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Hamilton Rei: Trocas partidárias e as chapas para disputa das eleições deste ano

A infidelidade consentida, oficialmente conhecida como janela partidária, teve seu prazo encerrado em 5 de abril. As mudanças ocorridas, na prática, apenas consolidaram relações existentes, algumas de longa data. Quem já tinha se mudado de mala e cuia para uma nova legenda, teve 30 dias para oficializar o relacionamento. Onze parlamentares aproveitaram a chance. Daniel Carvalho, eleito pelo PL em 2020, já tinha ido para o PSD no decorrer do mandato.

Dos 21 vereadores com assento na Casa, apenas nove permaneceram nos partidos pelos quais disputaram o pleito anterior: Silvinha Dudu e Bruno Barreiro, ambos do PV, Daisy Silva do Republicanos, Glória da Aposentadoria, do PSDB, Hugo Vilaça e José Carlos, os dois do Avante, e os petistas Moara Saboia e Zé Antônio do Hospital. O veterano Teteco, que comanda o MDB, milita no partido há décadas e dos atuais legisladores é o único que não disputa vaga este ano, tendo lançado a filha, Carol, como sua sucessora. Ela terá como companheira de chapa o ex-vereador Jair do Tropical. Silvinha, Bruno, Moara e Zé Antônio estão na Federação Brasil da Esperança, que reúne PT, PV e PcdoB.

Na base da prefeita Marília Campos, formada por 17 vereadores, a movimentação foi intensa. O presidente da Câmara Municipal, Alex Chiodi assume o União Brasil, dirigido por Jorge Periquito no município. Além de ter formado uma chapa forte, Chiodi se movimentou para ajudar colegas a reunir nomes para suas composições. Ele estaria interessado em disputar a presidência na próxima legislatura. O propósito, no entanto, é controverso e deve esbarrar na legislação, que pode impedi-lo de disputar a própria sucessão.

Arnaldo Oliveira, que detém o recorde de mandatos, vai disputar pela décima primeira vez. Depois de anos instalado no PTB, que foi extinto na fusão com o Patriotas, ele encontrou abrigo no Solidariedade, o mesmo do deputado federal Welinton Prado. Parece ser o início de uma longa parceria. O ex-vereador Alexandre Xexeu faz parte da formação encabeçada por Arnaldo.

Na última semana da janela, o PSB tornou-se opção para Daniel do Irineu (ex-PP) e Ronaldo Babão (ex-Cidadania), que terão como colega de agremiação o ex-prefeito Carlin Moura. Daniel teve dificuldades para permanecer no Podemos e decidiu migrar para o ninho pessedista. Já Babão, depois de muitas conversas e indefinições, encontrou um partido da base para chamar de seu.

Denilson da Juc, do Mobiliza, eleito pelo PSL, ganhou um reforço importante na reta final: a ex-vereadora Isabella Filaretti. Edgard Guedes, deixou o PDT, presidido pelo ex-vereador Ivayr Soalheiro e foi para o Republicanos. Movimento inverso foi feito por Léo da Academia, que deixou o PL e se tornou pedetista.

Gegê Marreco, eleito pelo PTB, que durante meses esteve junto com o pai, ex-vereador Marreco, próximo do Democracia Cristã, acabou indo para a Rede, que compõem a Federação PSOL / Rede, onde sobressaem a candidatura da professora Vanderléa Reis (PSOL) e a presença dos ex-vereadores José de Souza e Rodinei Ferreira, no Rede.

Vinícius Faria, que era do Republicanos, comanda o PP. Ele é irmão do atual vice-prefeito Ricardo Faria, eleito pelo MDB, e que agora pertence aos quadros do PSD, presidido por Daniel Carvalho.

No caso do vice-prefeito, a troca de partido não tem relação com a janela partidário. O Supremo Tribunal Federal (STF) já decidiu que não se aplica aos cargos do sistema majoritário de eleição (prefeito, governador, senador e presidente da República) a regra de perda do mandato em favor do partido, por infidelidade partidária, referente aos cargos do sistema proporcional (vereadores, deputados estaduais, distritais e federais).

Como o MDB reivindica a vaga em uma futura composição com Marília Campos (PT), Ricardo se antecipou e buscou um novo espaço, no qual possa manter a possibilidade de ser candidato à reeleição junto com a petista.

A oposição teve muitas dificuldades para assumir partidos e atrair candidaturas competitivas. Abne Motta, filho do ex-deputado Léo Motta, juntou-se ao Pastor Itamar e foi para o PRD, que deve lançar para a prefeitura Felipe Saliba, candidato derrotado em 2020. José Carlos Gomes e Hugo Vilaça permaneceram no Avante, que anunciou a filiação da ex-petista Monique Pacheco e não deve lançar nome para a disputa majoritária.

O PL saiu enfraquecido com as alterações na Câmara. Tinha dois vereadores, Léo da Academia e Daniel Carvalho. E ficou sem representação parlamentar na cidade. A sigla tem como pré-candidato a prefeito o deputado federal Cabo Junio Amaral, até aqui ilustre desconhecido para a maioria da população, conforme apontam pesquisas de opinião pública.

No sábado, dia 6 de abril, seis meses antes das eleições, encerrou-se também o prazo para troca de partidos ou filiação para quem não tem cargo eletivo. Prováveis candidatos e candidatas, que costumavam ter seus nomes relacionados em até três chapas diferentes, tiveram que definir o seu rumo.

Vencida essa etapa, uma das tarefas dos dirigentes partidários é conseguir manter acesa a chama que alimenta o desejo dos escolhidos, para que não esmoreçam do objetivo de conquistar uma das 25 cadeiras em disputa na Câmara Municipal.

Partidos e federações poderão realizar, entre 20 de julho e 5 de agosto, convenções partidárias para deliberar sobre coligações e escolher seus candidatas e candidatos aos cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador. Após a definição das candidaturas, têm até 15 de agosto para registrar os nomes na Justiça Eleitoral. Até lá, é bom se preparar para muitas emoções.

Hamilton Reis é jornalista e advogado

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