, o Aplicativo “Vitrine Ecosol” de Natal/RN, as Incubadoras Públicas dos Restaurantes Populares de Araraquara/SP, o aplicativo E-dinheiro do Banco Palmas de Fortaleza/CE, a empresa recuperada Uniforja de Diadema/SP, e o Projeto Viva o Semiárido de Teresina/PI.
Minha missão na abertura do evento foi ler, juntamente com o Secretário Executivo Jairo, o Manifesto da Rede de Gestores para as mais de 350 pessoas presentes, antes da composição do dispositivo. Em seguida, as autoridades presentes nos brindaram com palavras de otimismo e análises conjunturais. Destaques para as falas da Secretária Nacional de Promoção da Igualdade Racial, Ieda Leal, que lembrou que a maioria das pessoas que trabalham na Economia Solidária são as mulheres, mães solo, negras e periféricas, também falou de como a Economia Solidária é campo de acolhimento e de oportunidades das diversidades de raças e credos, e que é para estas pessoas, indistintamente, que o Ministério tem feito importantes articulações para garantia de Direitos.
Já o Secretário Nacional de Fomento e Qualificação Magno Lavigne, falou de como vai se dar a transferência de recursos para a Qualificação Profissional para os empreendimentos econômicos solidários, e por fim, a saudação inicial do Gilberto Carvalho, Secretário Nacional de Economia Popular e Solidária, que afirmou que o Lula é uma liderança única, singular e um craque, que assim como o Pelé, não tem outro igual, mas nós não podemos ficar esperando nascer um outro ícone do esporte, nem uma outra forte liderança política…precisamos todos nós sermos craques em campo e defender a democracia. (Como não pensar o mesmo para Contagem? Como não pensar nas palavras do Prata, no lançamento da Revista “Contagem é Mais Feliz Com Marília” que faz esta mesma provocação para o nosso cenário municipal?).
No segundo dia, pela manhã, tivemos palestras e falas muito importantes. Me tocou especialmente a análise do Professor Gabriel Kraychete, que provocou a necessidade de os gestores públicos pensarem nos trabalhadores informais, sobretudo nas áreas urbanas, como um desafio colocado para as práticas associativas à Economia Solidária. Esta é uma inquietação particular, considerando meus longos anos de experiência na gerência e implantação de shoppings populares, como o Metrópole, o Tupinambás, o Shopping Oiapoque de Belo Horizonte, e o Shopping Chuí em Contagem. Precisamos pensar em políticas públicas de geração de renda, formalização, seguridade social e previdenciária para esta parcela crescente da população.
Em seguida, tivemos a potente fala da Ex Ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Márcia Lopes, que reafirmou a importância da Economia Solidária para as políticas do Desenvolvimento Social e da Assistência, bem como a necessidade de trabalho em rede.
No período da tarde, aconteceram as salas de debates e trocas de experiências. A Secretária de Desenvolvimento Social, Trabalho e Segurança Alimentar de Contagem, Daniela Tiffany, apresentou o trabalho da prefeita Marília Campos para uma das salas de debates com mais de 50 gestores de outros municípios, com o tema “Orçamento”, já que Contagem executa toda a política de Economia Solidária com orçamento do tesouro municipal. Estavam nesta sala, Manoel Vital Filho, Diretor de Parcerias da SENAES e Joaquim Melo, Presidente do Instituto E-dinheiro- Banco Palmas.
Já na sala 01, eu coordenei os trabalhos com o tema “Marco Legal”. Contagem também se destaca por ter sido um dos primeiros municípios do Brasil a aprovar a Lei 4.025 de 2006 de Economia Solidária, criando em seguida um sistema completo, com o Fórum Municipal, o Conselho Gestor, o Fundo Municipal de Renda Solidária e entregando para a população em 2008, o maior Centro Público de Economia Solidária da América Latina, naquela época. Nesta sala, tivemos a participação e exposição de nomes como o Secretário de Trabalho de Lauro de Freitas, Uilson de Souza, o Ex Secretário Adjunto de Economia Solidária Fábio Sanches, o presidente da Unisol Arildo Mota, o Professor Doutor da UFBA Genauto França Filho,Roberto Marinho, Doutor em Desenvolvimento Sustentável UFRN/ instituto Paul Singer, a Diretora de Projetos da SENAES Renata Studart, e a maravilhosa referência de política das causas feministas dentro do PT Nacional, Vera Machado.
Foi muito bom ouvi-los e aprender com eles!!! Mas também pude falar para os gestores presentes de como nossa cidade voltou a viver, conviver e ser feliz na atual gestão Marília Campos. Citei os investimentos na requalificação dos espaços públicos como praças, parques e patrimônios culturais e naturais, transformando a paisagem da cidade e garantindo segurança para as famílias que passaram a ocupar estes lugares. Falei dos investimentos financeiros na área cultural que possibilitam que nossa gente tenha acesso gratuito ao melhor das artes nacionais, e da realização de feiras temáticas que fomentam o afro-empreendedorismo, e reforcei como tudo isto possibilitou um ambiente perfeitamente apropriado para o fomento e práticas de comercialização da Ecosol Contagem que culminaram na realização das mais de 400 feiras/ano. Anunciei ainda as diversas oportunidades que os empreendimentos terão nos próximos meses como os cursos de qualificação e de formação ofertados no Centro Público, o aplicativo de E-commerce e as incubadoras de produção cooperada que concorrerão às compras públicas. Os gestores presentes do Distrito Federal, de Maricá e de Araraquara já querem visitar Contagem para conhecer de perto e replicar as práticas em seu território.
Em outra sala, tivemos a reunião do Consórcio Nordeste, representado por sua Secretaria Executiva, junto dos Secretários de Estado de Trabalho, os Secretários Nacionais e os Prefeitos presentes no Encontro, onde puderam discutir estratégias de fortalecimento da Economia Solidária. No dia seguinte, lamentavelmente, tivemos a fatídica entrevista concedida pelo Governador Romeu Zema, afirmando que aquele encontro na Bahia, tinha o objetivo de promover um movimento separatista no Brasil. O Governador da Paraíba e Presidente do Consórcio, João Azevedo, soltou uma nota de repúdio às falas preconceituosas e xenófobas do Governador de Minas e eu manifestei meu repúdio e vergonha por ter um representante no executivo mineiro tão despreparado e equivocado!
No terceiro e último dia, na primeira mesa, tivemos a participação do Valmor Schiochet, Secretário Adjunto da Secretaria Nacional de Participação Social, que falou da criação desta Secretaria com o objetivo de mobilizar as bases, promover as escutas, retornar os orçamentos participativos, conferências e conselhos nacionais, além de promover formações políticas para que não corramos o risco, novamente, de termos o povo cooptado por governos antidemocráticos e políticas capitalistas. Presenteei o Valmor com um exemplar da revista escrita pelo companheiro José Prata “Contagem está feliz com Marília”, e ele leu, especialmente, as páginas que tratam deste tema. Registrei como nossa cidade está à frente neste quesito da participação popular, falei das nossas reuniões mensais do Fórum de Economia Solidária com seus mais de 250 empreendimentos, com a implantação da Plataforma Decidim e os Conselhos Regionais, e falei a ele também das mobilizações e criações dos mais de 15 setoriais que nosso Partido PT está fazendo na cidade.
Por fim, tive a honra de coordenar a mesa de encerramento do evento, num diálogo com o Secretário Nacional de Economia Popular e Solidária, Gilberto Carvalho que trouxe uma mensagem de positivismo e, em seguida, tivemos uma apresentação da Diretora de Projetos da SENAES, Renata Studart, com informações sobre a volta do CADSOL, que possibilitará um mapeamento atualizado da Economia Solidária no Brasil.
Em meu discurso de encerramento das atividades, antes de convidar o Gilberto para a última mesa, falei para meus pares aquilo em que eu acredito, e que pude fortalecer no convívio com a liderança popular que é a Marília: nós gestores temos o papel fundamental de aproveitarmos nosso tempo de governança para implementar, consolidar e criar marcos regulatórios para as políticas públicas que deem à população a dignidade e sua garantia de direitos sociais, irrevogáveis. Temos que ter pressa nas ações, mas não devemos jamais esquecer o mais importante: a escuta!! Um governo que não escuta sua população, os anseios e necessidades da sociedade, não tem capacidade de governar com justiça social.
Marília, desde o início deste mandato, elegeu a Economia Solidária como a “menina de seus olhos”, como ela muitas vezes assim referenciou nos eventos, e como a principal política de geração de renda na atualidade. Seus esforços e investimentos nesta política, ecoaram para fora de nosso limite geográfico. Além deste reconhecimento que Contagem e Marília já alcançaram no cenário nacional, agora é Minas que reconhece Marília como uma das gestoras que mais valoriza o Movimento de Economia Solidária!! Numa articulação que durou mais de um ano, conseguimos trazer para Contagem a Feira Estadual de Economia Solidária, com mais de 100 empreendimentos de todas as 15 regionais estaduais, e que vai acontecer nos dias 22, 23 e 24 de Setembro, na rua em frente à Prefeitura de Contagem. Esta feira, historicamente, sempre aconteceu na Praça da Assembleia, em BH. É a primeira vez que ela será realizada em outro município, após votação e validação no Fórum Mineiro de Economia Solidária, onde os próprios empreendimentos do interior votaram para a feira acontecer num município onde o executivo, sob o comando de uma mulher forte e zelosa, tem investido e valorizado tanto o Movimento. Isto é uma vitória política, amigos!!!
Voltei para casa com as impressões que registrei na memória das emoções por tudo o que vi, ouvi e compartilhei ali, entre os colegas e referências desta política de geração de renda, inclusão produtiva, e sobretudo, de esperanças… Convicta estou de que, assim como foi aqui em Contagem, com o terceiro mandato de uma líder popular e sócio democrata, Lula também conseguirá, em seu terceiro mandato, reconstruir programas e projetos nacionais humanistas, voltando os mais pobres para o orçamento, cuidando de suas vulnerabilidades, garantindo seus direitos e fortalecendo a democracia que foi tão corrompida nos últimos tempos sombrios.
Ao final do evento, presenteei também o Gilberto Carvalho com a revista “Contagem está feliz com Marília” e ele gravou uma mensagem para nossos empreendimentos, a qual publiquei em meu perfil do Instagram @maraktncastro. Conferiram lá!!!
Mara Ketlen de Castro é Contagense, petista, mãe de Daniel e Francisco, companheira do artista plástico Fernando Perdigão, Engenheira Civil, especialista em economia popular e em Planejamento Estratégico de Novos Negócios. Está Subsecretária de Trabalho e Geração de Renda de Contagem e é Coordenadora Executiva da Rede Nacional de Gestores de Economia Solidária.
