topo_M_Jose_prata_Ivanir_Alves_Corgozinho_n

SEÇÕES

Hudson Bonatto: Marília Campos e a voz das periferias

Há cenas de campanhas passadas que permanecem vivas na memória. Lembro-me bem de um dos primeiros momentos da campanha mais recente, quando Marília Campos, em mais um capítulo de sua longa trajetória política, abriu o portão de casa antes do amanhecer, a cachorrinha Skie no colo, e seguiu para encontrar o povo no metrô Eldorado. Naquele instante, ainda sem luz do dia, sem discursos prontos, já estava claro: aquela campanha não era apenas uma disputa eleitoral, mas a continuidade de um compromisso que vem sendo firmado há décadas, em diferentes frentes e em diferentes cargos públicos.

Nesta semana, esse compromisso ganhou mais um capítulo. A posse dos conselheiros municipais de Vilas, Favelas e Periferias foi um momento importante para a cidade. Um evento que reflete o fortalecimento da participação popular e a materialização de um compromisso de longa data com as comunidades.

Nas cadeiras ocupadas na Tenda do Encontro, estavam pessoas que conhecem de perto a realidade de suas comunidades. São 152 conselheiros eleitos, cada um representando sua rua, sua vila, seu bairro. Não estavam ali apenas para acompanhar um evento oficial, mas porque sabem que cada melhoria conquistada tem um impacto real no dia a dia das pessoas.

Marília sabe disso. Quando subiu ao palco, sua fala não teve o tom formal de uma cerimônia, mas a proximidade de quem conhece a realidade de quem estava ali.

“Isso que nós estamos fazendo é inédito. As periferias, as vilas, as favelas sempre foram tratadas como invisíveis. E o que nós estamos fazendo aqui é dizer: vocês existem. Vocês são a prioridade.

Nós queremos que a alegria e a esperança tomem conta do coração de vocês.”

No meio do público, um conselheiro ouviu atentamente, cruzou os braços, refletiu. Quando pegou o microfone, resumiu bem o sentimento daquele momento:

“As vilas e favelas que nós representamos não são um ponto no mapa. Não são só ruas ou becos. São gente. São famílias que acordam cedo, pegam ônibus lotado, voltam tarde e encontram suas casas do mesmo jeito de sempre: precisando de algo. Quando a gente fala de vilas e favelas, a gente fala de nós mesmos, de quem está aqui. E esse programa já está mudando a vida de muita gente.”

Lembrei-me de Dona Diana, no Morro dos Cabritos, quando estive com Marília na campanha. Ela subia os degraus devagar, apoiada na bengala, mas com uma firmeza que contrastava com a fragilidade do seu corpo. Quando olhou para Marília, não precisou de palavras bonitas.

“A senhora fez essa benfeitoria que vai mudar a vida de todos nós”, disse, com a voz embargada.

Naquele momento, ficou claro que política de verdade não está nos grandes discursos, mas nesses encontros, nessas pequenas transformações que fazem a vida seguir mais segura, mais digna.

Na posse, outra voz se levantou. Maria Zenó, liderança de longa data, pegou o microfone com as mãos firmes e, com a experiência de quem já viu muitas promessas vazias, foi direta:

“Marília, a gente que mora nas comunidades, nas vilas e favelas, sabe quem está aqui. Quem conhece o território é quem vive nele. Por isso, esse programa que você escolheu como prioritário faz toda a diferença. Porque escuta. Porque nos inclui. Porque nos dá voz.”

O evento seguiu, mas ficou a sensação de que algo mudou. Não foi apenas um dia de celebração. Foi um marco no reconhecimento da importância da participação popular.

Quando o ministro Márcio Macedo tomou a palavra, ele não falou apenas sobre política nacional. Disse algo muito mais profundo:

“Uma cidade parece pequena se comparada a um país, mas é na minha, na sua cidade, que se começa a ser feliz. O que vocês estão fazendo aqui é construindo felicidade. Isso aqui não é só política.

Isso aqui é História.”

E é.

Naquele primeiro dia de campanha, antes do sol nascer, quando Marília saiu para encontrar o povo, talvez nem ela soubesse que chegaria a esse momento. Mas o que vi ali, e o que se vê agora, é o mesmo: uma mulher que sabe que governar é estar perto. Que política de verdade não se faz de gabinete, mas no corpo a corpo, no olhar atento, na escuta ativa.

O compromisso que começou naquela manhã silenciosa segue firme. E agora, com 152 vozes a mais ecoando por Contagem, a cidade nunca mais será a mesma.

Hudson Bonatto é especialista em comunicação digital e em comunicação pública e governamental

Outras notícias