Os vírus respiratórios têm uma maior propagação em alguns períodos do ano, e isso é observado nas várias regiões do Brasil em meses diferentes. Nesse Período espera-se aumento considerável no número de casos e internações por Síndrome Gripal (SG) e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), especialmente em crianças e idosos, em decorrência da circulação de vários vírus respiratórios.
Nos últimos meses, o município de Contagem tem enfrentado um aumento expressivo nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), um fenômeno que surpreendeu as expectativas tradicionais relacionadas à sazonalidade das doenças respiratórias. Normalmente, essas doenças apresentam um padrão sazonal, com maior incidência durante os meses mais rigorosos de inverno, devido às mudanças de temperatura e umidade que favorecem a sobrevivência e a propagação de vírus e bactérias.
Assim, a Secretaria Municipal de Saúde do município costuma se preparar para esses períodos, reforçando ações de vigilância e controle de doenças, bem como ações assistenciais nos três níveis de atenção à saúde. No entanto, em 2025, Contagem vivenciou, além da alta do número de atendimentos, o aumento do tempo de permanência hospitalar e a gravidade dos casos. As crianças, especialmente aquelas com menos de dois anos e idosos, têm apresentado quadros severos, exigindo internações prolongadas.
Os dados em tela evidenciam uma pressão assistencial nos serviços de urgência e a necessidade de ampliação da capacidade de atendimento e de leitos de internação para tratamento intensivo e de enfermaria, visto que os casos de SRAG necessitam de internação hospitalar e acompanhamento clínico sistemático. Por exemplo, somente em abril de 2025, o Centro Materno Infantil (CMI) realizou 3.240 atendimentos pediátricos relacionados a doenças respiratórias, um aumento de mais de 54% em relação à média mensal anterior, que era de aproximadamente 2.100 casos. Em março, esse número já havia atingido 2.758 casos, e nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), os atendimentos pediátricos saltaram de 3.343 em janeiro para 7.008 até o dia 26 de abril, representando um crescimento superior a 100% em poucos meses.
Diante desse cenário, a Prefeitura de Contagem por meio da Secretaria Municipal de Saúde decretou emergência em saúde pública, uma medida que visou mobilizar recursos e ações rápidas para conter o avanço da doença. Foi necessário ampliar imediatamente a capacidade de atendimento na rede de emergência, garantindo assistência adequada à população
A Emergência em Saúde Pública, relacionada às doenças respiratórias exigiu resposta rápida e eficiente por parte das autoridades de saúde do município. O Centro Materno Infantil (CMI), que conta com 34 leitos de enfermaria pediátrica e 10 leitos de UTI pediátrica, precisou expandir sua capacidade para atender à crescente demanda. Foram estruturado 34 leitos extras de enfermaria, 24 leitos de UTI pediátrica, 9 pontos extras de observação e a contratação temporária de 10 leitos de enfermaria em hospital conveniado ao SUS.
Paralelamente, foi iniciado um processo de contratação emergencial de profissionais de saúde para atuarem no CMI, incluindo médicos pediatras, enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas respiratórios.
O aumento inesperado dos casos de SRAG em 2025 evidencia os desafios que a gestão em saúde pública enfrenta diante de fenômenos que fogem ao padrão sazonal esperado, e destaca a necessidade de investimentos contínuos em vigilância, preparação e resposta para proteger a população, especialmente os grupos mais vulneráveis. Reforça, ainda, a importância de uma gestão eficiente, capaz de responder rapidamente às crises e minimizar seus impactos na saúde coletiva.
Fabrício Henrique dos Santos Simões é Secretário Municipal de Saúde
Rejane Balmant Letro é Subsecretária de Atenção à Saúde
