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O Tempo: Marília rejeita governo de MG – “Não está no meu horizonte”

Entrevista concedida em 05/10/2023

Com 51,9% das intenções de voto, segundo pesquisa DATATEMPO, a prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), disse acreditar que o desempenho reflete o trabalho que vem sendo feito à frente do Executivo. Em entrevista ao Café com Política, da FM O TEMPO 91,7, ela, entretanto, afirmou não pensar em usar a popularidade para se candidatar ao Palácio Tiradentes: “Não penso nisso”.

Prefeita, a pesquisa DATATEMPO traz indicadores positivos para a sua gestão, tanto do ponto de vista da sua aprovação quanto de um prognóstico para 2024, caso a senhora decida concorrer à reeleição. Qual sua avaliação?

Ela traz um reconhecimento da população de Contagem, especialmente porque nós temos uma cidade que está diferente, uma cidade que tem geração de emprego destacada no cenário estadual e nacional. Nós, nos últimos dois anos, geramos 22,5 mil empregos de carteira assinada, estamos com investimento público de R$ 1,5 bilhão, investimentos privados que mostram que o empresariado aposta c acredita no desenvolvimento da cidade. As empresas de Contagem duplicaram o investimento, a atividade econômica, e tudo isso traz uma sensação de desenvolvimento, de progresso e de construção de uma cidade mais justa. Esse reconhecimento da população, da aprovação do nosso governo, é sinal de que a gente vive um bom tempo cm Contagem, e vai ficar melhor.

Como atacar as deficiências apontadas pela população em saúde, educação e transporte?

(Para) toda política pública é necessário recurso. Vamos pegar a saúde, que c muito citada e que c uma prioridade do nosso governo. Nós encontramos a saúde com, na época, Orçamento de R$ 600 milhões. Agora, em 2024, vai para R$ 1 bilhão. Isso significa que nós estamos priorizando, com recursos públicos, a melhoria da saúde. Nós desprivatizamos a saúde, assumimos a gestão, estamos com um amplo investimento na atenção básica, e isso significa não só melhoria predial, mas a dos serviços que são prestados. É um processo de construção que, é claro, depende do município, mas também do recurso do Estado e do recurso da União. Mas, da nossa parte, nós estamos fazendo.

A pesquisa revela que o eleitorado de Contagem se identifica mais com a direita, mas a senhora tem uma aprovação maior do que o governador Romeu Zema e o presidente Lula. Esse dado preocupa?

Não, porque eu governo para todos; passou o processo eleitoral, fecha as umas, você governa para toda a cidade. Você pensa bem: nós estaremos, agora, com a terceira etapa do programa Asfalto Novo, na região do Ressaca, que é uma região frágil politicamente, e nós estaremos investindo em 46 ruas somente nessa região, assim como na do Nacional. Agente faz o que precisa fazer onde é mais necessário fazer, independentemente do resultado eleitoral e dessa preferência (entre) direita e esquerda. Governa para todos, governa com todos, governa para toda a cidade, essa é a minha diretriz.

A eleição em Contagem vai ter o componente ideológico tão acirrado quanto foi na eleição presidencial de 2022 ou isso nas discussões do município se dilui?

Eu acho que está cedo ainda para falar em processo eleitoral, eu estou muito focada em governar. A população para pra fazer um balanço. A Marília representou o que para a cidade? A Marília representou mais progresso? Investimento na saúde? Investimento na educação? Investimento no bem-estar? É isso que as pessoas querem saber, quem gosta da cidade, quem convive na cidade, quem investe na cidade? Acho que é isso que está em jogo.

O governador Romeu Zema está sendo cobrado, inclusive pela Assembleia, para cumprir o compromisso de aprovação do Regime de Recuperação Fiscal mesmo com essa remodelagem feita pelo presidente Lula. Qual a avaliação da senhora?

Eu estou muito preocupada com a situação de Minas Gerais. Nós temos uma moratória judicial, uma dívida com o governo federal de quase R$ 170 bilhões. Só de juros nós temos que pagar anualmente em tomo de R$ 11 bilhões. E, por força de uma liminar do Supremo Tribunal Federal, o governo não tem pagado esses juros. Isso fez com que o governo fizesse um caixa em torno de R$ 36 bilhões, o que permitiu que ele ficasse em dia com os municípios na área da saúde, da educação, em dia com a folha de pagamento dos servidores públicos. Pois bem, o Supremo Tribunal Federal deu um tempo para o governo do Estado. A partir de dezembro, qual é o risco? De o governo estadual ter novamente que pagar os juros integrais da dívida. Isso vai fazer o quê? Além das consequências e dor de cabeça para o governo do Estado, eu estou preocupada, enquanto município: qual é o atraso que eu vou ter do repasse da educação? Do repasse da saúde? Do repasse de ICMS? Porque, se isso começar a acontecer, os municípios, que já estão sobrecarregados com as despesas e com a diminuição de receita, podem ter mais problemas em 2024. O meu chamado aos nossos deputados e deputadas, ao governador, é que se negocie com o governo federal. Até porque o governo federal estabeleceu uma nova diretriz para o Regime de Recuperação Fiscal, que precisa ser regularizado, qual seja, negociar a taxa de juros, mas sem condicionar a uma política de privatização e de congelamento de salários dos servidores. E, mais do que isso, eu acho que Minas merece o perdão dessa dívida, e que, se a gente fizer um grande movimento político mineiro junto ao governo federal, pedindo o perdão da dívida -até porque Minas já deu uma contribuição muito grande com a Lei Kandir -, certamente o governo federal terá uma escuta muito maior para Minas Gerais. Meu chamado é (para) a gente se mobilizar para lutar pelos interesses de Minas e, portanto, dos municípios.

Há quem diga nos bastidores que essa movimentação é porque a senhora teria interesse em disputar o governo.

Eu não penso nisso. O que eu penso, quando eu levanto essa preocupação, é com a realidade dos municípios. Isso não está no meu horizonte.

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