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Marco Antônio: A importância da extensão do metrô em Contagem para o vetor oeste da RMBH

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Iniciamos este artigo retomando o tema dos desafios da mobilidade urbana como uma das maiores preocupações em todas as cidades, sobretudo aquelas que estão inseridas no contexto de uma região metropolitana, como é o caso de Contagem, inserida que está na Região Metropolitana de Belo Horizonte–RMBH.

Contagem possui uma população de cerca de 650.000 habitantes, segundo estimativa do IBGE para o ano de 2025, sendo a 3ª maior população dentre todas as cidades de Minas Gerais. Para além do expressivo adensamento populacional, a cidade detém a 35ª maior frota de veículos do Brasil, com 378.882 veículos registrados, segundo dados da Secretaria Nacional de Trânsito – SENATRAN em agosto/2025. Deste total geral, praticamente 95% é composto por automóveis, motocicletas, caminhões e ônibus, com a seguinte distribuição:

• 263.857 automóveis (69,6% do total);

• 70.178 motocicletas (18,5% do total);

• 20.288 caminhões (5,35% do total); e

• 5.120 ônibus (1,35% do total).

Vale lembrar ainda que Contagem é “cortada” por duas das mais importantes rodovias federais do país: a BR-381, rodovia Fernão Dias, que liga São Paulo a Belo Horizonte; e a BR-040, que liga o Rio de Janeiro a Brasília. Além destas, também é impactada pela passagem da VULO – Via Urbana Leste Oeste (“Via Expressa”) que liga Belo Horizonte a Betim. Somente estas três vias recebem diariamente um fluxo de cerca de 250.000 veículos, com grande presença de veículos pesados (carretas e caminhões).

Uma parcela significativa da população de Contagem, como de todos os demais municípios que integram a RMBH, realiza muitos deslocamentos para a Capital, Belo Horizonte, e também recebe muitas pessoas que moram na Capital, mas que trabalham ou estudam em Contagem. Esses deslocamentos ocorrem de diversas formas, mas sobretudo por automóveis, motocicletas, pelos ônibus do transporte coletivo e pelo metrô, que desde o início da sua operação tem uma das suas estações em Contagem, no caso a Estação Eldorado, situada praticamente na divisa entre os municípios de Contagem e Belo Horizonte.

As informações e dados acima apresentados servem de embasamento para a abordagem que estamos propondo, mas acima de tudo já demonstram que o porte do município de Contagem e a sua inserção estratégica no contexto da RMBH, pressupõe a necessidade de que o transporte público coletivo de passageiros seja melhorado, diversificado e qualificado para atender de maneira mais digna e acessível a população.

Neste contexto, voltemos ao título deste artigo, qual seja “A importância da extensão do metrô em Contagem para o vetor oeste da RMBH”

Vale lembrar que o trem metropolitano de Belo Horizonte, o “metrô”, iniciou sua operação há 39 anos, em agosto/1986, e embora tenha surgido com uma única estação fora de Belo Horizonte, justamente a Estação Eldorado, em Contagem, sempre teve um foco muito maior no atendimento à população da Capital e não se expandiu para outros municípios da RMBH. O trecho inicial do metrô, lá em 1986, tinha apenas 12,5km de extensão, ligando a Estação Eldorado à Estação Lagoinha. Com o passar dos anos esta linha 1 foi sendo expandida até chegar à Estação Vilarinho, na região de Venda Nova, em Belo Horizonte. E assim permanece até hoje, com a linha 1 operando entre a Estação Eldorado, em Contagem, e a Estação Vilarinho, em Belo Horizonte.

 A partir de 2023, com a concessão do metrô de Belo Horizonte para a iniciativa privada, a gestão e operação que ficavam a cargo do governo federal, através da CBTU – Companhia Brasileira de Trens Urbanos, passou a ser feita pela Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (SEINFRA) e pela empresa METRÔ BH, vencedora do processo licitatório realizado em 2022.

A METRÔ BH tem basicamente três grandes obrigações na atual concessão, a saber:

• modernizar a linha 1 no trecho atual, entre a Estação Eldorado e a Estação Vilarinho;

• implantar a linha 2, entre as regiões do Barreiro e Calafate, em Belo Horizonte; e

• expandir a linha 1 em Contagem, construindo e operando mais uma estação, que será a Estação Novo Eldorado, situada a cerca de 1,8km da Estação Eldorado.

A Estação Novo Eldorado está em fase adiantada de obras, com previsão de início de operação no 1º trimestre de 2026, e com certeza será importante para o sistema de transporte coletivo de passageiros de Contagem e da RMBH; contudo não significará um avanço tão efetivo como o desejado para atrair novas demandas de usuários e com isso melhorar a conexão entre Contagem e Belo Horizonte.

Façamos uma pequena pausa em nossa abordagem para refletir sobre a expansão do metrô de Belo Horizonte!
Voltemos alguns dias no tempo e vamos lembrar da data do dia 29 de agosto de 2025, quando o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, esteve em Contagem e anunciou, em um grande evento, diversas obras e benefícios para a cidade de Contagem e outras cidades de Minas Gerais, dentre elas a expansão da linha 1 do metrô, com mais duas estações em Contagem: as estações Parque São João e Beatriz, cujos investimentos são da ordem de 1 bilhão de reais.

Portanto, com este anúncio da extensão da linha 1 do metrô, o município de Contagem contará com três novas estações:

• a Estação Novo Eldorado, já em construção e com início de operação previsto para o 1º trimestre/2026;

• a Estação Parque São João, que estará localizada próximo à interseção da Av. Doutor Guilhermino de Oliveira com a Av. Potiguara (região onde hoje funciona a empresa Tora Logística); e

• a Estação Beatriz, junto à interseção da Av. João César de Oliveira com a Via Expressa, bem próxima ao Terminal Sede do SIM – Sistema Integrado de Mobilidade de Contagem.

As duas últimas estações – Parque São João e Beatriz – serão objeto agora dos detalhamentos do projeto executivo de engenharia para sua efetiva implantação, sendo que os recursos já estão assegurados conforme anúncio feito pelo Presidente Lula.

Fato é que o metrô de Belo Horizonte, com a expansão em Contagem destas três novas estações, significará um marco para a cidade e para a mobilidade na Região Metropolitana de Belo Horizonte, pois vai propiciar que uma maior quantidade de pessoas possa utilizar o sistema de transporte coletivo de passageiros, sobretudo os que trabalham ou moram no vetor oeste da RMBH

No caso de Contagem, a expansão do metrô vai potencializar e será potencializada pela sinergia com o SIM – Sistema Integrado de Mobilidade, em fase avançada de implantação e com início de operação previsto para o segundo semestre de 2026. A expectativa é de que parcela expressiva da população faça a opção pelo transporte público coletivo de passageiros, usando os ônibus e ou o metrô, e, consequentemente, assim espera-se, deixe de utilizar o transporte individual motorizado (carros e motos) pelo menos nos seus deslocamentos rotineiros nos dias úteis da semana.

A extensão da linha 1 do metrô em Contagem trará diversos benefícios para além das questões intrínsecas da melhoria da mobilidade urbana, dentre os quais destacamos a melhoria das condições ambientais, com a redução da emissão de gases de efeito estufa pelos veículos automotores que provavelmente deixarão de circular nos dias úteis, e a redução dos tempos de deslocamentos para as atividades diárias (trabalho, escola, saúde, etc.) gerando um ganho de tempo extra para que as pessoas utilizem de outras formas, melhorando a qualidade de vida.

Importante destacar ainda que com a extensão da linha 1 até o Beatriz (junto à interseção da Av. João César de Oliveira com a Via Expressa, bem próxima ao Terminal Sede do SIM – Sistema Integrado de Mobilidade de Contagem), cria-se a possibilidade de que nesta região forme-se, na prática, um grande ponto de integração da mobilidade na RMBH, na medida que teremos:

• dois corredores de ônibus do sistema SIM passando no local (o corredor Norte-Sul do SIM, operando na modalidade BRT; e o corredor Leste-Oeste) e o Terminal Sede deste sistema, com expectativa de movimentar cerca de 43.000 passageiros por dia;

• a Estação Beatriz do metrô, configurando a ponta da extensão da linha 1 em Contagem; e

• um entroncamento viário, configurado na interseção dos corredores de tráfego da Av. João César de Oliveira e da Via Expressa, por onde hoje circulam diariamente cerca de 100.000 veículos.

Acrescente-se que nesta região e seu entorno imediato, considerando os novos empreendimentos comerciais e residenciais em construção, estima-se que haverá nos próximos anos uma população adicional de cerca de 40.000 pessoas, todos potenciais usuários dos sistemas de transporte público coletivo de passageiros, seja dos ônibus ou do metrô.

É importante ainda mencionar que a expansão da linha 1 do metrô em Contagem, chegando à região do Beatriz (junto à interseção da Av. João César de Oliveira com a Via Expressa), cria as condições efetivas para que haja esforços e mobilização para que se viabilize, em um momento posterior, a implantação da linha 4 do sistema metroviário, ligando a região do Beatriz, em Contagem, com a cidade de Betim. Já existe alguns estudos e até projeto básico para essa linha 4, cuja implantação ainda não foi viabilizada, o que acreditamos fica facilitada com a expansão da linha 1.

Concluindo a nossa reflexão ao longo deste artigo, é imperativo enfatizar uma vez mais que a expansão da linha 1 do metrô em Contagem é um marco histórico para a mobilidade urbana da cidade e de toda a RMBH. Não foi uma luta fácil, mas valeu a pena!

Uma vitória da persistência, da luta e do esforço técnico, legal e institucional de muitas pessoas e instituições, mas cabe-nos destacar o empenho e dedicação da Prefeitura de Contagem, sobretudo da Prefeita Marília Campos, que vem pautando a necessidade de melhoria e expansão do transporte de passageiros sobre trilhos há muitos anos aqui para a RMBH, sendo que nesta obtenção dos recursos para o prolongamento da linha 1 do metrô até a região do Beatriz teve papel fundamental nas articulações junto ao Governo do Estado e ao Governo Federal.

Finalizo minha reflexão mencionando o grande escritor e poeta português Fernando Pessoa: “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”!

O sonho da expansão do metrô em Contagem é realidade próxima da concretização. Valeu a pena sonhar! Valeu a pena lutar! Sigamos em frente na luta permanente por uma mobilidade urbana mais sustentável, segura e inclusiva, para todos os que vivem aqui na RMBH.

Marco Antônio Silveira é Engenheiro Civil e especialista em engenharia de tráfego e transportes

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