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José Dirceu: PT precisa se reconstruir

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Ex-ministro chefe da Casa Civil fez uma avaliação do PT e da esquerda no Brasil e falou sobre como o partido se planeja para as eleições de 2026 e de 2030.

O GLOBO, 17/06/2025

O ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu disse em entrevista ao Estudio i nesta terça-feira (17) que o PT precisa se reconstruir. Para ele, se não houver força no partido, não adianta ter candidato e que partido precisa se reconstruir.

“Por exemplo, a gente começou a usar esse termo de ‘reconstruir o PT’. Nós temos o Fernando Haddad, que é ministro da Fazenda, tem o Álvaro Costa na Casa Civil, tem o Camilo Santana, tem o Jacques Wagner. Nós temos outros nomes no PT. E surgiram outros para [as eleições de] 2030, para 2026 o Lula é candidatíssimo. Eventualmente, nós temos um ano e meio de governo pra resolver todas essas questões, enfrentar essas questões, procurar avançar essas questões”, afirmou.

Dirceu afirmou que “a base do PT, como organização partidária, se desorganizou” e que “as instâncias deixaram de funcionar muitas vezes”. Mas afirma que a esquerda não perdeu as eleições porque Lula voltou à presidência.

“A esquerda não errou porque, apesar de tudo o que aconteceu conosco entre 2013 e 2019, nós voltamos ao governo em 2022. Nós ganhamos cinco eleições. Agora, a esquerda se debilitou muito, saiu dos territórios, não conseguiu se empoderar nas redes sociais”, explicou.

“Vamos lembrar que nós, de 2013 a 2019, fomos praticamente interditados de fazer política no país. […] A direita foi ocupando território e avançando política e culturalmente. […] A eleição de 2022 não foi uma vitória da esquerda. Foi uma vitória do anti-bolsonarismo.”

“Não, o PT, a base do PT não perdeu porque o PT deu resultado eleitoral, temos direitos da sociedade, e o PT se elegeu. O PT, como partido, organização partidária, se desorganizou, perdeu as instâncias, deixaram de funcionar muitas vezes, não conseguimos avançar na comunicação das regiões”, disse.

“O discurso, muitas vezes, é de um Brasil que não existe mais”.

Para o ex-ministro, a direita foi acumulando forças desde 2014, e a esquerda teve que se defender. “Teve impeachment da Dilma, movimento Lula Livre, pandemia. Lula volta em 2022. Não foi uma vitória da esquerda, foi uma vitória do anti-bolsonarismo.”

Possibilidade de Lula x Tarcísio

Dirceu fez uma análise de um possível segundo turno das eleições presidenciais de 2026 em que Lula pode vir a enfrentar o governador de SP, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e afirmou que ele “não é imvencível”.

“Tudo indica que os partidos de direita vão buscar um candidato único, se o Bolsonaro permitir, que seria o Tarcísio de Freitas. Mas o Tarcísio não é invencível, sim, porque essa aliança compromete muito a direita, com a agenda do Flávio Bolsonaro: indulto, anistia, uso da força, tumpismo bolsonarista…”

Durante a entrevista, Dirceu voltou a criticar o que chamou de projeto autoritário da extrema direita:

“O projeto deles é autoritário. Flávio Bolsonaro deixou claro: ou tem indulto, ou tem anistia, ou caçamos ministros do Supremo, ou usamos a força.”

Para ele, a eleição de 2026 será decisiva para definir o rumo do país — se o Brasil seguirá num caminho “social-democrata” ou se avançará para um “modelo argentino de choque”.

Haddad para o governo de SP em 2026

O ex-ministro José Dirceu afirmou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve estar preparado para disputar o governo de São Paulo nas eleições de 2026.

“Eu já disse ao Fernando Haddad que ele se prepare, porque conforme a evolução dos acontecimentos ele pode ter a missão de disputar a eleição em São Paulo”, declarou Dirceu.

Segundo o ex-ministro, a articulação dependerá da movimentação da direita e da definição da candidatura de Tarcísio de Freitas, possível nome de unificação do campo bolsonarista. Dirceu também sugeriu que o vice-presidente Geraldo Alckmin poderia ser candidato ao governo estadual.

Sem conversar com Lula

Antes o braço direito do petista, Dirceu disse que há meses não conversa com Lula, mas que não precisa conversar com o presidente para saber o que pensa porque “se expressa semanalmente em artigos e entrevistas”.

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